Vereador critica Vale por não informar, publicamente, dados de qualidade do ar em Itabira

Uma alegada “omissão” no assunto norteia queixa que será entregue pelo parlamentar ao Ministério Público

Vereador critica Vale por não informar, publicamente, dados de qualidade do ar em Itabira
Vereador afirma alto índice de doenças respiratórias na cidade. Foto: Arquivo/DeFato
O conteúdo continua após o anúncio


O vereador André Viana (Podemos), vice-presidente da Câmara de Vereadores de Itabira, cobra explicações da mineradora Vale quanto ao monitoramento da qualidade do ar na cidade. O vereador afirma “falta de transparência da companhia” com o diagnóstico de sua rede local de monitoramento. Segundo cita, seu gabinete pediu dados e um posicionamento do assunto à Vale ainda no ano passado, mas não obteve resposta. 

Também sindicalista e funcionário da mineradora, André falou sobre o caso na reunião ordinária do Legislativo em 13 de março. Ele antecipou que apresentará uma “notícia de fato” ao Ministério Público, isto é, uma demanda dirigida para que o órgão apure a questão e recomende à Vale a publicação, acessível à comunidade, do monitoramento do ar. “A empresa deve dar respaldo à situação ambiental na cidade”, reitera. 

No discurso, André Viana afirmou também que “Itabira é uma cidade com altíssimos índices de doenças respiratórias”. “Grande parte desses males são ocasionados pela poeira proveniente da mineradora Vale”, continuou.

O vereador pediu também esclarecimentos ao Conselho Municipal de Meio Ambiente (Codema) e encaminhou ofício para que a Comissão de Saúde, Saneamento Básico e Meio Ambiente da Câmara acompanhe o monitoramento da qualidade do ar. “O Codema não pode se reunir só para liberar terreno e projeto de empresa. Precisa se reunir para fiscalizar o cumprimento das normas ambientais”.

Vale nega que pedido tenha sido feito

Por meio de nota, a Vale disse não ter registro do pedido de informação do vereador. “Nossa área de relacionamento entrará em contato diretamente com ele para entender a demanda e atender no que for possível”.

Sem outros detalhes, a empresa disse que disponibiliza os dados de monitoramento da qualidade do ar hora a hora por meio de sistema eletrônico para a Fundação Estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais (Feam) e para a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente de Itabira.

Estação de medição da Vale em Itabira. Foto: Reprodução/Feam

Monitoramento segue rotina regular

Procurado por DeFato, o atual presidente do Codema e também secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, Robson Costa de Souza, disse que qualquer pessoa pode ter acesso aos dados, procurando a Secretaria (Mata do Intelecto). Ele reforçou que a Vale monitora a qualidade do ar em tempo real por meio de estações localizadas no Chacrinha, Escola Estadual Trajano Procópio (Premem), Areão e Fênix.

Um compilado dos dados das estações são apresentados por um representante da Vale nas reuniões mensais do Codema. A fiscalização do Conselho, citou, é feita dessa forma.

“Praticamente não há riscos à saúde”

O site da Feam informa, diariamente, dados de estações automáticas instaladas em municípios mineiros e que monitoram a qualidade do ar. Segundo o órgão, as estações contam com analisadores de gases, sensores meteorológicos e sistema de aquisição e transmissão dos dados. A partir daí, uma ferramenta matemática é utilizada para converter as concentrações dos poluentes nas escalas boa, regular, inadequada, má, péssima e crítica.

Na medição fechada dessa quinta-feira, 15 de março, a qualidade do ar em Itabira foi apontada como “boa” ao longo do dia. Entre poluentes, a medição avaliou partículas totais em suspensão e partículas inaláveis, onde, conforme os dados, “praticamente não há riscos à saúde’. Os dados aferidos constam de três estações na cidade.