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Rita Mundim: Olha o V aí, gente…

Foward Guidance

O IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, divulgou na quinta-feira (3) os números do desempenho da atividade econômica do Brasil no terceiro trimestre do ano, o PIB, Produto Interno Bruto que representa a soma dos bens e serviços produzidos pela economia no período. Em relação ao segundo trimestre do ano, a economia cresceu 7,7%, um pouco abaixo do piso das expectativas médias que variavam entre 8% a 10%.

Apesar de ter ficado um pouco abaixo das projeções o número merece ser comemorado e na comparação com igual período do ano passado o recuo é de 3,9% e isso indica que a retração da economia brasileira em todo o ano de 2020 pode ficar muito mais próxima de -4% do que de -5%, esse número mostra ainda o acerto das medidas tomadas pelo ministério da economia e pelo Banco Central na proteção de pessoas, empregos e empresas. No quesito recuperação econômica, o Brasil é o país de melhor desempenho na América Latina e está entre os 25 países com melhor desempenho da atividade econômica no terceiro trimestre.

Você, leitor e leitora do DeFato Online não se surpreenderam já que eu venho falando e repetindo aqui desde junho que a economia brasileira estava e está se recuperando em V e que, alguns setores, em J, ou seja, o nível de atividade econômica na média está igual (V) ou acima (J) do que estavam em fevereiro de 2020, antes do início da pandemia.

O quadro abaixo mostra o desempenho do PIB por setor e compara os números do terceiro trimestre em relação ao trimestre anterior, ao mesmo trimestre do ano passado e no acumulado em quatro trimestres.

Quando olhamos o desempenho da economia sob a ótica da oferta (de quem produz) vale destacar o crescimento da indústria e do setor de serviços e ressaltar que o setor agropecuário que apresentou um recuo de 0,5% em relação ao trimestre passado tem suas particularidades sazonais (safra e entressafra) e, ao contrário dos outros setores, cresceu em plena pandemia.

Em relação a 2019, a Agropecuária cresceu 0,4%. Este resultado explica-se, principalmente, pelo crescimento da produção e ganho de produtividade da atividade Agricultura, que suplantou o fraco desempenho da Pecuária e da Pesca. Destaca-se o crescimento nas estimativas anuais de produção do café (21,6%), cana de açúcar (3,5%), algodão (2,5%) e milho (0,3%).

O PIB da indústria no terceiro trimestre foi turbinado pelo crescimento de 23,7% das Indústrias de transformação. Também houve aumento para Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (8,5%), Construção (5,6%) e Indústrias extrativas (2,5%).

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais

Em valores correntes, o PIB do terceiro trimestre de 2020 totalizou R$ 1,891 trilhão, sendo R$ 1,627 trilhão em Valor Adicionado (VA) a preços básicos e R$ 264,1 bilhões em Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios.

A taxa de investimento no terceiro trimestre de 2020 foi de 16,2% do PIB, ficando praticamente estável em relação a observada no mesmo período de 2019 (16,3%).

No acumulado do ano até o terceiro trimestre de 2020, o PIB caiu 5,0% em relação a igual período de 2019. Nesta comparação, a Agropecuária cresceu 2,4%, enquanto a Indústria (-5,1%) e os Serviços (-5,3%) registraram queda.

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais

PIB cresce 7,7% em relação ao trimestre imediatamente anterior

No terceiro trimestre de 2020, o PIB cresceu 7,7% frente ao trimestre anterior, na série com ajuste sazonal. A Agropecuária caiu 0,5%, a Indústria cresceu 14,8% e os Serviços subiram 6,3%.

Nos Serviços, todos os setores cresceram: Comércio (15,9%), Transporte, armazenagem e correio (12,5%), Outras atividades de serviços (7,8%), Informação e comunicação (3,1%), Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (2,5%), Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,5%) e Atividades imobiliárias (1,1%).

Pela ótica do consumo podemos dizer que são dois os destaques: o crescimento de 11% na Formação Bruta de Capital Fixo, que nada mais é do que o investimento das empresas em máquinas e equipamentos para a produção de mais bens e serviços (o que mostra a disposição do empresariado em investir e crescer) e o aumento de 7,6% no Consumo das Famílias que foi turbinado pelo pagamento do auxílio emergencial.

Após a divulgação dos números do PIB o Ministério da Economia, em nota técnica, avaliou que a forte recuperação da atividade, do emprego formal e do crédito, aliada ao aumento da taxa de poupança, pavimenta o caminho para que a economia brasileira continue avançando no primeiro semestre de 2021 sem a necessidade de auxílios governamentais e que o crescimento da atividade brasileira se manterá em taxas superiores as observadas nos últimos anos somente com a retomada da agenda de reformas estruturais e da consolidação fiscal.

Resumo da ópera: fizemos o dever de casa da crise, com louvor, mas existe uma conta a ser paga, e, um crescimento a ser mantido que depende da votação das reformas como endosso da responsabilidade fiscal.

Abaixo os gráficos mostrando a evolução da arrecadação da Receita Federal e o crescimento do PIB.

 

Fonte: Receita Federal
Fonte: Receita Federal

 

Estamos com a faca e o queijo na mão para entrarmos finalmente no J do crescimento sustentável deixando para trás a crise da pandemia e décadas de atraso e de retração econômica ou de crescimento medíocre patrocinado pela má gestão das contas públicas e pelo excesso de participação do Estado na economia, no tempo do País do rentismo.

O mundo está entrando em um novo normal e temos plenas condições de construirmos um novo Brasil já que nossa realidade nunca foi tão nova!!! Estamos com as menores taxas de juros da história e com um governo empenhado na diminuição da participação do Estado na economia, na busca da responsabilidade fiscal e na iminência da votação das reformas administrativa e fiscal, da PEC emergencial e do Pacto Federativo dentre outras medidas, capazes de adequarem o País ao ambiente econômico do século XXI.

Rita Mundim é economista, mestre em Administração e especialista em Mercado de Capitais e em Ciências Contábeis

O conteúdo expresso neste espaço é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato.

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