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O Protagonismo do Cooperativismo em tempos de crise

ano novo

Nessa segunda feira, 08 de junho, o sistema OCEMG que é formado pela junção do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais , órgão de representação política , sindical -patronal e de defesa do cooperativismo no Estado; e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo de Minas Gerais (Sescoop-MG), responsável pelas atividades de formação profissional, monitoramento e promoção social das diversas cooperativas de Minas lança o anuário do  Cooperativismo Mineiro 2019 que também poderá ser acessado pelo site e pelos canais digitais da OCEMG.

É impressionante o crescimento do cooperativismo no Estado, com destaque para os últimos 05 anos , período em que o País viveu a maior recessão econômica da história em 2015 e 2016 , com o PIB, Produto Interno Bruto , que mede a produção de bens e serviços da economia, das riquezas produzidas, apresentando uma retração de 3,8% e 3,6%, respectivamente, o que mostra o protagonismo do cooperativismo nas crises e com certeza os números de 2020 que serão conhecidos em 2021 confirmarão este protagonismo na maior crise da história da humanidade… Quem viver verá.

Em 2019, a movimentação econômica do cooperativismo mineiro cresceu 13,3% em relação a 2018 e chegou a R$60,8 bilhões, 9,6% do PIB do Estado. Nos últimos 05 anos o crescimento foi de 60% e o valor dos tributos pagos pelas cooperativas no ano passado ultrapassou R$ 1,7 bilhão. Os ativos totais cresceram 18,1% em relação a 2018, e,73,3% nos últimos 05 anos, e o patrimônio líquido cresceu 14,3% e 68,8% na mesma comparação.

O capital social que é o aporte financeiro feito pelos cooperados nas suas respectivas cooperativas cresceu 10,9% em 2019 se comparado com o ano anterior e 36,3% nos últimos 05 anos. Já as sobras, o grande diferencial cooperativo, que é a parcela dos ganhos distribuída aos cooperados ao final de cada exercício e que é proporcional ao relacionamento do cooperado com sua cooperativa, cresceram 84,2% de 2018 para 2019 e 55% nos últimos 05 anos.

Minas Gerais tem 756 cooperativas registradas e 568 responderam à pesquisa que resultou nos números deste panorama do cooperativismo mineiro.

Agora, eu vou contar uma história, em 2004 , entrei em contato com o cooperativismo dando treinamento para que gerentes de cooperativas de crédito pudessem se certificar com o CPA 10(Certificação Profissional Anbima série 10 ) certificação exigida para os profissionais do mercado financeiro que desempenham atividades de comercialização e de produtos de investimento diretamente junto ao público investidor. Tenho que confessar… Foi amor à primeira vista.

Em pleno século XXI, me vi diante da economia compartilhada criada no século XIX, em Rochdale, na Inglaterra, e sugiro a todos que assistam ao filme, Os pioneiros de Rochdale, disponível no Youtube. O cooperativismo não surgiu na Revolução Industrial por acaso e não está crescendo dois dígitos ao ano, no Brasil, por acaso, e, sim porque está se transformando na forma de produção sustentável do século XXI, o século do conhecimento e da economia compartilhada aonde o maior patrimônio são as pessoas e seu conhecimento.

O cooperativismo é uma rede, uma soma de pessoas que se organizam para a produção de bens e serviços e consequentemente para a melhoria da qualidade de vida de cada cooperado e das comunidades aonde as cooperativas estão instaladas.

Ao final de 2019, cerca de 30% da população mineira estava direta ou indiretamente ligada ao cooperativismo, se considerarmos que cada família de cooperado é composta por 3 pessoas. As cooperativas mineiras contavam 1,92 milhão de cooperados , um crescimento de 10,4% em relação ao ano de 2018 , e geraram 45,6 mil empregos formais, um crescimento de 5% em relação a 2018, e atuavam nos ramos de crédito, agropecuário ,saúde ,transporte ,consumo, trabalho, produção de bens e serviços ,e, infraestrutura.

Além dos empregos formais, as cooperativas mineiras empregaram 7.615 trabalhadores informais gerando um total de 53.207 empregos diretos e indiretos. O salário médio de R$2.495,08, pago pelas cooperativas em Minas é 37% superior ao salário médio dos empregados do setor privado do Estado que no ano passado foi de R$1.822,00 segundo dados do IBGE.

