Barão de Cocais: aglomerações em pátios de empresas geram preocupação
A prefeitura já acionou a Vale, que afirma desenvolver plano de ação para reduzir risco de contágio entre trabalhadores
Moradores de Barão de Cocais denunciam aglomerações em ambientes de trabalho de empreiteiras instaladas na cidade. Na contramão da onda roxa do Minas Consciente, a fase mais restritiva do programa em vigência no município, publicações em redes sociais relatam o descumprimento de protocolos de segurança no pátio da ECB (Empresa Construtora Brasil), onde circulam centenas de trabalhadores todos os dias.
A empreiteira é uma das contratadas da Vale para obras da barragem Torto. Em imagens veiculadas pela imprensa local, os trabalhadores usam máscara, mas estão amontoados no pátio, sem um distanciamento mínimo: ambiente propício à contaminação pelo novo coronavírus.
Segundo o último boletim epidemiológico, divulgado na noite de quarta-feira (10), 17 pessoas morreram por complicações da covid-19 em Barão de Cocais. No município, não há leitos disponíveis e a principal unidade de referência, em Itabira, tem 100% das vagas de UTI ocupadas.
O prefeito da cidade, Décio dos Santos (PSB), tomou conhecimento dos relatos de aglomerações e disse que é grande a preocupação com a saúde e a segurança dos trabalhadores. Barão de Cocais contratou, segundo ele, pelo menos 3 mil funcionários no último ano para obras em mineração.
“A Prefeitura pediu à Vale, de forma informal, que coloque o máximo de pessoas para trabalhar em home office, e possa repensar o que não é prioritário na produção neste momento. Nossa fiscalização mantém seu trabalho e observa situações como o transporte dos trabalhadores e as filas geradas nos exames admissionais”, disse, por telefone.
Ontem (10), o Grupo DeFato contatou o escritório da ECB S.A., em Belo Horizonte, por telefone e por e-mail. Até a publicação da matéria, a empresa não havia se manifestado sobre o caso.
Em nota, a Vale informou que tão logo tomou conhecimento do ocorrido, procurou a empresa contratada e desenvolve um plano de ação para aumentar a fiscalização nas obras da barragem Torto, na Mina Brucutu. “Importante reforçar que desde o início da pandemia a Vale vem adotando todas as medidas para a proteção dos empregados e terceiros contra a covid-19 em todas as localidades onde atua”, manifestou.
A empresa disse também que “colocou em prática um conjunto de ações rigorosas, como uso de máscaras, medidas de distanciamento social, higienização, triagem diária e testagem em massa, além do trabalho remoto para todas as funções elegíveis e para empregados dos grupos de risco aumentado para covid-19, conforme orientação do Ministério da Saúde”.
Barragem Torto
O projeto barragem Torto está em fase de implantação no distrito de Cocais, em Barão de Cocais, desde 2019. Segundo a Vale, em março do ano passado, foi iniciado o transporte de materiais de áreas externas para a construção da estrutura, atividade que seguirá até o próximo mês de maio.
A mineradora defende que a implantação é fundamental para a continuidade das operações na Mina Brucutu e a consequente manutenção dos empregos gerados por sua operação, bem como dos impostos destinados para o território.