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Primeiro transplantado de coração do Hospital Felício Rocho comemora 35 anos de procedimento

Primeiro transplantado de coração do Hospital Felício Rocho comemora 35 anos de procedimento

Equipe de transplante do Hospital Felício Rocho - Foto: Acervo Felício Rocho

Era manhã de segunda-feira, 15 de agosto de 1988, quando o agricultor Geraldo Fernandes de Araújo, na época com 35 anos, e sua família, receberam a notícia que tanto esperavam. A hora dele tinha chegado. A equipe médica cardiovascular Carlos Figueroa, do Hospital Felício Rocho, estava pronta para realizar o seu transplante de coração e lhe dar um novo órgão novinho.

Ele já aguardava pelo procedimento a pouco mais de um mês, quando chegou ao hospital com um quadro de miocardiopatia. A cirurgia durou cerca de três horas e após dois dias, o agricultor já respondia bem ao procedimento.

Hoje, Geraldo Fernandes está com 70 anos e é acompanhado rotineiramente por uma equipe do hospital. Atualmente, ele é o transplantado vivo mais antigo do País. E nada melhor para comemorar esse feito que o mês de setembro, que é o escolhido para uma importante campanha — o “Setembro Verde”.

O mês de setembro é dedicado à conscientização e ao incentivo à doação de órgãos. O objetivo é informar a população sobre a importância da doação de órgãos e tem o dia 27 de setembro como o Dia Nacional da Doação de Órgãos.

Cenário atual

Em 2022, passados 34 anos do primeiro procedimento, o Hospital Felício Rocho alcançou a marca de 230 transplantes de órgãos, contando com uma equipe interdisciplinar de profissionais especializados.

O coordenador da Unidade de Transplantes do Hospital Felício Rocho, Silvério Leonardo explica que para receber um órgão existe uma lista de critérios a serem seguidos. “A seleção não leva em conta somente o tempo de espera para o transplante. O grupo sanguíneo, as características para cada órgão, além de que o peso e a altura do doador também são observados. Portanto, nem sempre o cadastro mais antigo é o que vai ser contemplado primeiro”, ressalta.

Hospital realiza seis cirurgias de transplantes de órgãos simultaneamente

Em abril deste ano, aconteceram no Hospital Felício Rocho seis cirurgias de transplante bem-sucedidas, em um período de 16 horas. Os procedimentos incluíram três transplantes de rim, dois de fígado e um de pâncreas.

Os órgãos são provenientes de três cidades mineiras, sendo elas Varginha, Divinópolis e Contagem. A Unidade de Transplantes do Hospital Felício Rocho teve como aliado o Comando de Aviação do Estado (COMAVE), que efetuou o transporte dos órgãos de Divinópolis para Belo Horizonte, durante a madrugada, com o uso de óculos de visão noturna para auxílio do deslocamento.

“Esse feito somente prova a grande capacidade do Hospital Felício Rocho e reforça seu importante papel como instituição transplantadora em Minas Gerais. Assistir e participar de uma sequência como essa é enriquecedora para mim enquanto médico e desperta uma sensação de que o trabalho está seguido na direção certa”, salienta Silvério Leonardo.

Brasil bate recorde no número de doações

Por lei, a doação de órgãos após o óbito só pode ser feita quando é constatada a morte encefálica. É nesse momento que os médicos procuram a família para pedir autorização. Apesar do aumento na recusa das famílias, o Brasil atingiu um recorde de doadores de órgãos no primeiro semestre de 2023. Foram 19 doadores para cada 1 milhão de habitantes.

Por outro lado, dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos mostram que o número de famílias que se recusaram a doar os órgãos de parentes falecidos para transplante aumentou no primeiro semestre deste ano. Em 2019, antes da pandemia, entre 42% e 44% dos parentes negavam a doação. Agora, o número chegou a 49%.

“É fundamental que as pessoas confiem no sistema nacional de transplantes. Mas, para isso, elas precisam entender que a doação de órgãos pode salvar muitas vidas”, destaca Silvério Leonardo.

* Com informações do Hospital Felício Rocho.

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