Documentos apontam interesse da Vale em minerar em áreas evacuadas de Barão de Cocais
Moradores de Barão de Cocais denunciaram nesta manhã, durante reunião com deputados federais da CPI de Brumadinho, na Câmara Municipal, que a mineradora Vale tem interesses em áreas evacuadas próximas à Mina de Gongo Soco, cuja barragem Sul Superior está em risco máximo de alerta de rompimento: nível 3. Devido ao perigo iminente de colapso […]
Moradores de Barão de Cocais denunciaram nesta manhã, durante reunião com deputados federais da CPI de Brumadinho, na Câmara Municipal, que a mineradora Vale tem interesses em áreas evacuadas próximas à Mina de Gongo Soco, cuja barragem Sul Superior está em risco máximo de alerta de rompimento: nível 3. Devido ao perigo iminente de colapso da represa, os moradores da região foram retirados do local.
O interesse da mineradora na região foi denunciado por meio da apresentação de documentos por proprietários de terrenos em Barão de Cocais. Trata-se de Autorização para Fins de Estudos Espeleológicos e Identificação de Cavidades, permitindo que a Vale faça pesquisas na área privada. As acusações foram consideradas gravíssimas pelos membros da CPI, que vai investigar o caso. “Tivemos uma denúncia gravíssima aqui. De que a vale possivelmente agiu de forma premeditada, fez a evacuação porque tem interesse de explorar a mineração debaixo da terra das pessoas que foram evacuadas. Isso é inadmissível”, declarou a deputada Áurea Carolina (PSOL-MG), integrante da CPI.
Um dos documentos é assinado pelo cocaiense Rogério Pereira Dias e dois representantes da Vale, datado de 14 de março de 2011 (veja anexo) . “Os estudos a serem realizados envolvem apenas trabalho de inspeção visual, sem nenhum tipo de intervenção na propriedade, com o objetivo de identificar e mapear cavidades”, diz trecho da autorização.
Outro cocaiense procurado pela Vale foi o comerciante Geraldo Magela Ribeiro Leal, 57, que tem um sítio perto da Mina de Gongo Soco, desde 1994. Ele disse que também foi interpelado por um funcionário da Vale para estudos espeleológicos em uma área que fica sob o imóvel construído no terreno. Segundo ele, o que mais chamou a atenção foi verificar que a autorização foi dada ao Setor de Aquisição de Compras de Imóveis da Vale. “Aí eles me deram um documento pedindo a autorização para fazer o exame. Depois vi que se tratava de um documento de setor de aquisição de compras de imóveis da Vale”, declarou.
Outro lado
Procurada por DeFato Online, a Vale afirmou que a evacuação das comunidades próximas à barragem Sul Superior cumpriu o protocolo determinado pelo Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração (PAEBM), que só foi acionado “após a elevação do nível de alerta” na estrutura de contenção de rejeitos.