Análise: como foi a temporada dos clubes brasileiros em 2022?

Confira um panorama sobre os 20 clubes da Série A e os recém chegados da Série B

Análise: como foi a temporada dos clubes brasileiros em 2022?
Imagem de arquivo do clássico de 2021. Foto: Reprodução / Twitter do Mineirão

Com um calendário mais apertado que o habitual devido à Copa do Mundo, chegou ao fim o Campeonato Brasileiro de 2022. Entre glórias e fracassos, acessos e rebaixamentos, é chegado o momento dos clubes analisarem o ano que se foi, e elaborarem o planejamento para 2023. 

Em Minas, climas opostos entre os rivais. O Cruzeiro retorna com moral à elite do futebol brasileiro e já dá seus primeiros passos para o próximo ano, que promete ser mais desafiador que em 2022. Já o Atlético, vive um mix de sensações: o amargo por não ter levantado grandes títulos, o alívio pela vaga na Libertadores e a ansiedade pela SAF e a tão sonhada Arena do Galo. Por fim, o América bate na trave pela vaga na Libertadores, mas se consolida na Série A e jogará pelo segundo ano consecutivo uma competição internacional. 

Confira a análise da DeFato sobre todos os 20 clubes da Série A e os 4 que subiram da B

Palmeiras: o clube a ser batido

Em mais um ano histórico, o Palmeiras segue empilhando taças e revelando grandes jóias. Os pilares desse grande trabalho são a estabilidade e poderio financeiro, o elenco qualificado, e a comissão técnica que faz um trabalho quase irretocável nestes 2 anos no Brasil. Pouco do que dizer, muito a valorizar. A torcida do Palmeiras tem motivos de sobra para comemorar em 2022. O 11º título do Brasileiro foi a cereja do bolo em uma temporada onde o Alviverde surgiu imponente nos gramados, tendo a melhor defesa, melhor ataque, mais pontos e vitórias. 

Inter e Fluminense: o quase também precisa ser valorizado 

Não é derrotismo ou glamourização do ‘‘quase’’, mas é preciso reconhecer as temporadas do 2º e 3º colocados do Brasileirão. Ainda que o Inter chegue ao seu 42º ano na fila do Brasileirão e o Fluminense tenha passado mais uma temporada sem um título de grande relevância, é necessário avaliar o 2022 desses dois clubes para além do jejum. É necessário também, reconhecer que ambos não eram postulantes ao título e estão bem atrás na disparidade financeira entre rivais como Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG. 

Internacional e Fluminense terminam a temporada com margem para crescimento, base de elenco consolidada para a fase de grupos da Libertadores e tendo apresentando bom futebol ao longo do ano. O Fluminense inclusive, chegou a jogar o futebol mais bonito do país, o bom trabalho de Felipe Diniz, a ‘‘ressurreição’’ de Paulo Henrique Ganso e o faro de gol de Germán Cano, foram os grandes trunfos. 

Corinthians: muita coisa a ser definida

‘‘Altos e baixos’’ poderia ser a frase correta para definir a temporada do Corinthians em 2022. Poderia, mas não seria o suficiente. Houve muita frustração ao longo do ano, com as eliminações, baixas na equipe, e o vice-campeonato na Copa do Brasil. Mas o cenário não é de terra arrasada e tão pouco desespero. Há bons valores no Corinthians, possibilidade de crescimento e necessidade de acelerar algumas definições. As mais importantes são: quem será o novo treinador? Yuri Alberto irá estender o vínculo? Olhos abertos para 2023, já é logo ali. 

Flamengo: cabeça já no Mundial de 2023

Com foco quase total nas Copas, o Flamengo deixou o Brasileiro de lado e não figurou na briga pelo título do Brasileiro. Não que precisasse também, já que alcançou o objetivo nas outras duas competições mata-mata. Para além dos títulos, ficam as boas surpresas com o surgimento das joias Victor Hugo e Matheus França, além da grande temporada de outro prata da casa: João Gomes. Foco pós Copa será o Mundial e a tentativa de seguir o embalo de campeão. 

