Diretoria da Unifei relata a vereadores dificuldade em desenvolver o campus em Itabira
Atrasos nos pagamentos às empresas responsáveis pela construção dos prédios, excesso de burocracia e dificuldade de diálogo com a Prefeitura são apontados como principais problemas
Assim como haviam prometido na última terça-feira (18), durante a reunião ordinária da Câmara Municipal de Itabira, quatro vereadores fiscalizaram nesta segunda-feira (24) as obras de construção dos novos prédios do campus local da Universidade Federal de Itajubá (Unifei). Luciano Gonçalves dos Reis “Sobrinho” (MDB), Neidson Dias Freitas (MDB), Rosilene Félix Guimarães (MDB) e Sindey Marques Vitalino Guimarães “do Salão” (PTB) foram recebidos por Gilberto Duarte Cuzzuol, diretor da universidade no município, e Fabiana Guedes, vice-diretora geral, que explicaram os projetos da instituição e mostraram o andamento da empreitada para expansão da faculdade.
A fiscalização acontece em um momento em que se questiona a demora para a conclusão de três novos prédios da Unifei Itabira. O empreendimento, que é uma parceria entre a Prefeitura Municipal de Itabira e a mineradora Vale, teve a sua ordem de serviço assinada em 2020, ainda na gestão Ronaldo Lage Magalhães. A empreitada terminaria em 2022, mas, devido aos constantes atrasos na execução do projeto, essa entrega não deve acontecer antes de fevereiro de 2024 — uma dilatação de quase dois anos da previsão inicial.
“Eles nos apresentaram algumas dores que eles possuem hoje em razão até do descaso, digamos assim, que a Prefeitura tem tratado o projeto Unifei como vetor importante para a diversificação econômica”, destaca Rose Félix. “Em relação a questão da construção dos prédios, nós chegamos a ouvir do diretor [Gilberto Cuzzuol] que a Unifei decidiu por hora investir em outros projetos nos prédios existentes porque já estavam um pouco desesperançosos com a construção desses prédios, tamanha é a demora em prosseguir por fatores que eles consideram pequenos”, continua.
“Nós podemos perceber um certo descontentamento da Unifei e também a ausência de comunicação da Prefeitura com a universidade. Para se ter uma ideia, o Carlos Eugênio [Fonseca Dutra], que era secretário de Desenvolvimento Econômico, nem chegou a conversar com eles. O último secretário de Desenvolvimento Econômico que conversou com a Unifei foi o Breno Pires. Então não parece que a Unifei está no radar da Prefeitura para que aconteça a diversificação econômica de Itabira”, aponta Rose Félix.
Problemas
Atrasos nos pagamentos às empresas responsáveis pela construção dos prédios, excesso de burocracia nos processos, dificuldade de diálogo entre Prefeitura de Itabira e Unifei e as trocas de comando de secretarias, como no caso do Desenvolvimento Econômico, são apontados pelos vereadores como os principais problemas para o desenvolvimento da universidade em Itabira.
“Na visita in loco, as empresas deixaram claro que estão com pagamentos atrasados há quase 90 dias e assim foi nos últimos dois anos das obras, com repasses atrasados e falta de sintonia da Secretaria de Obras. É muito preocupante a questão da Unifei”, comenta Neidson Freitas. “Mostrou que a substituição dos secretários tem trazido prejuízos para o andamento das obras e automaticamente para os itabiranos. Ficou demonstrado que a falta de conhecimento administrativo por parte do prefeito [Marco Antônio Lage] tem sido o maior responsável pelos atrasos das obras”, completa.
“Constatamos, realmente, que as obras estão com o calendário bastante diferente do que foi proposto no início do projeto, com atraso de mais de um ano. A Prefeitura de Itabira tem grande culpa por esse atraso. A troca de secretários e a demora para fazer o reequilíbrio financeiro [das planilhas de construção], além da mudança em parte do projeto original contribuíram muito com esse atraso. Outra questão importante é o atraso no pagamento para alguns prestadores de serviço”, afirma Luciano Sobrinho.
Para Rose Félix a nomeação de José Maciel Duarte de Paiva como secretário de Desenvolvimento Econômico pode representar uma ameaça ao projeto de Unifei, já que ele, tanto como secretário de Obras quanto como negociador com a Vale, pouco fez para solucionar os problemas. “Eu aponto mais um elemento muito grave que é a dificuldade que a Unifei pode encontrar com a nomeação do Maciel Paiva para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico porque enquanto ele esteve na Secretaria de Obras não deu atenção para a Unifei. Então, agora, na Secretaria de Desenvolvimento Econômico ele mudou o pensamento em relação à Unifei? Então me preocupa essa nomeação”.
Outro ponto levantado pelos vereadores é burocracia nas tomadas de decisões. “Segundo eles [Unifei] há uma grande demora da Prefeitura em tomar decisões, como no caso de uma fachada que eles demoraram um ano [para se decidir] e, assim, acontece a demora com relação a outras coisas: muita burocracia, muitas exigências de planilhas e coisas pequenas que a pessoa que operacionaliza a medição dentro da Prefeitura não consegue fazer de forma mais otimizada para que a obra aconteça e isso vai gerando os entraves”, observa Rose Félix.
O grupo de parlamentares relata, ainda, outras dificuldades enfrentadas pelo campus Itabira da Unifei. Entre elas está a necessidade de investir R$ 200 mil para colocar em operação um laboratório de materiais que conta com R$ 20 milhões em equipamentos — mas que está parado. “Nós estivemos com o diretor [Gilberto Cuzzuol] que fez uma apresentação com as previsões para a Unifei e ficamos bastante preocupados. Nós temos a Unifei com estruturas que estão pendentes devido a falta investimentos pequenos por parte do governo. Por causa de R$ 200 mil temos um laboratório com mais de 20 milhões em investimento parado. E outras estruturas que a Prefeitura poderia ajudar e não ajuda. Isso somente nos prédios que estão funcionando”, revela Neidson Freitas.
Próximos passos
Os vereadores pretendem continuar fiscalizando o projeto Unifei para buscar soluções para acelerar o seu andamento. Eles devem se reunir com a Vale para que a mineradora possa explicar o mecanismo de repasse dos recursos para as obras dos novos prédios — que é apontado como um dos principais fatores para os atrasos no empreendimento. “Vamos marcar uma reunião com a Vale sobre o que foi dito pelo secretário de Obras [Danilo Alvarenga] de que é a Vale que não tem feito os repasses”, disse Rose Félix.
Além disso, os parlamentares querem convidar Gilberto Cuzzuol para fazer uma apresentação na Câmara Municipal, assim como convocar uma audiência pública para debater o assunto de maneira ampla.
“Nós vamos ter que externar para a população itabirana essas dificuldades. Vamos convidar o diretor para fazer uma apresentação na Câmara e, em seguida, vamos propor uma audiência pública envolvendo todas as partes para deixarmos bem claro para a população itabirana o que está acontecendo com um dos maiores projetos para a diversificação econômica da cidade”, pondera Neidson Freitas.