A variante delta é a que mais cresce em Minas Gerais e hoje representa 50% dos casos positivos de covid-19 no estado. Em Belo Horizonte, a prevalência já chega a 60%, enquanto em Juiz de Fora, cidade próxima da divisa com o estado do Rio de Janeiro, 80% dos casos confirmados são da variante delta.
Em pesquisa realizada pelo Observatório de Vigilância Genômica de Minas Gerais (OViGen) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foi possível constatar uma evolução da variante com maior poder de propagação e maior tendência a gerar casos graves da covid-19 em não vacinados. A análise foi divulgada pelo grupo na página do Programa de Pós-graduação em Genética do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG.
Os boletins divulgados semanalmente tem o objetivo de mostrar a evolução e o deslocamento das variantes do novo coronavírus no estado.
A ideia de criar boletins semanais sobre as variantes da covid-19 mais presentes em Minas surgiu em março deste ano, quando pesquisa coordenada pelos dois professores do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução analisou 1.198 restos de amostras coletadas para exames de PCR em 282 municípios mineiros. Na época, o estudo mostrou que a variante gama (anteriormente chamada de P.1 ou de variante de Manaus) era a predominante no estado.
Delta avançou no estado
Renato Santana de Aguiar, um dos coordenadores da pesquisa, afirma que o cenário mudou rapidamente e se tornou mais preocupante, visto que a variante delta, que é mais perigosa que a gama, está se tornando a prevalente em Minas Gerais. “Por isso, tivemos a ideia de realizar um monitoramento mais atualizado, que acompanhasse a evolução e o deslocamento da covid-19 pelo estado, e criamos o comunicado semanal em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde, com a Prefeitura de Belo Horizonte e com a Fundação Ezequiel Dias (Funed)”, disse.
O professor explica que, toda semana, 200 amostras positivas para a covid-19, provenientes de 10 unidades regionais de saúde localizadas em regiões de Minas que fazem fronteira com outros estados, são enviadas para a Funed, que faz a primeira triagem do material. Essas amostram seguem para o Laboratório de Biologia Integrativa do ICB e para o Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad) da Faculdade de Medicina, onde são analisadas.
“Testamos as amostras por meio de uma metodologia de genotipagem que desenvolvemos aqui no ICB e que possibilita identificar as variantes em quatro horas. Quando aparecem novas variantes, fazemos o sequenciamento genético completo do material. Nosso objetivo é monitorar as variantes atuais e identificar as novas”, explica Santana.
Identificar e combater
O pesquisador acrescentou que a divulgação de comunicados semanais tem o intuito de oferecer instrumentos para que prefeituras e secretarias de saúde se preparem para combater as novas variantes de ocorrência mais prováveis em suas regiões. “É um projeto muito importante porque já é possível prever que algumas variantes vão provocar desfechos clínicos mais graves e serão mais transmissíveis. Com o monitoramento, as agências de saúde conseguem definir quais regiões são mais críticas e devem receber maior suporte hospitalar. Além disso, conhecer as variantes predominantes em cada região é essencial para o planejamento dos esquemas vacinais locais”, argumenta o professora.
*Com UFMG