Publicações enganosas podem se espalhar mais rápido do que o próprio coronavírus. Por causa disso, Virgilino Quintão Torres Cruz, médico e presidente da Unimed Itabira, publicou carta em suas redes sociais para esclarecer os desafios e os esforços da rede suplementar no combate à pandemia. O médico abordou a construção do hospital próprio no bairro Praia, a carência por leitos na saúde conveniada e as conexões para ampliar a assistência hospitalar.
A Unimed é uma das principais operadoras de planos de saúde em Itabira. Dos cerca de 50 mil clientes assistidos por convênios médicos, 20 mil são da Unimed. A operadora cobre, por exemplo, o funcionalismo público do município.
Hospital
Conforme divulgado por DeFato, a construção do chamado recurso próprio da Unimed, na avenida Prefeito Li Guerra, está longe de ficar pronta. Virgilino fala em redução da equipe de trabalho, com diminuição de 45 para 15 funcionários, e do atraso na execução do plano diretor das obras. O funcionamento do hospital vem sendo cobrado pela comunidade, diante da superlotação dos leitos do Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD) e do Hospital Municipal Carlos Chagas (HMCC).
“A obra dos recursos próprios da Unimed Itabira, na avenida Li Guerra, não está pronta e nem parada. A fachada externa está adiantada, mas o interior tem ainda muito a ser feito”, inicia.
O recurso próprio seria implantado em três fases: a primeira com pronto atendimento; a segunda com a abertura de um hospital dia; e, a terceira, abrindo um hospital geral com 70 leitos de internação, dos quais dez seriam para tratamento intensivo (UTI).
A primeira fase deveria ter ficado pronta no fim de 2020 e ser inaugurada no início deste ano. A reviravolta fez a operadora mudar os planos e avalia a possibilidade de pular para a última etapa, caso consiga acordos externos na rede Unimed.
“O projeto e a fundação da estrutura permitem a ampliação em mais quatro andares e até 190 leitos. É um projeto de médio a longo prazo se for executado apenas com recursos da Unimed Itabira. O recurso financeiro para concluir e equipar um hospital geral com 70 leitos é de aproximadamente R$ 90 milhões. Estamos tentando parcerias dentro do Sistema Unimed para já iniciarmos como hospital geral”, detalha Virgilino Quintão.
Hospital de campanha
Embora a estrutura não esteja pronta, a Unimed ofereceu o espaço físico de seu recurso próprio para a montagem de um eventual hospital de campanha, assegura o dirigente da cooperativa. A oferta se deu em dois momentos: no primeiro semestre de 2020 e em março de 2021, cita.
O governo municipal, no entanto, achou mais oportuna a parceria com São Gonçalo do Rio Abaixo, onde uma estrutura de retaguarda deve ser montada na edificação do hospital municipal do território vizinho.
Carência por leitos
O presidente da Unimed lamenta uma carência por leitos para a saúde suplementar. Com a municipalização do Carlos Chagas em 2015, que passou a ser 100% SUS, o HNSD se tornou o único hospital local credenciado dos planos de saúde. “São apenas 77 leitos para um contingente de aproximadamente 50 mil pessoas que possuem plano de saúde em nosso município”.
“Em uma situação de emergência em saúde pública, como a da pandemia que vivemos hoje, todas as estruturas assistenciais estão sobrecarregadas e o sistema de saúde colapsado (público e privado). Nessa situação, não há segmentação por vínculo assistencial do paciente. Todos são cidadãos com direito à saúde (artigo 196 da Constituição Federal) e as vagas de internação devem ser distribuídas conforme critérios clínicos. O leito privado pode ser utilizado pelo paciente do SUS e o leito do SUS pode ser utilizado pelo paciente que também tem plano de saúde”, narrou o presidente.
Confira a íntegra da carta distribuída pelo médico nesta segunda-feira (29).