A crise do Covid-19 mostrou e está mostrando a importância do setor agropecuário para o País e para o mundo. O Brasil hoje é o celeiro do mundo e ainda um grande exportador de proteína animal e café. Ao final de 2019, em Minas, tínhamos 01 Federação, 05 centrais e 184 cooperativas singulares no ramo agropecuário com quase 182 mil cooperados produzindo café, leite, algodão, alho, própolis, soja, trigo, mel, aves, milho, como vocês podem ver nas tabelas abaixo.

A produção das cooperativas agropecuárias, no ano passado, representou 10,2% do PIB do agronegócio do Estado. As cooperativas do agronegócio empregam quase 700 profissionais que prestam assistência técnica aos seus cooperados. Você sabia que o estado de Minas Gerais é o maior produtor de café do País, produzindo metade do café do Brasil, e que quase 70% de todo o café produzido em Minas foi produzido por uma cooperativa? Resumo da ópera:  35% da produção nacional de café passa pelas cooperativas mineiras.

Minas Gerais tem também papel relevante na produção de leite do País, respondendo por 26% de toda a produção leiteira sendo que as cooperativas são responsáveis por 20% deste total. As cooperativas do agronegócio vêm crescendo também na exportação de produtos e o volume exportado, em 2019, atingiu R$3,3 bilhões com 18 cooperativas mineiras exportando para 52 países.

No ramo Saúde, 124 cooperativas contam com 43,8 mil cooperados e empregam 13,5 mil funcionários. Voltadas à promoção da saúde as cooperativas deste ramo incluem profissionais que atuam em atendimento médico, hospitalar, odontológico, de anestesiologistas, pediatras, enfermeiros, fisioterapeutas, radiologistas dentre outros.

As cooperativas de saúde movimentaram R$10,9 bilhões e foram responsáveis por cerca de 18% de toda a movimentação econômica do cooperativismo mineiro.

No ramo de transporte, as cooperativas surgiram para organizar e valorizar os pequenos e médios transportadores de cargas, transporte individual e coletivo de passageiros, e, em 2019, contava com 19,1 mil cooperados em 154 cooperativas que geraram 1,7 mil empregos formais e apresentaram uma movimentação econômica de R$1,3 bilhão.

Em 2019, o cooperativismo de crédito foi o ramo que apresentou o maior número de cooperados e a maior movimentação econômica dentre os ramos do cooperativismo mineiro .As 184 cooperativas de crédito mineiras reuniram 1,5 milhão de cooperados e empregaram12,4 mil colaboradores e tiveram uma movimentação de R$25 bilhões, e, foram responsáveis por 40,2% de toda a movimentação do cooperativismo mineiro em 2019.

As cooperativas de crédito exercem papel importante na própria agenda do Banco Central para a diminuição do spread bancário ( diferença entre o preço do dinheiro quando você  aplica e o preço do dinheiro quando você precisa comprar crédito ) na bancarização e na interiorização de produtos e serviços financeiros de qualidade.

As cooperativas mineiras de crédito, ao final de 2019 tinham 1.165 pontos de atendimento e estavam presentes em 68% dos 577 municípios mineiros.

Nos últimos 05 anos o cooperativismo de crédito mineiro apresentou um crescimento de quase 90% nas operações de crédito e de 23,3% nas operações de crédito rural. No mesmo período, a captação de recursos mais do que dobrou.

Comece a prestar atenção no  café que você toma , no leite que você bebe, no transporte que você usa , em quem cuida da sua saúde e em quem dá mais valor para o seu dinheiro na hora de aplicar ou quem te dá o crédito da forma que você precisa , na hora do seu maior aperto… Observe e comece a descobrir quantas cooperativas fazem parte do seu dia a dia. Se você quiser entender e saber mais sobre o cooperativismo acesse o site a OCEMG, sistemaocemg.coop.br, ou acesse a OCEMG através das redes sociais e confira no canal do YOUTUBE a série de webnares ONCOOP.

Rita Mundim é economista, mestre em Administração e especialista em Mercado de Capitais e em Ciências Contábeis

O conteúdo expresso neste espaço é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato.

 

 

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