“O que me preocupa é se os alunos da rede municipal terão professores”, diz Júlio do Combem
O vereador, que também é professor, comentou no plenário do Legislativo itabirano sobre a desvalorização do magistério
Durante a reunião da Câmara de Itabira, realizada na última terça-feira (5), o vereador José Júlio Rodrigues “do Combem” (PP) promoveu uma reflexão sobre a desvalorização dos professores da rede municipal de ensino. No entendimento do parlamentar, que também é professor, a defasagem salarial pode resultar em uma migração de profissionais do magistério do Município para a rede estadual — que, mesmo sem pagar o piso salarial nacional da categoria, já oferece melhores remunerações aos trabalhadores da Educação.
“Estamos falando da minha classe [professores], uma classe que sempre foi muito desvalorizada. O que me preocupa hoje não e o valor do piso, o que me preocupa é se os alunos da rede municipal terão professores porque do jeito que o cenário está indicando, se o Estado pagar o piso salarial vamos ter uma debandada muito grande de professores para a rede estadual. Isso é um problema”, destacou Júlio do Combem.
Ainda de acordo com o progressista, a Prefeitura de Itabira oferece, atualmente, o menor salário da região. Uma situação que ficou ainda mais complicada após o prefeito de Santa Maria de Itabira, Reinaldo das Dores Santos (PSD), anunciar que pagará o piso salarial aos professores — porém, essa decisão é referente a uma remuneração proporcional para uma jornada de 25 horas semanais..
“Nós já vivemos esse problema há algum tempo, onde professores que pegam contrato com o Município bem no início do ano e, quando chega em setembro, quando o Estado começa a ter uma série de licenças de profissionais, o professores contratados pelo Município deixam seus cargos e vão para o Estado, onde o salário já é melhor. Itabira, hoje, tem o pior salário da região e agora ficou menor ainda com a atitude do prefeito de Santa Maria. Então, hoje, a última opção que os profissionais procuram para trabalhar na educação é no Município de Itabira”, avaliou Júlio do Combem.
O vereador, ainda, destacou a importância de valorizar os profissionais do magistério para que o Município possa garantir uma educação de qualidade aos jovens itabiranos. “Nós temos uma população de 9 mil alunos, de 9 mil famílias, que merecem o nosso respeito e que merecem uma educação de qualidade. Então eu tenho muita preocupação porque essa é uma ação que tem que ser muito bem pensada e precisa de uma solução que não passa somente por pagar o piso [salarial] aos profissionais de Itabira. Passa também por dar continuidade para que nossos alunos tenham profissionais dentro da sala de aula”, finalizou Júlio do Combem.
Greve dos professores
A Prefeitura de Itabira e os trabalhadores municipais da Educação enfrentam um impasse quanto a remuneração da categoria. De um lado, o Executivo Municipal propõe um pagamento proporcional às horas trabalhadas; do outro, professores cobram o pagamento integral do piso salarial nacional para o magistério — estipulado em R$ 3.845,63 —, como determina a legislação brasileira.
Na terça-feira, a Prefeitura de Itabira anunciou que passará a remuneração dos professores municipais de R$ 2.313,72 para R$ 3.035,05 — apontando um reajuste de 31,17%. Essa conta leva em consideração a proporcionalidade para uma jornada de 30 horas trabalhadas.
Porém, conforme destacam os professores, o valor anunciado pelo Executivo inclui o pagamento de uma base salarial de R$ 2.884,01, que já é determinado por lei para profissionais com ensino médio, além da antecipação de um índice 5%, que é referente a um reajuste salarial de 2016 e que foi conquistado na justiça pelo Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos Municipais de Itabira (Sintespmi).
Dessa forma, os trabalhadores da Educação consideram que está sendo repassados para eles conquistas já asseguradas judicialmente. Assim, seguem exigindo o pagamento do piso nacional, estabelecido em R$ 3.845,63 para cargas horárias de até 40 horas semanais.
Após negociações frustradas, os professores da rede de ensino de Itabira aprovaram, em assembleia, ainda na noite de terça-feira, o estado de greve — com possibilidade de que as paralisações iniciem na próxima segunda-feira (11).
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