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Selic: 3% e pode cair mais…

ano novo

Antes de começar este artigo, eu vou reproduzir, abaixo, a definição e histórico do Copom, de acordo com a Wikipedia, a enciclopédia livre:

“O Copom foi criado em 20 de junho de 1996, com o objetivo de estabelecer as diretrizes da política monetária e de definir a taxa básica de juros da economia. A criação do Comitê buscou proporcionar maior transparência e ritual adequado ao processo decisório, a exemplo do que já era adotado pelo Federal Open Market Committee (FOMC), do Federal Reserve System (Fed), dos Estados Unidos, e pelo Zentralbankrat, o conselho do Deutsche Bundesbank, que é o banco central alemão. Em junho de 1998, o Banco da Inglaterra também instituiu o seu Monetary Policy Committee (MPC), assim como o Banco Central Europeu, desde a criação da moeda única, em janeiro de 1999. Atualmente, uma vasta gama de autoridades monetárias em todo o mundo adota prática semelhante.

Desde 1996, o Regulamento do Copom sofreu uma série de alterações no que se refere ao seu objetivo, à periodicidade das reuniões, à composição, e às atribuições e competências de seus integrantes. Essas alterações visaram não apenas aperfeiçoar o processo decisório no âmbito do Comitê, como também refletiram as mudanças de regime monetário.

A partir da adoção, pelo Decreto n° 3.088, em 21 de junho de 1999, da sistemática de “metas para a inflação” como diretriz de política monetária, as decisões do Copom passaram a ter como objetivo cumprir as metas para a inflação definidas pelo Conselho Monetário Nacional. Segundo o mesmo decreto, se as metas não forem atingidas, cabe ao presidente do Banco Central divulgar, em Carta Aberta ao Ministro da Economia, os motivos do descumprimento, bem como as providências a serem adotadas e o prazo para o retorno da taxa de inflação aos limites estabelecidos.

Formalmente, os objetivos do Copom são “implementar a política monetária, definir a meta da taxa Selic e seu eventual viés, e analisar o Relatório de Inflação.” A taxa de juros fixada na reunião do Copom é a meta para a taxa Selic (taxa média de juros dos financiamentos diários, com lastro em títulos federais, apurados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia), a qual vigora por todo o período entre reuniões ordinárias do Comitê. Se for o caso, o Copom também pode definir o viés, isto é, a tendência (de elevação ou de queda) da taxa de juros. O presidente do Banco Central pode, a qualquer momento (entre as reuniões ordinárias), alterar a meta para a taxa Selic, na direção do viés”.

Pela leitura da definição e do histórico do Copom dá para notar a importância da taxa de juros para a economia de qualquer país. A gestão da taxa de juros é o mais poderoso instrumento de política monetária, que nada mais é do que a gestão da quantidade de moeda em circulação, de crédito e do nível de juros com o objetivo de controlar o nível de liquidez do sistema econômico. Para quem não é economista, liquidez não é água saindo da torneira, mas o volume de dinheiro de uma economia, e a moeda é o ativo mais líquido, porque com dinheiro você consegue adquirir qualquer coisa. Mas para transformar qualquer coisa em dinheiro é preciso que alguém compre qualquer coisa. Um exemplo: alguém que está lendo esta coluna é proprietário de um Marea? Então, parabéns! Você se tornou um colecionador. Você consegue transformar um Marea, rapidamente, em dinheiro? Isso é liquidez. Um ativo de alta liquidez é aquele que tem fila para comprar. E um ativo de baixa liquidez é aquele que você peleja para vender e não vende. Daí surgiu o mico. Quem já jogou aquele joguinho que os bichos se casam e o mico não tem par? Quem fica com o mico, perde o jogo. Perde quem não conseguiu passar o mico para a frente. Isso é liquidez.

Resumo da ópera: o dinheiro é o ativo mais líquido.

E por que eu estou falando tudo isso? Porque a taxa de juros é o preço do dinheiro e por isso determina a sua vontade de comprar produtos financeiros e viver de juros, ou de investir na produção, montar um negócio ou consumir.

Quanto maior a taxa de juros maior a vontade das famílias e das empresas em investir no mercado financeiro. E quanto menor a taxa de juros maior a vontade das empresas e das famílias em investir na produção de bens e serviços e em consumir.

O dinheiro caro é o paraíso dos agiotas, dos banqueiros. O inimigo da produção, da economia real.

O dinheiro barato é a condição básica para o financiamento das atividades produtivas, do trabalho, o paraíso da produção, do surgimento dos negócios que geram os empregos, que geram a renda que permite às pessoas o acesso aos bens e serviços e consequentemente a melhoria da qualidade de vida. Entenderam? Se estamos com a menor taxa de juros da história, o que podemos esperar para depois da pandemia? Crescimento!

Prometi a vocês explicar o que esta taxa de juros significa na prática e vamos lá.

Até o final de 2018, a bolsa brasileira tinha cerca de 600 mil investidores cadastrados. Hoje, são quase 2,4 milhões. Mais um detalhe: só nos últimos dois meses, 400 mil novos investidores se cadastraram na B3, a bolsa brasileira. Segundo a ANBIMA, no mês de abril houve uma saída recorde dos fundos de investimento em renda fixa, a maior da história, R$ 91,1 bilhões, e, juntando o tico com o teco, chegamos à conclusão que o dinheiro que vivia de juros agora tem que ralar, tem que trabalhar, correr risco, financiar negócios.

Se olharmos para a dívida pública, paga por todos nós brasileiros, a cada 01 ponto de redução da taxa básica de juros, a Selic, economizamos R$ 80 bilhões de juros por ano. Em fevereiro de 2019, a taxa Selic estava em 6,5% a.a. e hoje está em 3,0% a.a. Isso significa que, em uma conta de padeiro, poderemos ter em um ano uma economia de quase R$ 300 bilhões.

Na última reunião do Copom, além da redução dos juros maior do que o previsto, o comunicado deixou claro que um novo corte pode ocorrer na reunião de 17 de junho, já que a queda na atividade econômica está muito maior do que o previsto anteriormente. Agora a expectativa é de um novo corte de no mínimo 0,5 ponto percentual, mas já tem quem acredite que diante da deflação e da possível profundidade da retração econômica, o corte pode chegar a 0,75 ponto percentual.

Neste nível de 3% a.a., temos uma taxa real de juros em torno de 0,26% a.a. A taxa real de juros é, na verdade, o que você ganha depois de descontada a inflação. Se você aplicar R$ 100.000,00 hoje e a Selic, a taxa básica de juros, permanecer em 3% a.a., ao final de um ano você teria R$ 100.260,00, um ganho líquido de R$ 260,00. Se você resgatar e pagar a alíquota de 20% de I.R. sobre o ganho, o seu ganho líquido em um ano seria de R$208,00.

Finalmente, o Brasil quebrou o ciclo perverso da agiotagem e para ganhar dinheiro é preciso trabalhar.

Passada a pandemia, #VAMOSTRABALHAR

OBS: Passe a ler toda semana o Relatório de Mercado também conhecido como Boletim Focus do Banco Central e acompanhe as projeções sobre os principais indicadores da economia. Veja aqui!

 

Rita Mundim é economista, mestre em Administração e especialista em Mercado de Capitais e em Ciências Contábeis

O conteúdo expresso neste espaço é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato.

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