Quarta Preta lança edital para artistas e empreendedores negros
Ação destinada à valorização, fortalecimento e democratização das artes e do empreendedorismo negro no Vale do Aço está recebendo propostas
O projeto Quarta Preta, realizado no Vale do Aço, publicou um chamamento para a sua primeira edição. O projeto é desenvolvido através das parcerias entre o Movimento Negro do Vale do Aço (@coletivonegrovda), Negrume Teatro (@ negrumeteatro) e o ECOAR – Espaço Cultural Oficio e Arte (@ecoarcultural).
A Quarta Preta foi idealizada objetivando fomentar a produção artística e incentivar a pesquisa de linguagens com estética afrodiaspórica; e de dramaturgias do som, da palavra e do corpo e do tempo, a partir da ancestralidade e da racialidade.
Tem por propósito resgatar um movimento de estudo, pesquisa e reflexão sobre o que a negritude artística do Vale do Aço – os veteranos, os jovens e os estudantes de teatro, dança, música e de outras encruzilhadas artísticas – vêm pesquisando e discutindo para as cenas negras.
Matí Lima, do ECOAr, afirma que “é um espaço para a prática da arte, para a reorganização e criação de vínculos entre diversos artistas. É um lugar para o pensar a arte negra contemporânea, lembrando que a mesma tem um passado e uma história. É uma oportunidade para reafirmarmos nosso lugar como potência. A arte negra no Vale do Aço acontece de forma espaçada, tem um trabalho ali, depois de um tempo outro acolá, e na maioria das vezes quando um corpo negro está em cena, este/a artista não está na cadeia geracional e no lugar de pretagonista do projeto. O Vale do Aço é uma regional nova, que ainda mantém um pensamento colonial. O corpo negro é o corpo “outro”, enquanto o corpo branco é universal e tem permissão para fazer tudo o que desejar e estar em todos os lugares, inclusive se apropriar das nossas subjetividades e de nossa cultura. A Quarta Preta veio para reunir vários tipos de artistas e de trabalhos para a cena e do empreendedorismo; o que consideramos ser um agrupamento, um quilombo artístico urbano”.
O Edital apresenta duas linhas de ações, uma voltada para atores, atrizes, performes, músicos e demais áreas para as cenas; e outra voltada para o empreendedorismo no campo da cultura, da arte, da culinária e das memórias. Poderão se inscrever artistas e empreendedores/as a partir dos 16 anos. As inscrições são gratuitas e encerram-se no dia 20 de fevereiro, às 23h59. Para acessar o Edital e o formulário de inscrição e seus anexos, basta clicar aqui.
Para Gustavo Nascimento, do Negrume Teatro, ter um espaço pra pensar o nosso fazer artístico “é um avanço no tempo em que vivemos! Não há nada de mais potente nas artes hoje-em-dia do que os movimentos de aquilombamentos das expressões artísticas negras ao redor do mundo. Nosso povo sempre precisou se ater ao passado, ou à urgência do presente, seja pela necessidade de ressignificar o agora, seja por sobrevivência, mesmo; pensar estética afrodiaspórica é pensar afrofuturismo, e, para nós, pessoas pretas, há algo mágico e religioso em confabular futuros”.
A Quarta Preta soma-se ao movimento nacional, pautado no trabalho iniciado em 1944 pelo TEN – Teatro Experimental do Negro/RJ; e que vem ocupando diversas cidades brasileiras através de uma releitura nominada: A Cena Tá Preta em Salvador/BA, Segunda Preta em Belo Horizonte/MG, Segundas Crespas em São Paulo/SP e Segunda Black no Rio de Janeiro/RJ.
Dani Adestino, do Coletivo Negro do Vale do Aço, pontua que “a Quarta Preta nasce do anseio de libertação das amarras coloniais que ao longo da história colocou nosso povo na margem da sociedade. Através desse evento, vamos estar celebrando nossas existências, potencializando o nosso fazer artístico e reconstruindo novas perspectivas sobre ele, como forma de combate ao racismo e também de promoção da nossa cultura e resgate da nossa ancestralidade, tudo isso em um espaço de aquilombamento, pautado sobre as perspectivas afrocentradas”.
Dúvidas, esclarecimentos e informações podem ser adquiridas no email [email protected].