A reunião ordinária desta quarta-feira (29) na Câmara Municipal de João Monlevade novamente teve o assunto da Saúde na cidade abordado. Mas, desta vez, o vereador e presidente da Comissão de Saúde, Revetrie Teixeira (MDB), foi mais além e pediu para que uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) seja instaurada para investigar irregularidades no Hospital Margarida.
De acordo com o vereador, ele elaborou uma documentação completa com irregularidades da casa de saúde nos mais variados setores, desde atendimentos até contratações dos médicos. Além disso, disse estar disponível no gabinete dele todo o laudo para que os vereadores possam ler, entender e ajudá-lo a apurar a situação.
Caos
O Hospital Margarida é referência, além de Monlevade, para outras quatro cidades: Bela Vista de Minas, Nova Era, São Domingos do Prata e Rio Piracicaba. Recentemente, a diretoria da casa de saúde emitiu uma nota na qual consta que está sobrecarregado o sistema de atendimentos dos pacientes, por isso o tempo de espera para consultas pode demorar um pouco mais que o habitual.
Dentre as diversas críticas feitas por Revetrie, uma delas foi um episódio que ocorreu, segundo ele, nesse final de semana.
“Qual de nós temos a noção de todas as contas? De como é gerido o dinheiro do hospital? Não adianta levarmos dinheiro para lá. Aconteceu nesse final de semana o seguinte: não marcaram as consultas de pediatria, no plantão de 19h às 7h. Todo mundo que chegava com as crianças recebia a resposta que não tinha ninguém para atender. Chegou um geriatra, às 23h, para realizar os atendimentos. Ele consultou duas crianças e terminou o plantão. Pagamos o plantão para ele fazer apenas duas consultas, é um absurdo. E a culpa não é dele, mas da péssima administração do hospital”, diz o vereador.
O parlamentar disse ter diversos documentos que comprovam irregularidades da casa de saúde.
“Vou deixar aberto no meu gabinete para que todos os vereadores possam ver o que está apurado do hospital. Se acharem que estou falando bobagem, podem me falar. Mas é inadmissível saber que a população está esperando 8h para atendimento. Na nossa reunião com os pares da Saúde em Monlevade, ouvimos dizer que estamos pagando um convênio para o pronto-socorro. A direção do hospital não sabe qual convênio paga para eles”, ressalta.
Segundo o vereador, o dinheiro do convênio que a Prefeitura paga para a manutenção do Pronto Atendimento paga todos os médicos do hospital, inclusive os que estão sobreaviso.
“É normal se pagar para R$13,500.00 mensais para um neurologista que nunca pós o pé no pronto-socorro? O que mais me chateia é a contratação desse profissional. O hospital contratou um neurologista, para atuar 7 dias por semana, 24h por dia. Não é uma empresa de atendimento neurológico não, é um profissional apenas. Como que fica nossa situação?”, questiona Revetrie.
Caótico
A falta de médicos atuando de forma presencial também foi questionada pelo vereador.
“Agora a Prefeitura vai pagar mais R$200 mil ao hospital para deixar um médico 40h por semana. A gente precisa de uma CPI urgente. Eu espero que a Comissão de Saúde abrace a causa. Não é culpa dos médicos, mas sim da direção. Tem médico que é pago, recebe dinheiro, para ficar de plantão dentro de casa. Meu tio teve uma consulta com urologista por telefone, que mundo é esse? Ele disse que passaram uma sonda dentro dele e nenhum médico estava presente”, enfatiza o legislador.
Para finalizar, Revetrie pediu apoio dos vereadores à instauração de uma CPI para investigar a casa de saúde.
“O SUS que paga os médicos de plantão, não são os convênios. Vai lá em BH para você ver se médico de hospital vai atender convênio: não vai! O cidadão de Monlevade está sendo enganado há tempos: não temos um Pronto Atendimento na cidade. Foram falas de pessoas da Saúde do município. Nós precisamos fazer o correto, que é uma CPI. Caso contrário, irei levar toda a documentação ao Ministério Público. Está escandalosa a situação que o hospital está fazendo com o dinheiro da cidade”, finaliza Revetrie.