Expansões, investimentos e negócios futuros reaquecem setor de imóveis em Itabira
Em Itabira, retomada do setor imobiliário civil é estimulada pela movimentação de várias áreas e boas expectativas para futuros investimentos
No início da atual década, Itabira viveu um boom imobiliário sem precedentes. Investimentos milionários da Vale em suas novas usinas impulsionaram a economia e o setor de venda e locação de residências foi um dos que mais aproveitou a onda. Os aluguéis dispararam, prédios começaram a surgir aos montes. Passado o período de bonança e com a crise financeira que atingiu o país nos últimos anos, a demanda por casas e apartamentos despencou. A estagnação, no entanto, começou a mudar a partir do ano passado, como mostram dados nacionais. Em Itabira, essa retomada é estimulada pela movimentação de vários setores e boas expectativas para futuros investimentos.
Um balanço realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) com dados de 23 capitais e regiões metropolitanas apontou uma alta de 19,2% na venda de imóveis residenciais novos em 2018 em relação a 2017. A entidade prevê que os lançamentos e as vendas no mercado imobiliário de médio e alto padrão – financiados com recursos da caderneta de poupança – cresçam na ordem de 20% a 30% em 2019 frente a 2018.
Em Itabira não há dados específicos como as entidades calculam nas capitais e grandes regiões, mas uma caminhada pela cidade permite perceber como as placas de aluguéis e vendas diminuíram consideravelmente em comparação ao que se via há dois anos, por exemplo. Desde 2018, também foram inaugurados novos loteamentos e condomínios de classes alta, média e populares. Para o presidente da associação comercial do município (Acita), Eugênio Müller, o aumento de demanda está diretamente relacionado à movimentação de setores que não sejam a mineração.
“A população às vezes não se dá conta de quantos investimentos a cidade está recebendo. A verdade é que um boom como aquele da mineração, Itabira não receberá mais. Aliás, que município do interior recebe um investimento de R$ 7 bilhões em tão pouco tempo. É algo fora da curva. O que acontece hoje são movimentações em outros setores que produzem efeito positivo para a economia e, consequentemente, o ramo imobiliário”, comenta o presidente da Acita.
Eugênio Müller cita como exemplos a chegada da Siderúrgica Atlas, que se instalou no Distrito Industrial no início do ano passado, e a construção de dois grandes hipermercados, o Mart Minas, no Gabiroba, e o Villefort, no Areão. Somente nesses dois últimos projetos, a previsão de investimentos chega a quase R$ 50 milhões.
Ainda há os projetos em duas áreas em que Itabira assume condição de polo na região: educação e saúde. O campus da Unifei avança para sua terceira fase, com obras de terraplanagem para construção de novos prédios. Ao mesmo tempo, a Una investe farto dinheiro na revitalização completa do Center Shopping, prédio icônico do município que durante anos ficou abandonado. Outras faculdades, como Pitágoras, Funcesi e instituições à distância completam vasto leque de cursos oferecidos à população local e a quem vem de outras cidades.
Na saúde, o Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD) se posiciona como a principal casa de atendimento médico da região. A instituição acerta os últimos detalhes para ter um Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon), com tratamento completo contra o câncer. A conclusão do projeto alçaria o HNSD como referência para quase 500 mil habitantes. Significância que também tem o Hospital Municipal Carlos Chagas (HMCC), responsável pelo atendimento SUS da população de Itabira e outras 12 cidades da região.
Investimentos futuros
Com a previsão de encerramento da exploração das minas de Itabira para daqui a uma década, cresceu a necessidade de investimentos que independam do setor minerário. E o município enxerga no desenvolvimento da tecnologia o seu futuro econômico. Tendo como indutores o campus da Unifei, são vislumbrados hoje um Parque Científico Tecnológico e um aeroporto industrial.
O dinheiro para os projetos viria da China. A Prefeitura busca um empréstimo de 210 milhões de dólares de uma multinacional do país e daria como garantia os royalties da mineração. É aguardada nos próximos meses a visita dos chineses ao município para assinatura de um Memorando de Entendimento (MOU).
A execução dos novos projetos aconteceria paralelamente à “nova mineração” proposta pela Vale. A empresa garante que se manterá em Itabira mesmo após o fim da capacidade produtiva de suas minas, isso graças aos investimentos que fez para ter no município usinas com capacidade de beneficiar o minério de ferro que virá de outras cidades do quadrilátero ferrífero.
“O foco excessivo na mineração nos faz fechar os olhos para o que está acontecendo. Apesar das dificuldades, Itabira tem conseguido manter seu dinamismo. Outro dia tivemos um processo na Prefeitura e houve disputa para ocupação de áreas no Distrito Industrial. O nosso agronegócio também é outro setor que se fortalece. Isso, claro, beneficia os demais setores e impacta de maneira positiva na questão dos imóveis. É muito nítido o quanto a demanda cresceu”, avalia Eugênio Müller, da Acita.
Mais projetos significam mais dinheiro circulando, que resultam em mais emprego e mais oportunidades para quem já mora em Itabira ou para quem vem para a cidade tentar uma vida melhor. Um novo fôlego para o setor imobiliário. Imaginar um novo boom é algo ainda fora da realidade, mas as fagulhas já animam quem amargou a letargia em anos anteriores.