Parlamentares de oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagem com indignação à indicação de Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública, para ocupar o lugar de Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal (STF).
Os oposicionistas prometem boicotar a indicação de Dino por não considerarem que ele preencha os requisitos para ocupar uma cadeira na Corte, como “notório saber jurídico” e “reputação ilibada”.
Os bolsonaristas alegam que Dino atuou para obstruir os trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, no Congresso Nacional, e terá atuação política caso chegue ao Supremo. Senadores contrários à indicação traçam estratégias para barrar o nome do ex-governador do Maranhão.
Uma das metas é obstruir a sabatina de Dino na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), por onde ele deve passar antes de ir a plenário.
A oposição está apostando no calendário apertado do Senado até o final do ano, apesar da promessa de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) de que fará esforços para colocar em apreciação do colegiado os nomes de Dino e Gonet, antes do recesso parlamentar.
Apesar das reações contrárias, o nome de Dino deverá ser aprovado pelo Congresso, considerando o histórico da Casa, que vetou nomes somente em 1894, durante o governo do Marechal Floriano Peixoto.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) lembra que Dino entrou sem a polícia em um local dominado pelo tráfico e que seus assessores receberam a esposa de um líder do Comando Vermelho, conhecida como “dama do tráfico”.
O líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), afirmou que o presidente Lula “perdeu todo o pudor” com a indicação de Dino, que, segundo ele, “não é um advogado notável e sua indicação é estritamente política”.
O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) questionou a parcialidade da indicação: “Dino era magistrado e virou político. Agora quer voltar à magistratura? Será capaz de agir de forma justa, imparcial e diligente?”.