Profissionais de cidades mineradoras contam como embarcaram em outras áreas

Conversamos com a dupla Pedro Landi e Luiz Eugênio Guerra, o Genin

Profissionais de cidades mineradoras contam como embarcaram em outras áreas
Fotos: Marcelo Rosa / Arquivo pessoa
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Muitas coisas podem influenciar nossas escolhas profissionais. Alguns já tem em mente, desde cedo, qual caminho seguir. Outros se deixam guiar pelo retorno financeiro da atividade escolhida. A estabilidade profissional também é, certamente, um fator importante nestes momentos.

Porém, a vocação econômica do local em que o indivíduo está inserido também conta muito. Em cidades mineradores, especialmente, isso costuma fazer diferença. A vasta oferta de vagas relacionadas ao ramo nessas regiões e os salários robustos pagos a alguns cargos costumam ser um chamariz para alguns profissionais. Mas nem todos seguem essa lógica.

Segundo um levantamento feito pelo Tera e a Scoop&Co, com o apoio da Época Negócios, 70% dos participantes da pesquisa desejam uma carreira mais alinhada a seus interesses e propósitos de vida. Além disso, outros 63% já mudaram de áreas profissionais por algum motivo, mesmo que, para tal, tenham abdicado de um salário até maior.

Nesta matéria, contaremos a história de dois personagens, oriundos de cidades mineradores, que seguiram por outras vertentes. Pedro Landi, natural de Paracatu, constrói (sem trocadilhos) sua trajetória na engenharia civil, à frente da empresa Verbasco Construtora, enquanto o itabirano Luiz Eugênio Guerra se consolidou como artista plástico.

A mineração até chegou a cruzar o caminho dos dois em dado momento, mas o coração falou mais alto que a lógica.

Sonho e ilusão

Quem analisa a formação profissional de Luiz Eugênio Guerra, o Genin, nem imagina que hoje ele se dedica às artes plásticas. O itabirano cursou Engenharia Civil, com a ilusão de que teria uma vida confortável economicamente, mas logo a realidade bateu à porta.

“Não foi fácil arrumar um emprego de engenheiro, pois era uma época de recessão no Brasil. Quando consegui, o salário era péssimo e a decepção foi enorme ao me deparar com o exercício da profissão. Além de ter sido sacrificante para minha família (tinha uma filha recém-nascida), por eu trabalhar longe dela”, relembra.

Desta forma, a alternativa do artista plástico foi se aventurar em uma área para a qual já mostrava vocação desde a infância, ainda que o salário continuasse longe do ideal. “Desde pequeno já desenhava e nunca mais parei. Recebi um convite para trabalhar em um jornal, acabei aceitando e pedindo demissão da empresa de engenharia, mesmo ganhando um salário inferior”.

Hoje, mesmo com um ganho financeiro, teoricamente, inferior ao que teria conseguido na engenharia, Genin não se arrepende da escolha.

“O impacto da mudança foi super positivo. Aos poucos fui cavando o meu espaço como cartunista e artista plástico. Acho que estou mais feliz e realizado, mesmo tendo menos sucesso financeiro caso tivesse continuado na engenharia”, finaliza.

Da nutrição à engenharia

Se uma mudança pode ser desafiadora, duas mudanças profissionais tendem a ser ainda mais. Este foi o caso de Pedro Landi, proprietário da Verbasco Construtora. Natural de Paracatu, o empresário iniciou um curso de nutrição, mas não chegou a conclui-lo.

Posteriormente, chegou a estudar Ciências Biológicas, quando fez a graduação completa, mas a inquietude permaneceu. Pedro só foi se achar no ramo da Engenharia Civil, onde construiu carreira.

Sobre o fato de seguir ou não na carreira mineradora, o empresário diz que havia vários indícios para que esta fosse a escolha a ser feita, inclusive dentro da própria casa.

“Além de ser de uma cidade mineradora, meu pai é minerador. Então cresci nessa atmosfera. Além disso, acabei, ainda jovem, indo estudar em uma faculdade que se iniciou no berço da mineração e onde mais da metade de tudo que produz, em termos científicos e de mão de obra, é ligado à mineração. Então, devido a isso, várias vezes cheguei a pensar em fazer cursos mais diretamente ligados à mineração. Coincidência ou não, mais tarde, iria cair exatamente nesse mercado.”

No entanto, Pedro diz que nunca houve uma pressão externa para que investisse no ramo da mineração. Porém, isso não o impede de dar dicas a quem passa por situações desse tipo

“Na maioria da população brasileira, devido a situações como capacidade financeira, camada social e nível de escolaridade etc, os dilemas são outros ao se chegar na idade de trabalhar. Mas falando dessa pressão, quanto mais orientação, desde os primeiros anos, mais ciente desse equilíbrio entre felicidade e vida profissional a criança vai crescer”, conclui o empresário.