Conhecido como ‘o rei do rádio’, Nelson Gonçalves ainda mantém fãs apaixonados
O cantor gaúcho Nelson Gonçalves, que com sua voz grave e potente imortalizou a canção “A Volta do Boêmio”, completaria cem anos na próxima sexta-feira (21). Nem sua morte, há duas décadas, fez com que seus fãs deixassem de cultuar a carreira daquele que entrou para a história como o “rei do rádio”. São colecionadores […]
O cantor gaúcho Nelson Gonçalves, que com sua voz grave e potente imortalizou a canção “A Volta do Boêmio”, completaria cem anos na próxima sexta-feira (21). Nem sua morte, há duas décadas, fez com que seus fãs deixassem de cultuar a carreira daquele que entrou para a história como o “rei do rádio”.
São colecionadores de discos, crooners ou até fãs que se reúnem no Bar do Nelson, na Santa Cecília (região central de SP), para escutar o ídolo, assistir a shows cover e relembrar de uma época em que o romantismo ditava os costumes.
“Sou dessa época de ouro, em que era possível para a juventude ser romântica. Quando vou ao bar, sinto-me como nos tempos em que frequentava os shows dele”, conta a aposentada Clarice Berto, 73, que tem uma coleção de mais de 300 discos do cantor, iniciada ainda durante a adolescência.
Ela conta que conheceu Nelson Gonçalves pessoalmente quando participava com a mãe espanhola, fã do artista, da plateia de programa de rádio em que o cantor era a atração. “Ele era gago e falava pouco, mas era extremamente simpático. Eu tinha uma paixonite por ele, mas era uma menina, muito jovem.”
Clarice afirma que sente falta dos shows do cantor desde a sua morte, em 1998. “Vi mais de 30 apresentações. Coisas tão lindas, como Nelson Gonçalves, não morrem jamais.”
Outro fã de carteirinha, também desde a tenra idade, é o crooner Stenio Mello, 63, que há 34 faz shows com repertório do ídolo. “Meu pai era fã também. Lembro do sacrifício que era comprar um disco, mas era um prazer enorme quando conseguíamos.” Mello lembra, ainda, que sua mulher, Vera Lúcia Mello, 64, era vizinha de Nelson Gonçalves quando o cantor viveu no Brás (região central de SP).
“Nelson saía com seu violão e ia para os bares. Vera o adorava. Mas o tio a proibia de andar com ele. Dizia que era coisa de vagabundo. E eu, que também já era fã, nem a conhecia ainda. Namoramos muito escutando as músicas dele”, conta.
A empresária Lilian Gonçalves, 68, filha do cantor, afirma que as pessoas o idolatram. “Os mais antigos choram e lamentam a morte dele, como se fosse uma pessoa próxima. Todos são verdadeiramente apaixonados e alucinados por ele”, diz.
“Acho que ele foi o artista brasileiro mais idolatrado da história da cultura brasileira, tanto pelos homens quanto pelas mulheres. Os homens gostariam de sê-lo, e as mulheres gostariam de tê-lo.”
Lilian, que é dona do Bar do Nelson, conta que uma vez cerca de 30 mulheres foram ao local após encontro marcado pela internet. “Elas não queriam revelar porque estavam ali, mas, por fim, confessaram: eram todas ex-namoradas dele.”