Afinal, exames laboratoriais devem ser com ou sem jejum?

O fim do jejum de 12 horas mereceu, recentemente, uma publicação conjunta elaborada pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, Sociedade Brasileira de Análises Clínicas, Sociedade Brasileira de Diabetes, Sociedade Brasileira de Cardiologia – Departamento de Aterosclerose e Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Trata-se do Consenso Brasileiro para Normatização da Determinação Laboratorial do Perfil […]

Afinal, exames laboratoriais devem ser com ou sem jejum?
Drª. Aulísia Vieira Duarte e Drª. Sandra Vieira Duarte|||

O fim do jejum de 12 horas mereceu, recentemente, uma publicação conjunta elaborada pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, Sociedade Brasileira de Análises Clínicas, Sociedade Brasileira de Diabetes, Sociedade Brasileira de Cardiologia – Departamento de Aterosclerose e Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Trata-se do Consenso Brasileiro para Normatização da Determinação Laboratorial do Perfil Lipídico (colesterol, HDL-c, LDL-c e triglicérides).

As evidências científicas acumuladas são favoráveis à flexibilização, considerando diversos fatores. O mais relevante deles é o habitual predomínio do estado sem jejum no indivíduo, que se correlaciona melhor com a avaliação do risco cardiovascular. De fato, alguns pacientes que anteriormente poderiam apresentar uma falsa redução dos níveis de colesterol (Col) e triglicérides (TG) e, consequentemente, teriam o risco cardiovascular subestimado.

Somam-se a estas considerações diversos elementos facilitadores da adesão à dosagem, como a praticidade de ida ao laboratório em horário mais flexíveis, a redução de dias trabalhados, o abandono de consulta médicas por falta de exames, a redução da dificuldade da realização do jejum no grupo de pacientes diabéticos, crianças e idosos.

No presente cabe ao médico especificar qual deve ser o estado metabólico no qual deseja que o exame do seu cliente seja realizado e o laboratório avaliará a possibilidade de atendê-lo, informando no laudo o período de jejum. A resposta adequada à pergunta: “com ou sem o jejum?” dependerá de diferentes cenários clínicos. Veja na tabela abaixo, modificada de Driver, S.L. e cols. quais são as principais indicações:

O algoritmo abaixo foi proposto pela AHA (American Heart Association), que introduz um conceito útil na avaliação dos triglicerídeos, considerando um valor de corte de 200mg/dL. O fundamento é que se o indivíduo possui valores menores do que 150mg/dL em jejum, uma refeição habitual não deverá elevar em mais de 20% o nível de triglicérides, não superando o valor de 200mg/dL. Se os valores obtidos sem jejum ultrapassarem este corte, então deve-se obter uma nova amostra em jejum. Porém, se inicialmente forem obtidos resultados de triglicérides que ultrapassam 1.000mg/dL, por exemplo, deve-se de imediato tomar medidas que previnam a pancreatite.

Consenso Brasileiro para a Normatização da Determinação Laboratorial do Perfil Lipídico (colesterol, HDL-c, LDL-c e triglicérides)

Abaixo, apresentamos a tabela com valores de alvo terapêutico nas duas situações, com e sem o jejum segundo a categoria de risco para adultos acima de 20 anos. Observa-se que valores inferiores a 175mg/dL são aceitáveis para triglicérides mensurados sem o jejum.

 

Avaliar o perfil lipídico e demais critérios metabólicos é muito útil para fornecer ao cliente importantes orientações sobre as mudanças no seu estilo de vida que tragam um efetivo impacto na saúde. A adesão do paciente para a redução do risco de eventos cardiovasculares é fundamental. Portanto, a explanação do histórico clínico, dos resultados dos exames iniciais e de acompanhamento do cliente, quando apresentados a ele pelo médico no momento ideal podem influir positivamente nesta decisão. Coletar com ou sem o jejum é uma informação que deve ser expressa na solicitação de exames laboratoriais.

  • Aulísia Maria Vieira Duarte – CRF: 6-9535
    Bioquímica – Mestre em Imunologia Clínica pela Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, especialista em Microbiologia pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde (INCISA), especialização em Hematologia Laboratorial (AC&T), VIII Curso de Molecular Mycology em Michigan State University USA
  • Sandra Maria Vieira Duarte – CRF: 6- 8673
    Bioquímica – Especialista em Análises Clínicas pela Sociedade Brasileira de Análises Clínicas, (SBAC), especialista em Microbiologia pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde (INCISA), especialização em Hematologia Laboratorial (AC&T), VIII Curso de Molecular Mycology em Michigan State University USA

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