“Sabemos que precisamos de trabalhar muito”, diz presidente do Metabase sobre dependência da mineração
O lançamento do livro “A concessão Itabira Iron – A origem da Vale e os primórdios da indústria da mineração no Brasil” reuniu prefeitos de cidades mineradoras e autoridades em Belo Horizonte para discutir o setor mineral
Nesta segunda-feira (19), a Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (AMIG) promoveu o lançamento da edição fac-símile do livro “A concessão Itabira Iron – A origem da Vale e os primórdios da indústria da mineração no Brasil”, na Academia Mineira de Letras, em Belo Horizonte. O prefeito de Itabira Marco Antônio Lage (PSB) esteve no evento e reforçou a preocupação da dependência socioeconômica do município com a mineração, cuja exploração pode se encerrar em 2041. O sentimento é compartilhado pelo presidente do Sindicato Metabase de Itabira e Região e membro do conselho da Vale, André Viana, que acredita que ainda há muito o que ser feito para mudar a matriz econômica da cidade.
Diversas autoridades estiveram no lançamento do livro, dentre elas o presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, Rodrigo de Castro (União-MG); o diretor-geral da Agência Nacional de Mineração, Mauro Henrique Moreira Sousa; o prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo (PV); o vice-prefeito de São Gonçalo do Rio Abaixo, Leandro de Castro Amora (PSB); o ex-deputado estadual de Minas Gerais, Bernardo Mucida (PSB); e o ex-vice-prefeito de Itabira Reginaldo Calixto (Novo).
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Na obra de 1934, relançada nesta segunda-feira, o autor Clodomiro de Oliveira conta a história da mineração em Itabira e como as decisões do Governo, à época, afetaram e ainda afetam o Brasil no que diz respeito aos impactos socioeconômicos causados pela mineração.
Durante o evento, Marco Antônio Lage se mostrou preocupado com o futuro da mineração em Itabira. “É um debate importantíssimo e super atual. Porque ele nos leva a fazer uma grande reflexão e tomadas de reflexão sobre os vários temas acerca do futuro das cidades mineradoras”, declarou. Ele também relatou que o município terá que enfrentar o “grande fantasma da exaustão mineral”.
Em 2022, a Vale anunciou que a vida útil das minas de Itabira foram prolongadas até 2041 — anteriormente esse prazo terminaria em 2031. “[A economia de Itabira] ainda depende 82% de uma única empresa, da mineração. Ou seja, a minerodependência mesmo 80 anos depois, uma vez que a Vale foi criada para explorar a grande mina de Itabira. Portanto, precisamos terminar em Itabira. Para a gente ter uma lição, como o museu do Holocausto, a gente tem que saber o que está acontecendo hoje, para a gente não desaprender”, disse o prefeito.
Marco Antônio Lage declarou, ainda, que o polo universitário é uma vertente econômica a ser adotada no município como alternativa de sobrevivência socioeconômica. “Itabira vai ser um grande polo de conhecimento, através das várias faculdades, universidades. Mas a Unifei também como grande suporte a essa indústria de tecnologia que nós precisamos de aquecer, fomentar em Itabira”, declarou.
O presidente do Sindicato Metabase, reforçou a importância da discussão promovida pela AMIG. “Sabemos que precisamos de trabalhar muito e o tempo que foi perdido é o nosso principal inimigo. […] Teremos a oportunidade de com esse trabalho endossar discussões ainda mais profundas em relação ao futuro da cidade que tanto depende da mineração”, declarou André Viana.
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Palavras atuais
No evento, foi reforçado que as palavras escritas por Clodomiro de Oliveira, em 1934, ainda seguem atual em 2023. “O livro ‘A concessão Itabira Iron’, escrito em 1934, pelo professor da Escola de Minas de Ouro Preto, Clodomiro de Oliveira, é um livro que poderia ser escrito hoje, pela sua atualidade, pelo resgate e afirmação de valores, que coloca o desenvolvimento do país, da nossa indústria, em detrimento do nosso empobrecimento”, declarou o presidente da AMIG e prefeito de Conceição do Mato Dentro, José Fernando Aparecido de Oliveira (MDB).
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O ex-vice-prefeito de Itabira na gestão Damon Lázaro de Sena (PV) e presidente do diretório municipal do partido Novo, Reginaldo Calixto, foi mais um a ressaltar a importância do debate. “Está sendo resgatado a origem e a história da mineração. E nada melhor do que conhecer essa história para entender melhor a atual conjuntura econômica e o futuro do setor mineral”, disse.