Athlético Paranaense: cada vez maior

Vice-campeão da Libertadores e 6º colocado no Brasileirão. Uma temporada honrosa e com bons destaques ao clube paranaense, que antes da chegada de Felipão, teve outros dois treinadores na temporada. Felipão, que após o fim do Brasileiro, saiu da beirada das 4 linhas para trabalhar nos bastidores do futebol, foi o grande responsável por ‘‘salvar’’ a temporada do CAHP, junto do grande ano de David Terans e Victor Roque. 

Com a 6ª colocação, o Athlético irá direto para a fase de grupos da Liberta, e participará pela 9ª vez da competição, superando o Botafogo em número de edições, e o Vasco, em número de jogos. Mais um grande feito de um dos grandes expoentes do futebol brasileiro. 

Atlético-MG: a grande decepção 

Em 2022 o Atlético não lembrou nem de longe a máquina que foi ‘‘campeã de tudo’’ no ano anterior. Com o fracasso de Turco Mohammed e um segundo semestre desastroso, só restou ao clube mineiro contentar com uma vaga na Libertadores e se planejar para 2023. Chegadas e saídas devem acontecer para oxigenar o grupo, começando pelo técnico Cuca. Resta ao Atlético ser mais assertivo com seu orçamento multimilionário e não dar margem para erros, já que o ano que vem promete ser de grandes mudanças, com a possível chegada da SAF e a inauguração do tão sonhado estádio. 

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Vargas marcou o gol que confirmou a classificação atleticana à Libertadores. Foto: Pedro Souza/Atlético

Fortaleza e a jornada do herói 

Depois de fazer história na Libertadores e ir até as quartas de final na Copa do Brasil, o Leão teve de lutar muito para mudar sua história no Brasileiro. Foi de lanterna da competição no fim do 1º turno, para a 8ª posição e dono da última vaga na Libertadores. Uma história magnífica, que coroa o grande trabalho de Vojvoda, técnico que está na mira dos gigantes brasileiros. E para coroar ainda mais essa temporada, seu maior rival foi rebaixado para Série B. Nem os roteiristas mais inspirados seriam capazes de premeditar um script tão redentor como este. 

São Paulo: (mais) um ano para se esquecer

Uma temporada amarga, com direito à perda da final da Sulamericana e sem vaga para a Libertadores. De consolação, ficou com uma vaga para a competição do segundo escalão do continente. O São Paulo precisa urgentemente rever os seus passos, reorganizar-se internamente e politicamente, promover uma renovação do grupo, diminuir sua folha salarial e conquistar um título importante. Dá pra perceber o tamanho do desafio e da pressão em cima de Rogério Ceni? 

América-MG: poderia ser mais, mas já foi muito bom

Com o azar de ter um gol anulado aos 50 min da etapa final, o América se frustrou com a perda da vaga na Libertadores. Mas convenhamos: estabilizar-se na Série A, figurando na metade de cima da tabela e conseguir uma vaga para a Sul-Americana é um grande feito para os americanos e isso não pode ser minimizado. Olho em 2023.

Botafogo: objetivo inicial da SAF foi atingido

Em um ano de transformações e retorno à primeira divisão, o Botafogo viveu um campeonato sem muitas emoções (e isso já é um grande passo). Permaneceu na elite e conseguiu uma vaga na Sula, onde as exigências para 2023 tendem a ser maiores. O Fogão tem os grandes investimentos da SAF, e olhando para seus rivais, observa o retorno do Vasco, a boa temporada do Flu e o ‘’voo’’ do Flamengo em um seleto patamar nacional. 

Santos: mais do mesmo e alerta ligado

Mais do mesmo, apenas. Mais uma temporada como as outras recentes, onde os jovens salvam a pele do alvinegro praiano e, claro, as brigas políticas e a crise financeira (ainda que atenuada) dão as caras. Alerta ligado no Peixe, que terá uma mudança considerável em 2023: o mando de alguns jogos no Canindé, em São Paulo.

Goiás: obrigado, Tadeu e Pedro Raul!

Destaques do esmeraldino na competição, os dois nomes salvaram a pele do Goiás, que se manteve na série A em seu ano de retorno. Objetivo concluído. Isso basta.

Bragantino, Coritiba e Cuiabá

O RB teve sua pior temporada na Série A, culminando até na demissão de Barbieiri, após a sonora derrota de 6×0 para o Fortaleza. O técnico era o mais longevo em um clube brasileiro. Já Coritiba e Cuiabá terminam a competição cumprindo seus objetivos, permanecendo na elite e ficando nos lugares da tabela onde não levam a nenhuma competição. 

