Desempenho em campo é apenas um reflexo do que é o Cruzeiro como instituição

Com a derrota do último sábado, clube não possui chances matemáticas de acesso

Desempenho em campo é apenas um reflexo do que é o Cruzeiro como instituição
A indefinição sobre a permanência de Luis Felipe Scolari é um dos problemas a serem resolvidos pela Raposa. Foto: Cruzeiro/Twitter

Novo jogo, velho roteiro. O Cruzeiro entrou em campo no último sábado (16), em partida contra o Juventude, e voltou a perder na Série B. A atuação, assim como as demais, esteve longe do ideal, apesar da nítida melhora no segundo tempo, quando passou a maior parte do tempo no campo de defesa da equipe gaúcha.

Com a derrota, findaram-se as chances matemáticas de acesso à Série A, o que em nenhum momento pareceu algo próximo da Raposa. O planejamento mal feito e os problemas extra-campo sempre minaram qualquer tentativa de reação dentro de campo.

Na última quarta-feira (13), após a derrota para o lanterninha Oeste, Rafael Sobis disse que a imprensa não conhece nem “10% dos problemas do clube”. E provavelmente ele está certo, já que naquela mesma noite foi divulgado um bastidor que não era de conhecimento geral.

A notícia era de que jogadores mais experientes do elenco, como Fábio, Manoel e o próprio Sobis, estavam ajudando funcionários com cargos mais modestos a pagarem suas contas por conta dos salários atrasados. Atraso que já chega a três meses. Ainda foi revelada a falta de satisfação da diretoria com os jogadores e colaboradores do Cruzeiro.

Diante de informações como essas, como podemos basear nossas análises apenas pelo que acontece no campo? Como exigir de um atleta o foco e a concentração necessária para atuar em alto nível dentro desse cenário? Você, leitor, acha que conseguiria trabalhar em seu ritmo normal sem receber salários há três meses?

Sem falar nas outras trapalhadas ocorridas durante a temporada. A troca constante de diretores e treinadores, as punições recebidas por dívidas não pagas, as eleições do conselho com cartas marcadas…

Tudo isso interfere dentro das quatro linhas e não pode fugir dos olhares do torcedor. A procura por culpados já atingiu até o lateral esquerdo Matheus Pereira, uma das revelações do clube e um ativo no mercado cruzeirense. Não nos esqueçamos que se trata de um jovem alçado ao time titular neste ano em meio a uma fogueira.

O grupo de jogadores não pode carregar a maior parte da responsabilidade. Apesar dos pesares, é perceptível que os atletas se entregam, mas só isso não basta.

Enquanto não se organizar como clube e promover as tão esperadas mudanças prometidas ao torcedor, o time continuará sofrendo em campo e sendo um reflexo da instituição Cruzeiro Esporte Clube.

Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.

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