Prefeito de Barão diz que serviço da Copasa é “inaceitável” e indica processo para troca de fornecedora de água

Detentora da concessão de água por 25 anos na cidade, Copasa poderá enfrentar em breve outras empresas no pleito pelo abastecimento

Em meio a pandemia do coronavírus em que a principal recomendação é higienizar-se corretamente, lavando as mãos com frequência, Barão de Cocais vive uma luta com a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), detentora da concessão de água há 25 anos na cidade. Moradores ficaram cerca de três dias sem abastecimento, o que levou o prefeito Décio Santos (PSB) a ir às redes sociais criticar o trabalho da empresa na cidade: “Isso é inaceitável!”

Por meio de sua página no Facebook, Décio se pronunciou sobre a situação em Barão de Cocais e garantiu que a Copasa está sendo duramente cobrada pelo poder público.

“Me sinto na obrigação de gravar esse vídeo para demonstrar minha indignação, do Poder Público, e tenho certeza a indignação de cada cocaiense hoje em relação à Copasa, quanto à falta de água. A Copasa tem uma concessão de água de 25 anos, que se encerra este ano. Eu tenho para mim que a falta de água não é culpa da prefeitura, mas é responsabilidade da prefeitura. Como prefeito em tenho que cobrar. Estamos aqui há praticamente dois dias sem água. Tem bairros que estão há três dias sem água em plena pandemia de coronavírus. Isso é inaceitável gente. Estou cobrando da Copasa o tempo todo”, disse o prefeito.

Décio ainda citou sobre o encerramento da concessão da Copasa em Barão de Cocais neste ano. E abriu um chamamento público para que haja a possibilidade de outras empresas concorrerem ao serviço do abastecimento. 

“Quero deixar claro que, como a concessão da Copasa vence este ano, eu já abri um chamamento público para que as empresas que tenham interesse de administrar o abastecimento de água aqui em Barão de Cocais possam participar. Esse contrato a gente deve fazer esse ano, se Deus quiser. Independentemente da empresa que ganhar, pode ser que seja a própria Copasa, o contrato que faremos vai ser muito rígido, que dará punições à essas falhas”, explicou Décio.

Moradores enfrentam problemas

Morador do bairro Sagrada Família, Matheus Guimarães conta a dificuldade da família nos dias sem água. Com quatro pessoas em casa, o jeito foi recorrer ao álcool em gel e torcer para que o abastecimento voltasse.

“Ficamos dois dias sem praticamente sem água. Minha mãe tem imunidade baixa e por ser portadora de doença autoimune não pode tomar vacina nenhuma. Temos que tomar muito cuidado nas questões de higiene. Meu irmão tem histórico de problemas respiratórios. Ficar sem poder lavar as mãos em casa e tomar banho, que é o básico, deixa a gente apreensivo demais”, disse.

Matheus ainda relata que, apesar do problema ter sido pontual em seu bairro, diversos outros locais da cidade passam com frequência pela falta de água

“Eles não avisam com antecedência nunca. Postam as coisas de qualquer jeito na internet como se todo mundo tivesse acesso. No nosso bairro não acontece com muita frequência, mas nos bairros mais afastados, como Garcia, quase toda semana eles [a Copasa] postam que tiveram que interromper o abastecimento. Sempre em cima da hora. É uma vergonha”, conta.

Quem também falou sobre a situação foi a auxiliar de serviços gerais Bruna Santos. Ela mora no bairro Santo Antônio com o marido e uma filha de apenas dois meses. A saída encontrada pela família foi utilizar lenços umedecidos e comprar água mineral para fazer comida e lavar vasilhas.

“É lamentável essa situação que chegamos com a Copasa. Moramos em um bairro pobre. Graças a Deus tivemos condições de comprar um galão de água para as coisas mais urgentes, como comida e para beber mesmo. Fiquei imaginando os meus vizinhos, como fariam nesse momento. Essa madrugada (23) quando ouvi a água caindo na caixa, corri para lavar o banheiro.Estava terrível e o meu medo era parar de cair. Até o momento, mesmo que com pouca vazão, a água está chegando”, relatou Bruna.

Justificativa da Copasa

Procurada por DeFato Online, a Copasa respondeu que o abastecimento foi normalizado na cidade nesta quinta-feira (23) e que “a companhia esclarece que o fornecimento de água ficou prejudicado devido à manutenção emergencial na unidade de bombeamento da captação do rio São João. A Copasa ressalta que o serviço foi concluído na noite de ontem quarta-feira (22)”.

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