Olimpíadas são fascinantes porque nos ensinam como deveríamos lidar com o esporte

Leia o novo texto do colunista esportivo Victor Eduardo

Olimpíadas são fascinantes porque nos ensinam como deveríamos lidar com o esporte
A medalhista de prata Rayssa Leal nas Olimpíadas de Tóquio 2020. Foto: Wander Roberto/COB

Na sexta-feira passada (23), iniciaram-se as Olimpíadas de Tóquio, inicialmente previstos para o ano passado, mas adiados por conta da pandemia. Neste ano, nem o coronavírus foi capaz de evitar o evento, realizado sem público e transmitido pela SKY Pós Pago. Uma decisão delicada, mas que precisaria de outro texto para ser debatida.

Hoje quero falar sobre como o principal evento esportivo do planeta nos ensina, de certa forma, a lidar com o esporte. O vasto cardápio oferecido durante o período dos jogos faz com que dediquemos nosso tempo a atividades esportivas nem tão prestigiadas em tempos normais. E isso faz toda a diferença.

Ao acompanharmos algumas modalidades sem as conhecermos profundamente, acabamos não levando tão a sério nosso próprio olhar sob aquele evento. Torcemos cegamente, criticamos a arbitragem, zicamos os concorrentes. Tudo isso sem saber todas as regras, a história dos demais esportistas e outros pormenores. Queremos apenas o ouro.

No último domingo (25), por exemplo, torcíamos pela caçula da delegação brasileira, Rayssa Leal. Com apenas 13 anos, a skatista transborda talento e carisma, atraindo, inevitavelmente, o carinho da torcida. Mas de repente nos vimos acusando a arbitragem de favorecer as concorrentes japonesas, ao darem notas tão altas às atletas asiáticas.

E a maioria de nós conhece os critérios utilizados para a definição dessas notas? Não! Porém, o simples fato de destoarem das avaliações recebidas por Rayssa criou essa ideia jocosa de favorecimento. Mas tudo feito de maneira muito leve, sem que fosse criada a hipótese de uma investigação sobre a “parcialidade” da arbitragem ou algo do tipo.

No surf, a rápida passagem de Gabriel Medina pelos jogos olímpicos de Tóquio também nos despertou diversas reações. Vibramos com a vitória sobre o francês Michel Bourez por 15,33 a 13,66 e brincamos com o “drama” vivido pelo surfista e a sua namorada, Yasmin Brunet, impedida de viajar ao Japão.

Claro que para Medina, Rayssa e outros atletas se trata de um momento importantíssimo. A carreira de cada um deles está em jogo nas Olimpíadas. Mas acompanhá-los de maneira mais descontraída não apaga o tamanho das Olimpíadas. Pelo contrário, nos ensina a tratar o esporte como ele sempre  deve ser tratado. Algo sério, emocionante e ao mesmo tempo divertido.

No futebol, especialmente, costumamos lidar com a tensão, a imposição desmedida, o destemperamento. É bom fugirmos um pouco desse clima. Já está tudo tão difícil, pouco mais de quinze dias de descontração não fazem mal a ninguém!

Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.

O conteúdo expresso é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato.

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