Haaland parecia a peça que faltava ao City, mas o futebol não é tão simples
Clube inglês vive momento de instabilidade na temporada
Quando o Manchester City anunciou a contratação de Erling Haaland, em maio do ano passado, parecia o casamento perfeito. O time mais poderoso da Inglaterra tinha, agora, o centroavante mais promissor do planeta. Além disso, preenchia o vazio deixado pelo maior artilheiro e ídolo recente do clube, Sergio “Kun Agüero”.
Porém, as coisas não costumam ser tão simples no futebol. As mudanças revelaram novas questões a serem resolvidas por Pep Guardiola, que viu seu time, a nível de desempenho, entrar numa fase questionável como há muito não se via. Fase refletida no insosso empate desta quarta-feira (22), contra o RB Leipzig, pela Champions League.
Em Haaland, o técnico espanhol tem um centroavante com características diferentes das quais costuma trabalhar. Desde sua chegada à Inglaterra, em 2015, Guardiola sempre apostou em atacantes móveis e construtores. Talvez a principal referência para esta função nem seja Aguero, mas o brasileiro Gabriel Jesus, que passou a fazer o mesmo no Arsenal. Caso não contasse com a dupla, Pep improvisava outros jogadores que pudessem manter o sistema de jogo, como Foden ou Mahrez.
Com o norueguês, o City ganha um goleador nato, mas um jogador a menos para envolver o adversário no jogo de posse tão bem feito há anos. Ao saírem da referência, Jesus e Aguero criavam superioridade numérica e ajudavam a confundir a marcação adversária.
É preciso que o time entenda as novas mudanças, e isso leva tempo. Haaland dificilmente será o atacante que voltará próximo ao meio campo para desafogar uma marcação pressão do adversário. Mas ele pode oferecer, por exemplo, o pivô em uma ligação direta dos zagueiros. Não, não estamos falando do chutão aleatório. Mas do lançamento que não precise passar pelo meio campo.
Para além do funcionamento coletivo da equipe, outras ponderações devem ser feitas em relação à instabilidade do City. Embora tenha ganhado um craque no ataque, os “Sharks” perderam peças importantes do elenco. Zinchenko, dono de ótima temporada no líder Arsenal, Fernandinho, Sterling e o já citado Gabriel Jesus são perdas significativas.
Como reposições, chegaram, por exemplo, Philips (grande decepção até aqui) e Julian Alvarez. Dois atletas novos e talentosos, mas agora inseridos em um desafio completamente diferente dos anteriores em suas carreiras.
Por tudo isso, estamos vendo um City que continua muito poderoso e vencedor, mas que também soa mais burocrático e frágil se comparado a outros anos. Talvez esta seja uma temporada de transição tanto para o clube quanto para Erling Haaland.
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
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