‘Estamos valorizando as diferenças e o direito à igualdade’, defende terapeuta sobre luta antimanicomial

Evento de luta teve atividades em frente o Mercado Municipal, na avenida João Pinheiro

‘Estamos valorizando as diferenças e o direito à igualdade’, defende terapeuta sobre luta antimanicomial
Ação antimanicomial ocorreu na avenida João Pinheiro – Foto: Tatiana Santos/DeFato

Abordando o tema “Atentas e fortes: tantãs sem temer os golpes”, a Secretaria Municipal de Saúde encerrou a Semana de Luta Antimanicomial nesta sexta-feira, 18 de abril, data em que se celebra nacionalmente o Dia de Luta Antimanicomial. Entre palestras, oficinas e passeata, trabalhadores da Saúde, usuários e familiares encerraram a mobilização com atividades em frente o Mercado Municipal, na avenida João Pinheiro.

Estiveram envolvidos na ação cerca de 50 integrantes. De acordo com Tânia Couto, terapeuta ocupacional do Centro de Atendimento Psicossocial (Caps) e do Centro de Convivência, a finalidade foi promover uma ampla discussão sobre a atenção ao usuário dos serviços de saúde mental e o combate ao preconceito, ainda muito presente na sociedade.

Para ela, o movimento cumpriu seu papel de lutar contra os manicômios, devendo os usuários realizar seus tratamentos em liberdade. A terapeuta acrescentou que atualmente os governantes investem altos valores financeiros nos hospitais psiquiátricos, “trancafiando os usuários e os expondo a maus-tratos”. Tânia informou que é comprovado que a loucura deve ser tratada nos serviços abertos.

Itabira tem uma equipe montada com esta finalidade, com o Caps Álcool e Droga (AD) e o Caps Infantil. Nesses Caps, há a oportunidade de acolher todas as pessoas que precisam de tratamento, como crianças, adolescentes e adultos. Também há os Programas de Saúde da Família (PSF), que atuam focando em se evitar danos para o usuário, melhorando a qualidade de vida e evitando as internações. “A saúde mental é uma luta, porque existe muito preconceito. As pessoas desconsideram que antes de o sujeito se envolver num transtorno psíquico, ele tinha uma vida, um trabalho, uma família. A gente tem que desmitificar, porque antigamente trancafiavam, com medo, porque ninguém podia ser diferente. Estamos valorizando as diferenças e o direito à igualdade”.

Fechamento de manicômios

Tânia informou que, ao longo os últimos anos, muitos manicômios foram no país e que a partir de uma Portaria Federal é proibido criar outros, inclusive o famoso manicômio de Barbacena, foi encerrado no final do ano passado. Os poucos moradores que ainda haviam lá, foram encaminhadas para residências terapêuticas.

Há os leitos de retaguarda psiquiátrica no Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD), onde se conseguiu restringir ao máximo os encaminhamentos para o Hospital Galba Velloso e para o Instituto Raul Soares, ambos em Belo Horizonte, voltados à saúde mental. “Sabe-se que temos internações que são necessárias, mas hoje são a curto prazo. Existe uma lei que protege os usuários da saúde mental. A gente hoje é contra as comunidades terapêuticas, sim, onde existem grandes investimentos financeiros em tratamentos manicomiais”, afirma.

Enquete

O professor do curso técnico em enfermagem do Sepro, Jorge Botelho, levou a proposta de juntar os alunos para realizarem uma enquete pelas ruas. O objetivo foi ter noção do conhecimento da população sobre o tratamento aos usuários dos serviços de saúde mental. “O propósito foi levantar alguns dados a esse respeito, onde estaremos consolidando e fazendo uma análise do mesmo e que posteriormente, estaremos divulgando”.

Segundo ele, foi possível observar, por meio da pesquisa, que a maioria das pessoas não têm conhecimento do que é o Caps ou sobre a existência dele em Itabira.

 

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