Ceará, Atlético-GO Avaí e Juventude: por fim, os quatro rebaixados da competição 

Ceará e Atlético Goianiense protagonizaram um descenso triste. O Vozão, que perdeu Dorival Jr para o Flamengo e os mandos de campo do Castelão por brigas de sua própria torcida, vai para a B e assistirá também o seu maior rival na pré-Libertadores. Já o Dragão, que quase foi para a final da Sul-Americana e parecia ensaiar um escape da degola, volta para o segundo escalão brasileiro. Os dois, pelo menos a princípio, parecem ser dois grandes candidatos ao acesso em 2023, principalmente por possuírem uma estrutura bem qualificada, além de torcidas apaixonadas. 

O Avaí, bom… O time ioiô retorna para a Série B com seu quinto descenso e se sagra o recordista em rebaixamentos da série A. O time catarinense vai junto com o Juventude, que fez uma pífia campanha, sem vencer nenhuma partida no returno e marcando apenas 22 pontos na tabela, com meras 3 vitórias. 

 

DESTAQUES DA SÉRIE A

Artilheiro: Germán Cano – 25 gols

Seleção (CBF): Weverton, Marcos Rocha, Gustavo Gomez, Murilo, Piquerez, André, João Gomes, Gustavo Scarpa, Arrascaeta, Germán Cano e Pedro Raul.

Melhor Jogador (CBF): Gustavo Scarpa

Revelação (CBF): Endrick 

Treinador: Abel Ferreira

 

QUEM SOBE DA SÉRIE B?

Cruzeiro, Grêmio, Bahia e Vasco estão de volta ao primeiro escalão do futebol brasileiro. Os campeões nacionais que protagonizaram a série B mais pesada de sua história, ascendem à Série A com SAF’s (exceto o Grêmio) e muita esperança em um futuro melhor. 

Cruzeiro

Com 3 anos de atraso e muito sofrimento, o clube mineiro extirpou todos os seus fantasmas e vive estado de graça por toda a temporada de 2022. Com a segunda maior média de público do país, programa de Sócio Torcedor em plena evolução, organização financeira (não confunda com dinheiro em caixa) e um excelente grupo técnico e gestor, o Cruzeiro retorna a série A com objetivos bem definidos. A obrigação é permanecer na Série A, e se possível for, com uma vaga para a Sul-Americana. Os torcedores mais otimistas/exigentes imaginam até um título estadual. Obrigações e aspirações simplórias e bem realistas, condizentes com a realidade atual de um gigante que ainda sofre muito para tentar voltar aos verdadeiros dias de glória, mas que precisa ter sua existência celebrada após sofrer tanto. 

Grêmio

Assim como olhar para o céu e ver um elefante voando, é impossível entender como o Grêmio foi rebaixado para a segunda divisão pela terceira vez. O clube tinha bom elenco, contas equilibradas e parecia que hora ou outra, ia conseguir escapar. Não escapou. A Série B veio, as dificuldades também, mas com o retorno de seu ídolo maior ao comando técnico, o Grêmio voltou aos eixos e conseguiu o acesso para a primeira divisão. Com um novo presidente em 2023, o Grêmio agora vai reorganizar a sua casa, estudando a renovação (ou não) de Renato Gaúcho, saídas no elenco, montagem de um novo departamento de futebol e contratações visando o mercado sulamericano. 

Bahia: alô Grupo City! 

Após conseguir o acesso e paralelamente encaminhar sua venda ao Grupo City, o Bahia anseia por dias melhores. Em 2022, o Esquadrão de Aço fez uma temporada de altos e baixos, com eliminação no estadual, queda precoce na Copa do Brasil e três treinadores na Série B. Na competição nacional o clube baiano fez valer sua força em seus domínios, triunfou e está na Série A, aguardando os aportes do grupo bilionário.  

Vasco: In 777 we trust!

Por último, mas não menos importante, temos o clube cruzmaltino, que agora possui grande parte do domínio do futebol nas mãos da 777 Partners. E é nesse grupo americano que o Vasco coloca as suas projeções, aguardando pelos investimentos milionários, possível reforma e ampliação de São Januário e um elenco minimamente qualificado. Mas para começar o planejamento, uma pergunta: quem será o técnico? 

 

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