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Presidente do Saae admite não saber a quantidade de água que circula atualmente no Anel Hidráulico

caixa d'água social

A presidente do Saae, Karina Lobo. Foto: Victor Eduardo/DeFato Online

Durante uma entrevista coletiva realizada na última terça-feira (5), na sede do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), a diretora-presidente da autarquia, Karina Lobo, admitiu não saber qual a quantidade de água que circula atualmente no Anel Hidráulico. Quando questionada sobre a atual situação do sistema, Karina afirmou que o Saae não possui acesso imediato à medição dos 100 litros por segundo que devem ser entregues pela Vale.

“A entrega dentro do Anel são 100 litros por segundo, como falei, como responsabilidade da Vale. Quando a Vale entrega qualquer coisa diferente disso, ela está suprindo através de (caminhão) pipa. Hoje o Saae não possui acesso a essa medição de forma imediata, a gente depende que a Vale envie os montantes que estão sendo disponibilizados. Então se você me perguntar quanto tá passando pelo Anel hoje, vou falar: ‘não sei’. Essa informação a gente precisa que a Vale nos informe”, disse a presidente.

Os 100 litros aos quais Karina se refere fazem parte dos 160 litros por segundo previstos em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) e que devem ser entregues pela Vale. Esse quantitativo é distribuído no reservatório do Areão (20 L/s), Rio de Peixe (40 L/s) e o Anel Hidráulico (100 L/s). Em um relatório apresentado à Câmara no dia 20 de setembro, o Saae afirmou que a mineradora só cumpriu essa meta em março e abril deste ano.

O Anel Hidráulico é peça chave do sistema de abastecimento de Itabira. A obra, que compreende seis quilômetros de rede, interliga os sistemas Gatos, Pureza, Três Fontes, Areão e Rio de Peixe. Implantado pela última gestão municipal, o projeto possuía como premissa distribuir a água, igualmente, a toda população.

O que diz a Vale

Procurada pela DeFato, a Vale afirmou disponibilizar, mensalmente, ao Saae os dados referentes à circulação de água pelo Anel Hidráulico. A mineradora ainda acrescentou que oferece um canal de comunicação para a autarquia 24 horas por dia. Leia abaixo, na íntegra, a nota enviada à reportagem.

A Vale esclarece que os dados referentes à circulação de água pelo Anel Hidráulico, em Itabira, são fornecidos, mensalmente, ao Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), bem como são auditados por Consultoria Técnica independente. A Vale ainda disponibiliza canal de comunicação para autarquia, 24 horas por dia. A companhia reforça o seu compromisso com as comunidades de Itabira por meio do diálogo aberto e transparente.

Outros colaboradores da empresa compareceram à coletiva. Foto: Victor Eduardo/DeFato Online

Rio Tanque

Outra ação importante referente ao tema é a captação do Rio Tanque, conduzida pela Vale. A reportagem questionou a presidente do Saae sobre o atual estágio das obras, e se as empresas têm mantido conversas sobre o projeto. De acordo com Karina, a conclusão da iniciativa está prevista para abril de 2026.

“O Rio Tanque é peça fundamental nesse quebra-cabeças da crise hídrica. A gente tá demonstrando claramente que se não tivermos, o mais rápido possível, essa captação, esses 600 litros por segundo, Itabira vai ter que lidar com essa crise que estamos passando. Temos, sim, reuniões semanalmente com alguma equipe do projeto, ou da área jurídica ou da área técnica, além de duas reuniões mensais, onde são passados os avanços do cronograma.”

“(A captação) estava prevista inicialmente para dezembro de 2026, mas a última atualização do cronograma estava para abril de 2026. Nós finalizamos na semana retrasada, com a parte fundiária, um levantamento de todos os proprietários por onde passará a linha, e está em andamento o projeto básico”, acrescentou.

De acordo com informações da Prefeitura, a captação do rio Tanque prevê a disponibilidade de 600 litros de água por segundo para o município.

Falta de caixa d’água

Na mesma terça-feira, Karina Lobo voltou a mencionar a ausência de caixas d’água nas residências itabiranas como fator importante para o desabastecimento de água na cidade. Para ela, isso faz com que ações rotineiras de equipes do Saae sejam muito sentidas pela população.

“Não sei se é do conhecimento de todos, mas Itabira tem diversas residências que não possuem caixa d’água. E o que acontece? Para a atuação resolver qualquer vazamento de água, é preciso fechar o registro. E esse registro não vai impactar apenas a casa de uma pessoa, ele vai impactar umas duas, três ruas. Então, por exemplo, se naquela rua alguém não tiver caixa d’água, no momento que a equipe fechar aquele registro, ela imediatamente percebe. E isso é muito grave”, relatou.

Em relação a isso, a líder do Saae prometeu implantar um projeto de “Caixa d’água social” em Itabira.

“Então estamos estruturando uma campanha, que outros Saae’s já realizam, que iremos chamar de “Caixa d’água Social”, fazendo um levantamento das residências que não possuem reservação [sic]. E nós vamos, em parceria com o proprietário, fornecer caixa d’água, material, tudo para fazer a instalação para que não sintam imediatamente essas ações que são rotineiras”, declarou Karina.

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