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Após denúncia de maus-tratos, cadela é resgatada em Itabira; vítima relata mordida e projeto de lei segue travado na Câmara

Foto: Giovanna Victoria/DeFato

Na manhã desta terça-feira (1º), a Polícia Civil de Minas Gerais, com apoio da Coordenadoria de Proteção Animal da Prefeitura de Itabira, realizou uma operação no bairro Gabiroba após receber denúncias de maus-tratos a animais. No local, uma cadela que aparentava ser da raça pitbull, e seus quatro filhotes foram encontrados em situação de abandono, sem água, alimento ou condições mínimas de sobrevivência.

Segundo o delegado Alessandro Ribeiro, os animais estavam dentro de um imóvel lacrado após tentativas anteriores da Polícia Militar de impedir que a cadela tivesse acesso à rua. “Tivemos informações de que os cães estavam saindo para a rua e trazendo preocupação para os moradores. Como havia risco de ataque, fizemos o resgate e instauramos inquérito para apurar o crime de maus-tratos”, afirmou o delegado.

O coordenador de proteção animal, Gustavo Pinho, confirmou que a cadela estava extremamente magra e debilitada, mas se mostrou dócil durante o resgate. “Era visível o abandono. Mesmo com filhotes, ela não esboçou agressividade. Foi uma abordagem tranquila, infelizmente motivada pela fome e fraqueza do animal”, disse. Os cães foram encaminhados para atendimento veterinário e, depois, ficarão sob responsabilidade legal de cuidadores indicados pela Prefeitura, até decisão judicial definitiva.

Gestante relata ataque

Antes da operação, no último domingo (29), uma mulher grávida foi mordida pela mesma cadela após ela conseguir sair do imóvel. O caso aconteceu quando a gestante seguia para uma festa e foi surpreendida pelo ataque.

Foto: Giovanna Victoria/DeFato

“Ela atravessou a rua e veio direto na minha perna. Por sorte, eu estava de calça jeans, o que amenizou a mordida. Fui socorrida pelo SAMU por causa da gestação, e orientada a observar o animal por 10 dias. Mas, desde então, ela ficou trancada na casa sem sinais de alimentação ou cuidado”, contou a vítima, que está na 13ª semana de gestação.

A mulher ainda aguarda informações da Secretaria de Saúde para dar continuidade ao acompanhamento médico e verificar a necessidade de medicação, como a vacina antirrábica.

Projeto de lei sobre cães de raças específicas segue em debate

O caso reacendeu discussões sobre o Projeto de Lei nº 89/2025, enviado pelo prefeito Marco Antônio Lage à Câmara de Vereadores. A proposta, conhecida como “Lei Guilherme Gabriel”, proíbe a procriação e comercialização de cães das raças pitbull, rottweiler e seus mestiços em Itabira. Além disso, institui uma política municipal de proteção animal com ações como campanhas educativas, protocolo de resgate e esterilização, e sanções para tutores que descumprirem as normas.

Apesar da proposta ter sido motivada por um trágico ataque ocorrido na cidade, o projeto segue travado no Legislativo. Criadores e representantes do setor animal alegam que o texto apresenta trechos inconstitucionais por invadir competências da União e do Estado. A obrigatoriedade de castração, a vedação à entrada dessas raças e as sanções específicas para seus tutores são alguns dos pontos questionados.

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