Saúde emocional em tempos de quarentena – estamos indo bem?

Um dos assuntos mais discutidos, nos dias de hoje, a respeito da pandemia do coronavírus, tem relação com o desafio de manter uma boa saúde mental nesse período de isolamento. Logo, mesmo que esse texto possa soar repetitivo para alguns, faz-se necessário falar sobre esse assunto, pois ninguém nunca vivenciou um evento como esse na vida e, portanto, não estávamos preparados para essa carga de estresse extra, como o medo do contágio, quebra do cotidiano, isolamento, bombardeio de notícias, adoecimento e morte de conhecidos e familiares, problemas financeiros e sociais.

Essa situação gera incertezas, quebrando nossa necessidade de nos sentirmos seguros e de estarmos no controle de tudo. Em consequência, podem surgir sentimentos negativos como o medo, pânico, desamparo, raiva, desânimo, tristeza e até mesmo agravamento ou surgimento de doenças mentais como depressão, transtorno do pânico, insônia, vícios (internet, álcool, maconha, medicamentos calmantes etc.). Se você está com esses sentimentos negativos a maior parte do tempo, que estão lhe prejudicando em realizar suas atividades do dia a dia e lhe trazendo um sofrimento muito grande, está na hora de procurar uma ajuda profissional, seja no posto de saúde ou com seu médico de confiança para uma primeira avaliação ou com algum profissional da saúde mental como psicólogo ou psiquiatra.

Em Itabira, o SUS oferece tratamento em saúde mental para os casos graves e urgências nos três Centros de Atenção Psicossocial (CAPS): o CAPS adulto, o CAPS infantil e o CAPS AD (para casos de dependência ao álcool e outras drogas em adultos).

Saber qual o melhor caminho para lidar com a dor da alma não é tão simples quanto parece, pois o que pode dar certo para um pode não dar certo para o outro, mas, de modo geral, temos visto bons resultados se você conseguir manter sua rotina ou, se não tiver, que tente criar uma (os seres humanos gostam de hábitos) como, por exemplo: manter equilibradas a alimentação, hidratação, sono, exercício físico e lazer, buscar sua rede de apoio, mesmo ela sendo à distância, como amigos, familiares e vizinhos (unidos somos mais fortes), ser prático como criar uma lista dos itens que você precisa resolver (fazer a declaração do imposto de renda, por exemplo), ou começar aquilo que você sempre quis fazer e nunca teve tempo, como organizar o armário, aprender a tocar um instrumento ou ler um livro, ter um tempo para a introspecção como meditação, relaxamento, oração e não ficar ligado o tempo todo em redes sociais e noticiários.

Mesmo que muitas pessoas estejam sofrendo nessa pandemia, sabe-se que uma grande parte conseguirá lidar com tudo isso e se manter saudável. Serão aquelas com capacidade de identificar seus medos, compreender as suas causas e, a partir de então, se reorganizarem em ações para enfrentar a realidade e deixar de batalhar com fantasmas. No final de tudo, traremos na bagagem uma nova experiência de vida, que nos tornará mais sábios e fortes. Para aqueles que sofrerem traumas maiores e adoecerem estaremos aqui para oferecer apoio e tratamento adequados.

Cássio Hermes de Andrade é psiquiatra – CRM 44103

Laboratório Nossa Senhora das Dores (LNSD)
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