Na Câmara, líder do movimento hip hop em Itabira questiona repressões policiais

Grupo defende que atividades são feitas de maneira legal

Na Câmara, líder do movimento hip hop em Itabira questiona repressões policiais
Foto: Victor Eduardo/DeFato Online
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Em tramite atualmente na Câmara Municipal, o projeto de lei (PL) 39/2023 tem causado intensos debates em Itabira. A proposta tem como foco combater o preconceito ao movimento hip hop no município e foi formulada pelo gabinete do vereador Roberto Fernandes Carlos de Araújo “Robertinho da Autoescola” (MDB). Nesta segunda-feira (5), membros do movimento compareceram à Casa do Legislativo para falar sobre o projeto e a realidade vivida por eles diariamente.

Uma das principais vozes do hip hop em Itabira, o jovem Felipe “Pi” foi quem falou aos vereadores e o público presente na Câmara. O produtor cultural garante que, mesmo obedecendo à lei durante as atividades realizadas pelo movimento, o grupo já recebeu repressões policiais.

“Eu sou um produtor cultural da cidade. A gente realiza diversos tipos de eventos descentralizados, e estamos há três meses produzindo uma Batalha da Fênix, que é um dos nossos braços na produção descentralizada. Sempre procuramos fazer tudo certinho desde o início, com alvará, comunicando todas as secretarias responsáveis. E na nossa segunda edição rolou uma incidência policial, estávamos com alvará em mãos, fazendo a passagem de som, era 18h45 e fomos restringidos de fazer naquele local. Estávamos com tudo regularizado, nem estava acontecendo o evento ainda. E isso desencadeou em mudarmos o lugar que estávamos fazendo (a batalha)”, comentou.

hip hop
Foto: Victor Eduardo/DeFato Online

O itabirano também mencionou a falta de espaço e valorização do movimento, alvo de denúncias que, segundo ele, são preconceituosas. “E a gente sabe que o hip hop, em si, e as culturas descentralizadas não tem espaço e valorização. É um movimento que fazemos de maneira voluntária, sem receber nada, já temos nossos gastos para realizar o movimento, fazendo ele com estrutura, dando premiação e incentivando os MCs. E sofremos com denúncias que são totalmente contra o que a gente prega, coisas preconceituosas, e isso é totalmente diferente do que temos como ideia e do que a gente passa ao nosso público”.

Felipe pontuou, ainda, que Robertinho da Autoescola foi o primeiro a se solidarizar com o grupo. “O Robertinho foi a primeira pessoa que viu esse problema acontecendo. E, por querermos fazer isso da maneira mais legal possível, ele nos trouxe aqui para termos realmente uma lei que nos assegura de não sofrer essas repressões”. 

Autor do projeto de lei, Robertinho pediu o apoio dos colegas para a aprovação, diminuindo, dessa forma, o preconceito da sociedade com o movimento hip hop.

“A gente vem colocar esse projeto (em pauta) justamente para quebrar essa mística do preconceito. Vemos que o hip hop é uma cultura, porém não é remunerada, não tem incentivo nenhum. E a gente vem trazer isso para utilizar o espaço público e não ser visto de maneira marginalizada. Conto com todos os vereadores para apoiarem e fazerem esse projeto real”.

Procurada pela reportagem da DeFato, a assessoria da Polícia Militar de Itabira afirmou estar impossibilitada de dar um retorno sobre as acusações nesta terça-feira. O espaço segue aberto para eventuais esclarecimentos.

Mudança

O Artigo 1º do texto original do PL 39/2023 previa a transformação do hip hop em patrimônio cultural imaterial de Itabira. Porém, à DeFato, o gabinete do vereador Robertinho da Autoescola afirmou que duas leis municipais já preveem esta medida. Desta forma, para evitar conflitos com as normas já vigentes, o artigo foi substituído.