Ainda incerto, o fechamento da maternidade do Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD), em Itabira, preocupa gestantes assistidas por planos de saúde. Com a possibilidade do setor, que atende à saúde suplementar, ser encerrado a partir de 31 de março, aumenta o temor das mulheres que moram na cidade e darão à luz nos próximos meses.
É o caso de Tatiane Magalhães Couto, operadora de equipamentos assistida pela AMS (Assistência Médica Supletiva), operadora da empresa Vale. A gestante está no sétimo mês de gravidez e o parto está previsto para abril.
“Tenho muito receio em ficar desassistida. Se a maternidade vier a fechar, vai gerar um desconforto e um transtorno para as gestantes, com risco principalmente àquelas que precisam de um atendimento de urgência. Ter que deslocar para Belo Horizonte em uma emergência não será bom”, lamenta a grávida.
Tatiane comentou também sobre a insegurança em ser atendida por outra equipe diferente daquela que confia no período de gestação. “A médica que acompanha todo o meu pré-natal atende somente lá (HNSD); o corpo clínico dela está todo na maternidade do Hospital Nossa Senhora das Dores. A segurança da gente é que a médica que nos acompanha, faça o parto. Ter que deslocar para outra cidade e fazer o parto com um médico desconhecido causa muita insegurança”, continuou.
Pandemia
Valéria Vasconcelos também está no sétimo mês de gravidez, ansiosa pela chegada do primeiro filho. A gestante descarta sair de Itabira para realizar o parto, caso a desativação da maternidade do HNSD de fato aconteça. Nessa situação, a opção dela será abrir mão da rede conveniada e ser assistida no Sistema Único de Saúde (SUS), na unidade materno-infantil do Hospital Municipal Carlos Chagas (HMCC).
“Eu teria meu filho no SUS. Em outra cidade é arriscado: não sabemos como está o cenário da pandemia em outros municípios, os cuidados contra o coronavírus, se a vacina vai nos alcançar até lá etc. É melhor que eu continue aqui”, comenta a açougueira, de São José do Goiabal (Colar Metropolitano do Vale do Aço), moradora de Itabira há quatro anos. Valéria era atendida pela rede Vitallis e hoje é usuária da AMS.
Fechamento
A possibilidade de a maternidade do HNSD ser fechada foi veiculada por DeFato no decorrer desta semana. A instituição comunicou aos planos de saúde a inviabilidade financeira de manter o setor, que realiza uma média de 40 partos/mês e tem déficit estimado em R$ 90 mil. Tratativas são realizadas com as operadoras no intuito de revisar os valores repassados pelos planos no custeio dos pacotes de parto. Prefeitura, Ministério Público e classe médica foram envolvidos.
Em 2016, criou-se duas maternidades no município. O HNSD, até então, concentrava os atendimentos dos convênios e os da saúde pública. Mas, por força de Termo de Ajuste de Conduta (TAC), celebrado entre Prefeitura e Ministério Público, os serviços foram separados. A maternidade SUS foi instituída no Hospital Municipal Carlos Chagas. O HNSD, por sua vez, manteve os atendimentos privados. Profissionais ouvidos avaliam que Itabira não tem demanda suficiente para duas maternidades.