Presídio: Rose Félix quer explicações sobre falas de Marco Antônio Lage
Motivada pelas declarações do prefeito sobre a recusa por uma unidade prisional de grande porte em Itabira, a vereadora cobrou dados oficiais que sustentem os argumentos do Executivo
As declarações do prefeito Marco Antônio Lage (PSB), sobre os motivos de ter recusado uma unidade prisional de grande porte em Itabira, tem causado grande repercussão. Depois de ter motivado uma nota de repúdio por parte do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de Minas Gerais (Sindasp-MG), agora levou a vereadora Rosilene Félix Guimarães (MDB) a cobrar explicações do líder do Executivo sobre o seu posicionamento.
Na reunião da Câmara de Itabira, realizada na última terça-feira (6), Rose Félix apresentou um requerimento pedindo dados sobre a população preta em Itabira — quantitativo, nível de escolaridade, faixa etária, dentre outros. Além disso, solicitou informações sobre o número de pessoas que mudaram para o Município por ter familiar preso na cidade e quantas residências foram erguidas no entorno do presídio localizado no rio de Peixe, quando ele estava em operação.
No lançamento da moeda social Facilita, na quarta-feira (30), e em uma live realizada na quinta-feira (1º), Marco Antônio Lage alegou como um dos motivos para ter rejeitado a construção de um presídio de grande porte a migração de famílias de presos para a cidade, o que poderia ocasionar no surgimento de uma “favela” e em grande impacto social:
“Um presídio com 600 lugares pode significar 1.800 presos de fora. Em médio e longo prazo representa 1.800 famílias que migrariam para Itabira sem emprego, sem comida, sem escola, sem casa… E que iriam aglomerar em volta do presídio formando uma grande favela. Isso tem um impacto, um ônus muito grande para o poder público, que precisa cuidar dessas pessoas com educação, saúde. Então, não justifica a criação de 200, 250 empregos em um presídio que vai gerar transtorno muito grande em nossa cidade”, avaliou Marco Antônio Lage.
Dessa forma, em seu requerimento, Rose Félix destaca que o prefeito, em suas declarações, afirma “que não tomaria a decisão irresponsável de aceitar um presídio de grande porte na nossa cidade por temor de receber familiares de presos vindos de outras cidades e de se formar ‘mais uma grande favela’ no município”. Além disso, argumenta que Marco Antônio Lage “fez preocupantes afirmações com relação à população preta e população pobre de Itabira, o que nos trouxe a necessidade de se conhecer os dados que, possivelmente, devem ter servido para subsidiar a narrativa do prefeito”.
Com isso, a vereadora “requer que sejam prestadas as informações solicitadas no prazo de 48h, para que possamos trabalhar políticas direcionadas a esse grupo e melhorar a condição e qualidade de vida dos nossos munícipes”.
“Também já vivi situação similar a essa e senti na pele o que é essa dor. E pior do que a dor de ter que se deslocar para fazer uma visita e se submeter a uma revista íntima, é a dor do preconceito. Estou fazendo esse requerimento porque acredito que o chefe do Executivo, quando ele traz, uma informação oficial, ela tem que ser pautada em dados reais, dados concretos”, afirmou Rose Félix em plenário.