Anunciado pelo prefeito Marco Antônio Lage (PSB) em novembro de 2021 e encabeçado pelo vereador Marcelino Guedes (PSB), o projeto de implantação de um posto de coletas de sangue da Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado de Minas Gerais (Fundação Hemominas) em Itabira está atrasado. Recentemente, à DeFato, o próprio parlamentar afirmou que ele seria concluído em novembro do ano passado, mas, quatro meses depois, isso ainda não ocorreu. O espaço será aberto no Hospital Municipal Carlos Chagas (HMCC).
Procurados pela reportagem, Marcelino Guedes e a Gerência Regional de Saúde (GRS) de Itabira divergem sobre as causas do problema. Já em agosto do ano passado, o vereador dizia que o projeto estava na fase de liberação do alvará, que, segundo ele, foi indeferido pela GRS, fator decisivo para a lentidão.
“Estamos na fase de aprovação do alvará de funcionamento da vigilância sanitária. A previsão de aprovação deste alvará é 31 de setembro. Paralelo a isso há outras ações em andamento. É um projeto bem arrojado, acompanhado pelo Hemominas, o nível de exigência é muito alto devido a sua complexidade”, enfatizou na oportunidade.
Marcelino acrescenta, ainda, que está buscando uma reunião entre as duas partes sobre o tema. Questionamos a GRS se ela está ciente sobre o possível encontro, mas não obtivemos resposta.
O que diz a GRS
Além de negar ter recebido o pedido de liberação do alvará, a GRS ressalta que o processo está na fase “de avaliação e análise do projeto arquitetônico”. Segundo o órgão, a análise “verifica as conformidades com os critérios e normas estabelecidas para o tipo de estabelecimento em questão, para assim proceder com as demais fases de aprovação”.
Por meio do seu diretor regional de saúde, Maurício Marques, a GRS também reafirmou seu compromisso “no fortalecimento e ampliação dos serviços de saúde nas microrregiões de Itabira, João Monlevade e Guanhães”.
A Prefeitura
Em uma nota enviada ao portal, a Prefeitura de Itabira seguiu discurso parecido ao de Marcelino. Segundo o município, o projeto, feito por uma arquiteta do Hemominas, já recebeu oito alterações, o que ajuda a causar a lentidão.
“A Secretaria Municipal de Saúde já está na oitava modificação do projeto devido a exigências da VISA Estadual. O projeto que foi inicialmente proposto pela própria arquiteta do Hemominas foi sucessivamente criticado pelo Estado, de modo que hoje estamos já na oitava versão. A cada modificação enviada, a VISA Estadual demora até 60 dias para nos enviar a resposta, o que torna o processo muito lento. Nessa semana teremos uma reunião com a direção da GRS, HMCC e arquitetos para mais uma vez tentar resolver a situação”, diz o comunicado.
Por fim, a reportagem também procurou o ex-deputado estadual Bernardo Mucida (PSB), responsável por captar R$ 500 mil por meio de emendas parlamentares destinadas à implantação do posto. O pessebista afirmou que o espaço seria aberto no Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD) inicialmente. No entanto, houve a mudança para o HMCC e os recursos foram destinados à criação de novos leitos no HNSD, ainda no ano passado. Desde então, diz, ele se afastou da discussão.
Promessa antiga
A primeira menção ao posto do Hemominas em Itabira foi feita em novembro de 2021, pelo prefeito Marco Antônio Lage. À época, o líder do Executivo chegou a dizer que o projeto já estava avançado.
“Nosso compromisso aqui hoje, a gente já tá avançado, é que ano que vem teremos um banco de coletas em Itabira. O projeto já está avançando, já temos o ok do Hemominas em todos os procedimentos, inclusive estruturais, já temos recursos de emenda parlamentar para fazer o investimento. É um custo anual perto de R$ 800 mil, é uma equipe de médicos, enfermeiros, uma equipe de 13 pessoas, e a gente vai fazer algo de alto nível, de acordo com as premissas do Hemominas”, afirmou na oportunidade.