Brigadas Populares conseguem mudanças nas linhas de ônibus para o Pedreira

O transporte público segue como alvo de reclamações dos itabiranos — principalmente em relação ao valor das passagens e a necessidade de maior oferta de horários e ônibus para atender a população. Em busca dessas melhorias, o movimento social Brigadas Populares têm articulado reuniões e ações para pressionar a Transportes Cisne a promover melhorias no serviço em Itabira. No final de agosto, o grupo obteve uma vitória e conseguiu ampliar a oferta de linhas diretas para o bairro Pedreira do Instituto.

“Ficou decidido que o Regional que atende o bairro Pedreira somente vai passar nos três últimos horários da noite, todos outros [horários] foram substituídos por linhas diretas. Teve um aumento de seis horários saindo do bairro Praia para o Pedreira, sendo que essas novas linhas vão subir no alto do Barbacena”, informou Lucimar Gomes da Silva, integrante das Brigadas Populares.

Para conseguir promover essas mudanças nas rotas que atendem o bairro Pedreira, o movimento social precisou ameaçar a organização de um ato público em repúdio à qualidade do serviço de transporte coletivo, a ausência de diálogo por parte da Cisne e falta de resolução das demandas populares pela Prefeitura de Itabira.

“Já haviam sido feitas outras reuniões com a Transita [Superintendência de Transporte e Trânsito de Itabira] e as Brigadas Populares, uma delas em 14 de julho, apresentando nossas demandas, porém, pouco foi feito pelo poder público. Assim, decidimos mobilizar a população para um ato, o que foi feito através de reuniões, envio de mensagens nas redes sociais e panfletagens nos pontos de ônibus. Essa manifestação foi adiada após serem negociados avanços nas nossas exigências, que foram apresentadas em uma nova reunião no dia 23 de agosto”, relata Leonardo Ferreira Reis, membro das Brigadas Populares.

Apesar de ter conseguido alterações nas rotas de ônibus que atendem o bairro Pedreira, as Brigadas Populares segue pleiteando melhorias no transporte público. O grupo apresentou três exigências: aumento do número e regularidade de horário das linhas em direção aos bairros da periferia, que foram reduzidas durante a pandemia; mudanças na linha chamada de Regional, que circula por vários bairros, levando os usuários a gastarem até 2h dentro dos coletivos; e redução da tarifa, que hoje está em R$4,40.

Ausência do poder público

De acordo com representantes das Brigadas Populares, foi protocolado um ofício no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denunciando a precariedade do serviço prestado pela Cisne. Um cópia do documento também foi encaminhado para o gabinete dos 17 vereadores de Itabira. Porém, o grupo não obteve nenhum retorno — tanto do MPMG quanto da Câmara Municipal de Itabira.

Além disso,  diálogo com o Executivo Municipal também tem se mostrado limitado, o que tem dificultado na resolução das demandas.

“As conversas com a Prefeitura de Itabira tem se restringido às reuniões com a Transita. Fizemos questão que o secretário de Obras, Trânsito e Transporte [Maciel Paiva] estivesse presente na reunião de 23 de agosto, porém,  nem ele ou qualquer outro secretário que pudesse representar o prefeito [Marco Antônio Lage] nessas negociações compareceu ao encontro”, destaca Junio César dos Santos, integrante das Brigadas Populares.

Apesar da cobrança popular por melhorias, representantes da Cisne têm ignorado os pedidos de mudanças e alegado que, atualmente, não há necessidade de promover alterações tanto na oferta de linhas e ônibus quanto na tarifa praticada pela empresa.

“O representante da empresa Cisne alegou não haver demanda por novas linhas na cidade, questionando todas as cobranças apresentadas pela população, inclusive zombando da exigência por redução da tarifa. A empresa parece não querer diálogo com a população sobre a melhoria do serviço que presta aos itabiranos”, afirma Leonardo Reis.

Próximos passos

As Brigadas Populares pretendem seguir lutando pela melhoria do transporte público em Itabira. O grupo, agora, trabalha para que seja organizados comitês nos bairros da cidade para intensificar as cobranças.

“Em primeiro lugar, nossa luta não é somente pelo Pedreira, mas por toda Itabira, principalmente pelos bairros da periferia, que mais sofrem com o péssimo serviço da Cisne. Assim, tentaremos organizar reuniões em outros bairros para discutir esses problemas e formar comitês para reivindicar seus direitos”, detalha Lucimar Silva.

Outro ponto cobrado pelas Brigadas Populares são melhores condições de trabalho para os motoristas dos ônibus coletivos. De acordo com o grupo, a categoria está exposta ao risco de contaminação pela Covid-19, assim como tiveram salários reduzidos, mas sem redução na jornada diária.

“Recebemos relatos de trabalhadores da Cisne sobre as suas condições de trabalho, que durante a pandemia tiveram salários reduzidos, mas sem redução da jornada, que, ao contrário, se intensificou, pois passaram a atender toda a população em ônibus lotados e linhas com itinerários muito longos, se expondo à Covid-19. Existem casos de trabalhadores que morreram devido ao novo coronavírus, o que deveria ser considerado acidente de trabalho. Também temos relatos de motoristas que foram perseguidos por fazerem comentários mais críticos à empresa em grupos de WhatsApp. Assim, esperamos conseguir melhorar nosso diálogo com essa categoria para que unam forças com a população na luta pela melhoria do transporte público de Itabira”, conta Junio César.