Câmara de Itabira: Tãozinho sobe o tom com Rose Félix; Vetão e Heraldo batem boca
Debate sobre uma audiência pública sobre o transporte coletivo da cidade desencadeou duros embates no Legislativo
Em uma legislatura marcada pelos fortes embates entre vereadores, a reunião da Câmara de Itabira da última terça-feira (7) mostrou que o clima no Legislativo seguirá quente ao longo de 2023. Dois episódios traduzem isso muito bem: o descontentamento de Sebastião Ferreira Leite “Tãozinho” (Patriota) com uma fala de Rosilene Félix Guimarães (MDB) sobre os vereadores governistas; e a discussão, bastante acalorada, entre Heraldo Noronha Rodrigues (PTB) e Weverton Leandro Santos Andrade “Vetão” (PSB).
Ao defender um requerimento de sua autoria, que pedia uma audiência pública sobre o transporte municipal, Rose Félix disse que a base governista no Legislativo poderia votar contra o documento se assim fosse de interesse do prefeito Marco Antônio Lage (PSB). “Essa audiência pública, que eu espero que seja aprovada pelos senhores vereadores, a não ser que tenha havido por parte do prefeito uma ação para que os vereadores da base votem contrário a ela — para ele não ter que correr o risco de ter que agir contrário ao que o povo determinar”, afirmou a vereadora.
As declarações irritaram Tãozinho Leite, que disparou: “vossa excelência está trazendo um requerimento pra ser analisado aqui nesse plenário indiferentemente de vereadores da base ou não, correto? Você tem que pedir o voto de uma forma tranquila. Você está menosprezando os vereadores da base. Então faltou com o respeito. Quando vossa excelência for trazer um requerimento nesse plenário pra ser analisado, eu peço que tenha mais respeito com os demais vereadores”.
Sem perder a ironia — e tão pouco a compostura —, Rose Félix se direcionou ao: “quero pedir desculpas, eu não sabia que chamá-lo de vereador da base lhe ofendia, mas peço desculpas”.
Assim como previsto pela vereadora, a proposta de audiência público sobre o transporte municipal acabou sendo derrubada, já que recebeu dez votos contrários — todos eles de vereadores governistas — e apenas cinco favoráveis, todos eles do bloco de oposição ao governo Marco Antônio Lage.
Briga “presidencial”
Com bem menos classe, o ex-presidente da Câmara, Weverton Vetão, e o atual presidente do Legislativo, Heraldo Noronha, protagonizaram um bate-boca dos mais acalorados — com direitos a gritos, dedos em riste e microfones desligados.
Também durante o debate sobre a audiência pública do transporte municipal, Vetão cobrou que o projeto de lei que estabelece o subsídio para a passagem de ônibus fosse lido em plenário — para que possa ter a sua tramitação iniciada na Casa. Segundo o vereador governista, Heraldo Noronha é o responsável pela demora da análise e votação dessa matéria, já que não tem permitido que o texto seja pautado no Legislativo.
“Estão cobrando tanta transparência, mas tem duas semanas que esse projeto está aqui e a gente não teve acesso a ele. Nós queremos ter transparência sim, mas será que é quem que está faltando com a transparência? Será que é o governo municipal que já mandou [o projeto]?”, pontuou Vetão. “Não sou contrário a audiência pública. Eu sou contrário à procrastinação de um projeto de extrema importância, que está aqui em sistema de urgência urgentíssima e nem sequer foi lido [em plenário]”, continuou.
As declarações de Weverton Vetão incendiaram o plenário — e também o atual presidente do Legislativo. Com dedo em riste, Heraldo Noronha chegou a pedir que o microfone do ex-presidente da Câmara fosse desligado e também o acusou de votar “de cabresto” — expressão popular usada para indicar que um político toma uma decisão sob o comando de outra pessoa.
“Passa a mão no seu pescoço aí, porque aqui o presidente não tem cabresto não. Aqui, o presidente da Casa não tem cabresto não, tá? Quem manda nesta Casa é o presidente e ele não tem cabresto não”, respondeu Heraldo Noronha de maneira irônica.