Por meio de uma live nas redes sociais da Prefeitura nesta quinta-feira (25), o prefeito de Coronel Fabriciano, Dr. Marcos Vinicius (PSDB), anunciou a saída do município da onda roxa, a atual fase mais restritiva do programa estadual Minas Consciente. O episódio é mais uma etapa de uma disputa judicial contra o governo estadual, que será explicada ao final da matéria.
Com isso, a cidade do Vale do Aço volta a seguir seu próprio decreto, de nº 7.510/2021, que permite, por exemplo, o funcionamento do comércio não essencial e a realização de aulas presenciais, pontos que tem levantado polêmica na região.
Na live desta quinta-feira, Marcos Vinicius – acompanhado do procurador jurídico de Coronel Fabriciano, Dener Franco, e do secretário municipal de saúde, Ricardo Cacau, todos sem máscara – fez ataques ao lockdown, chamado por ele de “lockdown tabajara”, e ao isolamento social. Segundo ele, dados científicos apontam que ambas as medidas provocam mais danos do que benefícios à população, sem, no entanto, citar a origem desses dados.
Porém, ao contrário do que diz o político, vários estudos e pesquisas confirmam a eficácia do lockdown. Dois artigos publicados na revista Nature em junho do ano passado já demonstravam isso. Um deles, intitulado “Hsiang et al”, destacou que mais de 140 milhões de infecções haviam sido “evitadas ou adiadas” graças a restrições adotadas na Ásia, Europa e nos Estados Unidos.
Outro, publicado na mesma revista e chamado “Flaxman et al”, estipula que cerca de 3 milhões de vidas haviam sido salvas em 11 países europeus até o dia 4 de maio do ano passado. Além disso, nações que tem apostado, recorrentemente, em lockdowns estratégicos combinados com o avanço da vacinação, tem registrado ótimos resultados.
O Reino Unido, por exemplo, contabilizou entre o último domingo e segunda-feira apenas 17 mortes decorrentes do coronavírus. A Austrália, que também utiliza práticas parecidas, já se dá ao luxo de realizar grandes eventos com público sem máscara, como um show da banda de rock Midnight Oil, no último sábado (20).
Por outro lado, uma das polêmicas medidas impostas em Coronel Fabriciano, a realização de aulas presenciais, já mostrou resultados ruins em outras regiões do país. Segundo o site “Brasil De Fato”, em Curitiba foram registradas três mortes de professores após encontros presenciais realizados com equipe pedagógica e pais, além de uma primeira semana de aula presencial.
O retorno do antigo decreto publicado no dia 12 de março já começa nesta sexta-feira (26). Já as aulas presenciais retomam na próxima segunda (29).
Disputa judicial
No dia 12 de março, a Prefeitura de Coronel Fabriciano havia publicado um novo decreto que definia algumas restrições, no mínimo, curiosas no combate ao coronavírus.
Segundo o decreto 7.510/2021, estaria proibida, pelos próximos 21 dias, a circulação dos “Trenzinhos da Alegria”, assim como bares, restaurantes e similares só poderão atender pessoas sentadas em cadeiras. Por outro lado, a realização de aulas presenciais nas redes pública e privada, continuaria liberada.
Uma semana depois, o juiz Mauro Lucas da Silva, atendendo a um pedido do governo do estado de Minas Gerais, determinou a entrada do município na onda roxa do Minas Consciente, como foi feito com todas as cidades do estado.
Porém, a Prefeitura de Coronel Fabriciano não aceitou a decisão e entrou na justiça. Um despacho do desembargador-relator do TJMG, Belizário de Lacerda, permitiu ao município seguir seu próprio decreto no combate ao coronavírus.