Os clubes brasileiros deveriam abandonar a Libertadores
Ninguém aguenta mais tantos casos de racismo no futebol sul-americano
Já virou rotina. Em mais um confronto entre Brasil e Argentina na Libertadores, presenciamos injúrias raciais contra torcedores brasileiros. Em um novo Corinthians e Boca Juniors, desta vez realizado em Buenos Aires, na noite de ontem (17).
Há algumas semanas, foram quatro casos na mesma rodada, em jogos do Flamengo, RB Bragantino, Palmeiras e o próprio Corinthians. Na maioria das vezes, o “modus operandi” é o mesmo. Sons e gestos imitando um macaco, como se nos vissem como primitivos.
Diante da apatia da Conmebol, das forças policiais e dos torcedores que presenciam as injúrias, os clubes brasileiros deveriam tomar uma posição radical: abandonar a Libertadores. Afinal, o principal torneio do continente precisa dos clubes tanto quanto eles precisam da competição.
Além do prejuízo financeiro e técnico, já que os três últimos campeões foram brasileiros, deixaria um recado. É inacreditável a bola continuar rolando como se isso fosse parte do jogo. Racismo não pode virar provocação.
Mas sei que este cenário é uma utopia. Embora sejam as vítimas em grande parte dos casos, os clubes brasileiros se limitam a notas de repúdio. Tratam de maneira protocolar a dor de quem faz tudo por eles.
Diante disso, fica difícil acreditar que algo vai mudar. Meu temor é começarmos a aceitar que o racismo é intrínseco à Libertadores.
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
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