Onda de furtos assusta moradores e empresários em Itabira
Os relatos datam de menos de um mês, mas nessa semana houve um grande aumento no número de casos de invasão e furto
A falta de segurança pública em Itabira vem causando medo nos moradores da cidade. Na última semana, uma onda de furtos a estabelecimentos comercias e residências deixou a situação ainda mais exposta. Uma série de publicações do momento dos crimes ganhou as redes sociais pois tem imagens que flagram o momento em que os suspeitos invadem os locais e saem, poucos minutos depois, carregando itens de valor.
Sobre os roubos a casas, há uma grande quantidade de pessoas que narram o furto de bicicletas e capacetes guardados nas garagens ou em áreas externas. Quando os suspeitos conseguem entrar nas residências, os proprietários notam gavetas e bolsas remexidas, além do sumiço de carteiras e celulares.
A influenciadora digital Mariza Frade, que mora no bairro 14 de Fevereiro, teve a casa invadida no começo da semana. “Meu filho foi sair para pedalar e notou o sumiço da bicicleta. Não temos câmeras de segurança em casa, então não registramos o furto. Na minha rua, outra pessoa também teve a bicicleta roubada. Além disso, quando postei nas redes sociais, várias seguidoras contaram ter passado por situação parecida”, explica.
Outras influenciadoras tem usado seus perfis em redes sociais para dar voz aos itabiranos. É possível ler alguns dos casos na galeria de fotos no final da matéria.
Muitos prejuízos
Os donos de comércios falam sobre a perda de itens como computadores, notebooks, televisores, entre outros. Eles também citam prejuízos como, portas arrombadas, tentativas de invasão pelo telhado e o fato do assaltante voltar ao mesmo estabelecimento para tentar assaltar vários dias seguidos.
Erick D’Angelo, sócio de uma clínica de estética, que fica no centro da cidade, conta que a loja foi invadida há cerca de um mês. Foi primeira vez que isso aconteceu. Durante o furto, o suspeito levou uma televisão, dois notebooks e um celular, além de causa danos na fechadura de entrada.
“Cheguei na clínica pela manhã e o roubo tinha acontecido perto das 4h. Quando falamos com a polícia, disseram que imaginavam quem tinha sido o ladrão e que iam verificar. Nunca mais tivemos nenhum retorno, suporte ou ajuda”, conta Erick.
Ele reforça que teve dificuldades em buscar ajuda junto à polícia e reclama na demora em ser atendido. “É um sentimento de invasão quando você acha sua empresa, que tanto luta para construir, sem materiais de trabalho que você pagou alto valor. E, pior, ao tentar contatar a polícia, liguei por várias vezes. Somente na quarta tentativa me atenderam. Se precisasse naquele momento, não teria nenhum tipo de socorro. E, no fim, fica um trauma. E uma esperança, com muita oração, de que não aconteça novamente”, desabafa.
Dois dias seguidos
Antônio Santos Júnior viu sua hamburgueria, no Centro, virar alvo duas vezes seguidas, na terça (19) e na quarta (20). “No primeiro levaram três celulares e dinheiro. No segundo dia, outro celular, uma smart TV e mais dinheiro. Essa não é a primeira vez, já que passamos por isto há cerca de três anos”, detalha.
O empresário frisa que a polícia atendeu prontamente, pegou as filmagens e disse que desconfia de quem é o assaltante. “Sentimos que estamos sem segurança. Ao colocar nas redes sociais, vários estabelecimentos confessaram que haviam passado por isto, principalmente na rua Água Santa, como as lojas de utensílios e decoração, barbearia e lojas de roupas”, revela.
Medo e insegurança
Na madrugada de quinta-feira (21), Priscilla de Caux, designer de ambientes, teve seu escritório, no bairro Pará, invadido e furtado. O assaltante levou uma televisão, revirou as gavetas e forçou a porta de vidro da entrada. “Tentei fazer boletim de ocorrência on-line e não consegui. Fui na delegacia, em posto policial e até no quartel da Polícia Militar, no bairro Fênix, e não pude fazer o registro no mesmo dia, porque o período de atendimento estava encerrado”, lembra.
Ela usou suas redes sociais para falar sobre o crime que sofreu e, então, recebeu uma ligação de outro comerciante alertando sobre uma possível volta do assaltante. Com medo, Priscilla contratou um segurança particular para passar a noite no escritório. “Por volta de 5h da manhã de hoje (22), o segurança ligou desesperado falando que o ladrão tentou entrar novamente, mas fugiu assustado quando o viu lá dentro”, narra.
A designer esteve na delegacia, ainda pela manhã, e fez o registro de ambas as ocorrências. Uma delas foi flagarada em vídeo, por câmera de um estabelecimento próximo de seu escritório. Para Priscilla, a situação é temerária e traumática.
“Nós estamos nos sentindo impotentes e abandonados, não só eu, mas os outros comerciantes afetados pelos furtos também. Muita gente respondeu minhas denúncias nas redes sociais, mostrando indignação e descrença no poder público. A gente sente que está desamparado, que não temos ajuda e nada vai se resolver. Estou me sentindo de mãos atadas, com medo e insegura, achando que a qualquer momento isso pode acontecer. É muito triste…” lamenta.
Segurança precária
O problema da segurança pública, em Itabira, vem se tornando cada vez mais latente. Vale lembrar que, nos últimos 15 dias, ao menos cinco tipos diferentes de crimes graves foram registrados na cidade, como: feminicídio, assassinatos, espancamento, linchamento e estupro de vulnerável.
A DeFato procurou pelo 26º Batalhão de Polícia Militar de Itabira para entender melhor o que está acontecendo na cidade, e ter acesso aos dados de furtos e assaltos praticados em Itabira. Porém, a assessoria de comunicação informou que “devido as restrições impostas pela Lei 9504/97 (eleições), não podemos fazer levantamentos de dados, ou tratar de dados estatísticos. Temos autorização somente para repasse de informações quando solicitado de ocorrências específicas”.