Governo Federal autoriza empresas a comprarem vacina contra Covid-19

Empresas privadas têm se organizado para viabilizar a compra de doses da vacina contra a Covid-19 para imunizar seus colaboradores e não verem as suas atividades interrompidas. Nesta terça-feira (26), foi dado um importante passo em direção a esse objetivo, já que o Governo Federal voltou atrás e deu aval para que os empresários adquiram os imunizantes.

Na primeira quinzena de janeiro, representantes do Ministério da Saúde, das Comunicações e da Casa Civil afirmaram que companhias privadas não poderiam comprar vacinas contra o coronavírus. De acordo com eles, o processo de imunização ficará a cargo do Governo Federal. As declarações foram dadas em uma reunião promovida pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Porém, desde a semana passada, empresários têm se reunido e buscado alternativas para conseguir reverter a decisão do Governo Federal e liberar a compra das vacinas. Na segunda-feira (26), aconteceu mais um encontro e, nele, foi abordada a aquisição de 33 milhões de doses do imunizante produzido pela farmacêutica AstraZeneca em parceira com a Universidade de Oxford.

Ao menos 12 empresas estariam envolvidas nessa discussão: Vale, Gerdau, JBS, Oi, Vivo, Ambev, Petrobras, Santander, Itaú, Claro, Whirlpool e ADN Liga. Mas não é descartada a possibilidade de que outras companhias se juntem ao grupo.

Agora, as empresas privadas podem começar a articular a compra desses imunizantes. Já que o Governo Federal enviou uma carta para a fabricante AstraZeneca dando o aval para que o negócio possa avançar.

Condições

Informações apontam que o Governo Federal, no documento em que autoriza a compra da vacina pelas empresas, determina algumas condições para a realização do negócio. Entre elas: aplicação gratuita dos imunizantes nos empregados; proibição da comercialização das doses pelas companhias; e utilização de um sistema de rastreio das vacinas.

Além disso, o Governo Federal também estabelece que metade dos imunizantes adquiridos pelas empresas sejam doadas para o Sistema Único de Saúde (SUS). Podendo, assim, reforçar o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19.

Governo Federal

Nesta terça-feira (26), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) falou sobre a intensão das empresas de adquirirem as doses da vacina. Segundo ele, o Governo Federal enviou uma carta de intenções favorável à compra de 33 milhões de doses da AstraZeneca por companhias brasileiras.

Bolsonaro, ainda, defendeu que metade dessas doses sejam doadas ao SUS. Já a outra metade, aplicadas em colaboradores da empresa — garantindo, assim, que a economia do país não pare.

“Semana passada nós fomos procurados por um representante de empresários e nós assinamos carta de intenções favorável a isso, para que 33 milhões de doses da Oxford viessem do Reino Unido para o Brasil, a custo zero para o governo. E metade dessas doses, 16,5 milhões, entrariam aqui para o SUS e estariam então no programa nacional de imunização, seguindo aqueles critérios, e outros 16,5 milhões ficariam com esses empresários para que fossem vacinados, então, os seus empregados, para que a economia não parasse”, afirmou Bolsonaro durante o “Latin America Investment Conference 2021”, live organizada pelo banco Credit Suisse.

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) afirmou, também nesta terça-feira, que concorda com a compra das vacinas por empresas privadas. Ele, ainda, destacou que não prejudica o plano nacional de imunização. “Eu acho que é uma iniciativa coerente dentro do que já haviam propugnando por isso, comprariam uma quantidade X aí, metade seria destinada ao Sistema Único de Saúde e a outra metade faria o adiantamento da vacinação dessas empresas, que isso fortalece a nossa economia”, ressaltou.

AztraZeneca

Embora tenham conseguido o aval do Governo Federal para comprar a vacina, as empresas brasileiras terão que superar um novo desafio para realizarem o negócio. A farmacêutica AztraZeneca, também nesta terça-feira, por meio de uma nota, afirmou não ter doses disponíveis de vacina contra a Covid-19 para o mercado privado.

“No momento, todas as doses da vacina estão disponíveis por meio de acordos firmados com governos e organizações multilaterais ao redor do mundo, incluindo da Covax Facility, não sendo possível disponibilizar vacinas para o mercado privado”, afirma a AstraZeneca em nota.

Além disso, a farmacêutica destacou que mais de 100 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca estarão disponíveis para o Brasil — como parte do acordo firmado com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A empresa, ainda, ressaltou que outras 110 milhões de frascos serão produzidos pela Fiocruz no segundo semestre de 2021.

“Nos últimos sete meses, trabalhamos incansavelmente para cumprir o nosso compromisso de acesso amplo e equitativo no fornecimento da vacina para o maior número possível de países ao redor do mundo”, disse a AstraZeneca, em nota.