Vereador endurece tom contra governo: “Itabira está sem gestão”

Discussões sobre a atuação da Itaurb geram embate entre parlamentares, que rompem tom sereno e equilibrado com a nova gestão

Vereador endurece tom contra governo: “Itabira está sem gestão”
Neidson protagonizou embate durante a reunião dessa terça-feira. Foto: Reprodução/Google Meet

A semana é de estremecimento na relação entre o governo de Marco Antônio Lage (PSB) e a Câmara de Vereadores. As manobras para afinar o diálogo com o Legislativo não emplacaram até aqui e o clima de embate começa a esquentar. Na sessão ordinária de terça-feira (16), o vereador Neidson Freitas (MDB) subiu o tom contra o líder do governo Juber Madeira (PSDB) e disparou: “a cidade está sem gestão”.

Vereadores vêm apresentando uma série de indicações à Prefeitura pedindo serviços básicos como roçagem, capina e varrição nos bairros. O mato alto tem incomodado moradores, preocupados com a violência urbana e o crescimento de casos de dengue, já que no primeiro Levantamento do Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) de 2021, divulgado no mês passado, Itabira apresentou taxa de 8,3%, com risco de surto (o risco existe quando o valor é superior a 4%).

O vereador Sidney Marques – “Sidney do Salão” (PTB) – lamentou a falta de resposta da Prefeitura às indicações dele e dos pares e a enxurrada de reclamações que chegam das bases eleitorais. “Nós estamos, quase, tendo que andar a cavalo pela cidade. Está difícil o acesso, em diversos pontos”, ironizou. As queixas foram muitas e compartilhadas entre os mais moderados. “Esperamos respostas rápidas e com ações”, comentou Luciano “Sobrinho” (MDB).

Vereador endurece tom contra governo: "Itabira está sem gestão"
Leitor enviou registro de praça tomada pelo mato no bairro Juca Rosa. O registro é desta quarta-feira (17). Foto: enviada por leitor

Para responder às críticas, Juber Madeira replicou o discurso de sucateamento da Empresa de Desenvolvimento de Itabira (Itaurb), responsável pela limpeza urbana. “Lamentavelmente, grande parte dos equipamentos recebidos pela Itaurb estão sucateados”, disse. O líder do governo falou também do desafio da mão de obra na empresa pública, onde tramita um processo seletivo simplificado para a contração de 91 novos profissionais – há dezenas de trabalhadores afastados durante a pandemia do novo coronavírus.

O posicionamento de Juber inflamou Neidson, que questionou o fato do líder ter atuado na base do ex-prefeito Ronaldo Magalhães (PTB) nas eleições de 2020 e conhecer a realidade da Itaurb. Em 2019, quando rondantes foram dispensados do quadro de pessoal, a empresa acumulava uma dívida pública de aproximadamente R$ 50 milhões. Neidson citou também que para suprir o afastamento de servidores com comorbidades, a Prefeitura celebrou no ano passado contratos para a locação de caminhões e o fornecimento de mão de obra para suporte à coleta de resíduos sólidos. Os contratos foram suspensos pela atual gestão.

“A cidade está sem gestão. As pessoas que assumiram a administração não têm conhecimento. Trouxeram currículo, no papel, mas na prática a população já pode ver as ruas abandonadas, com mato para todo lado”, comentou Neidson.

O emedebista criticou a demora por soluções de gestão e lembrou a visita à Câmara do atual diretor-presidente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), José Antônio Reis Lopes, em 23 de fevereiro, ocasião em que o representante encarou dificuldades para se posicionar quanto aos problemas da autarquia.

“É um discurso repetido de que nada funcionava na cidade. E é mentira, nós sabemos disso. Tivemos a presença do diretor-presidente do Saae na Câmara. Foi vexatória! (…) As maquinas da Itaurb sempre estiveram sucateadas. Não foram compradas outras porque a Itaurb hoje tem uma duvida que ultrapassa R$ 60 milhões. O que existia no governo passado eram contratos que davam suporte a essa empresa. Todo um mutirão que foi desmanchado pelo atual governo. Espero que o senhor [Juber] tenha o bom senso de reconhecer quando o governo está errando”.

As longas discussões foram interrompidas por outras manifestações dos vereadores, como a anulação do direito de uso por 15 empresas da cidade em terrenos cedidos pela Prefeitura.