Falta de água em Conceição motivou mais de 2 mil reclamações em sete meses contra a Copasa
A insatisfação com o serviço da empresa foi atestado por relatório de fiscalização feito pela Arsae-MG este ano
A população de Conceição do Mato Dentro foi avisada pela Copasa de que faltará água na cidade neste fim de semana. A concessionária informou a suspensão do abastecimento entre o sábado (27) e o domingo (28) por causa de uma manutenção na Estação de Tratamento de Água (ETA). Um fato que poderia ser recebido com naturalidade, se não fosse o vasto histórico de reclamações da população contra a prestação de serviço da empresa pública. A falta de água no município é recorrente e já motivou mais de 2 mil questionamentos somente nos últimos sete meses, como mostra relatório da Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário de Minas Gerais (Arsae/MG) ao qual DeFato Online teve acesso.
O relatório foi construído pela Arsae justamente por causa da quantidade de queixas. Segundo a agência reguladora, entre julho de 2019 e janeiro de 2020 foram 2.367 reclamações contra o serviço prestado pela Copasa em Conceição do Mato Dentro. No documento, o órgão fiscalizador questiona a demora para resolução dos problemas e fala em situação “grave e que requer medidas emergenciais”.
No detalhamento, os bairros Vila Caetado, Vila São Francisco e Córrego Pereira são os mais afetados pelo desabastecimento. Essas localidades são as mesmas que tiveram tarifas de esgoto cobradas indevidamente pela Copasa, como mostrou DeFato Online na última semana. Somadas, as reclamações dos moradores desses bairros chegam a 1.431: 908 da Vila Caetano, 325 da Vila São Francisco e 198 do Córrego Pereira.
Bombas elétricas
A avaliação da Arsae-MG questionou a justificativa da Copasa de que a falta de água recorrente é consequência das interrupções no abastecimento de energia. “A morosidade em buscar implementar alternativas de energia requerem ações urgentes, ajustes estruturais e operacionais para otimizar os serviços prestados e, assim, reduzir e/ou eliminar as insatisfações pontuadas pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, pela Câmara de Vereadores de Conceição e usuários”, registrou o relatório.
Além disso, a agência deixou claro que a Copasa não apresentou a comprovação do cumprimento do plano de amostragem exigido no contrato da empresa, bem como também não entregou a comprovação do atendimento padrão de potabilidade do recurso oferecido.
“[…] plano de amostragem é a única forma de atestar a qualidade da água distribuída para consumo humano. Portanto, o desabastecimento pode gerar problemas pontuais de qualidade de água, sendo necessário o descarte da primeira água pós-interrupção, pois essa pode desprender e carrear sólidos que estão incrustados na rede de distribuição”, destaca a avaliação.
Resposta
Ao ser questionada sobre o relatório, a Copasa informou que reconhece a problemática e vai se comprometer a adotar ações para sanar ou reduzir os transtornos provocados pela falta de água. Entre as medidas, a empresa afirmou que está operacionalizando a nova Estação de Tratamento de Água (ETA), com a construção de um reservatório de 300 metros cúbicos, e as obras de ampliação do sistema de abastecimento de água para assim atender a população de maneira satisfatória. A empresa também informou que o sistema de esgotamento sanitário receberá cerca de R$ 3 milhões em investimentos para a implantação das redes coletoras de esgoto, interceptores, elevatória de esgoto e ligações prediais.