Tivemos uma semana marcada pela decisão de política monetária no Brasil, na quarta-feira, quando o COPOM (Comitê de Política Monetária) decidiu por unanimidade elevar a taxa básica de juros, a SELIC, em 01 ponto percentual, de 4,25% a.a. para 5,25% a.a. Além da elevação acima do nível previsto na última reunião, o tom do comunicado também mudou…
A autoridade monetária deixou claro que as elevações futuras serão ditadas pela necessidade de conter as expectativas de inflação futura , deixando de lado a preocupação de utilizar um juro mais baixo ou neutro com o intuito de manter algum estímulo para a retomada da atividade econômica.
Diante dessa mudança de postura, na quinta-feira, o mercado abriu precificando esse novo tom, dólar em queda, juros futuros mais acomodados e o Ibovespa em ligeira alta mas a temperatura do diálogo entre os poderes voltou a subir durante o dia e culminou com a decisão do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) de cancelar a o encontro que haveria entre os chefes dos 3 poderes por entender que o presidente Jair Bolsonaro não estaria dando sinais de quem quer o diálogo.
A sexta-feira começou tensa com o comportamento do mercado brasileiro, mais uma vez, destoando do ritmo do mercado global. Nos EUA e Europa, alimentados por bons balanços corporativos, os investidores continuaram a mostrar bom apetite pelo risco com as bolsas americanas, através de dois de seus principais índices de desempenho, S&P 500 e Dow Jones batendo recordes históricos de valorização.
Um dos principais catalisadores desse desempenho foi a divulgação dos números do emprego, em julho, da maior economia do mundo. A geração de quase 950.000 novos postos formais de trabalho surpreendeu até os mais otimistas e conseguiu inclusive reverter a queda do IBOVESPA. Durante o pregão, o presidente do Senado Rodrigo Pacheco mostrou disposição em trabalhar em favor do restabelecimento do diálogo civilizado entre os 3 poderes.
O presidente da câmara Arthur Lira, depois do fechamento do pregão, anunciou que levará para votação em plenário a adoção do voto eletrônico auditável o que pode colocar um ponto final nessa celeuma, desde que, em respeito à democracia, o resultado seja respeitado, e o assunto encerrado. Por isso, como um bom peão de rodeio, temos que passar por galopes e saltos fortes até que a marcha seja restabelecida, e, até lá: segura peão!!!
Rita Mundim é economista, mestre em Administração e especialista em Mercado de Capitais e em Ciências Contábeis
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