Em encontro com associações comerciais, conselheiros da Vale falam sobre tragédias, licenciamento ambiental e duplicação da BR-381

A reunião foi realizada na Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Serviços de Itabira (Acita)

Em encontro com associações comerciais, conselheiros da Vale falam sobre tragédias, licenciamento ambiental e duplicação da BR-381
Foto: Guilherme Guerra/DeFato
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Nesta terça-feira (20), o presidente do Conselho de Administração da Vale, Daniel André Stieler, e seu vice-presidente, Marcelo Gasparino da Silva, estiveram em Itabira reunidos com lideranças locais, presidentes das associações comerciais do Médio Piracicaba e alguns representantes da classe empresarial do município. Além de abordar assuntos como licenciamento ambiental, os aprendizados após as tragédias mineradoras e a duplicação da BR-381, também houveram discussões sobre dados e soluções para diversificação econômica de Itabira e região.

A reunião foi realizada na Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Serviços de Itabira (Acita), através do presidente do Sindicato Metabase e membro do Conselho de Administração da Vale, André Viana. 

O encontro começou com  Eugênio Muller, membro do Plano Regional de Desenvolvimento do Médio Piracicaba, apresentando diversos dados socioeconômicos sobre Itabira e os municípios da região. De acordo com os indicadores, as nove cidades que compõem a região, representam 1,45% da população do estado, 35,4% da produção da mineração em nível estadual e 22,5% da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) de Minas Gerais, que correspondem a R$700 milhões da compensação.

‘‘Então, se há uma geração de riqueza tão forte, deveríamos realmente ver acompanhado outros indicadores que pudessem ser tão pujantes  Nós temos 1,3% do Produto Interno Bruto de Minas Gerais, puxado pela mineração evidentemente […] Mas esses números tão exuberantes se contrastam. Nós temos uma geração de PIB fabulosa, uma geração de CFEM fantástica, mas ainda é uma população muito vulnerável à pobreza. Não estamos conseguindo transformar o recurso em prosperidade.’’

Eugênio também destacou sobre a importância da duplicação da BR-381 para o desenvolvimento e diversificação econômica de Itabira e região, além de apresentar aos conselheiros da Vale algumas possibilidades de negócios sustentáveis, como:

  • reaproveitamento de resíduos da mineração para produção de vidro, cerâmica e porcelanato;
  • aproveitamento de bioativos na confecção de cosméticos;
  • uso de tecnologias para reaproveitamento de outros materiais (pneus de veículos da mineração); 
  • fomento à economia digital no comércio;
  • fortalecimento das potencialidades locais, como o desenvolvimento do polo de saúde regional. 

Ao fim da apresentação, Eugênio também anunciou que o Plano está criando uma agência de desenvolvimento e inovação regional e convidou a Vale a ‘‘somar forças’, dizendo’: ‘‘Não estamos falando aqui de recurso financeiro, não é isso por agora. Falo da capacidade de articulação que a gente precisa.’’

Tragédias, licenciamento ambiental e duplicação da BR-381

Durante a sua fala, Daniel André Stieler e Marcelo Gasparino da Silva repercutiram os temas apresentados na apresentação anterior, comentaram sobre a importância de Itabira, da região e de Minas Gerais para a mineração e também destacaram tópicos como as tragédias ambientais de Brumadinho e Mariana.

‘‘A gente deu uns tropeços num passado recente, né?! A gente não pode ficar sempre voltando no passado, olhando para o retrovisor e se martirizando por conta disso. Mas que sirva de lição para que a gente não repita mais isso. Essas reflexões são constantes dentro do nosso ambiente de discussão’’, disse Daniel Stieler. 

Stieler disse que a empresa vem firmando compromissos ambientais para a redução da emissão de carbono e repensado ‘a forma de trabalhar o minério de ferro’. Ao falar sobre impacto econômico aos municípios, o presidente do Conselho também disse que a Vale não pode apenas realizar compensações como construção de hospitais, escolas, mas sim, auxiliar efetivamente na geração de emprego. 

Já o vice-presidente, Marcelo Gasparino disse que ‘‘é preciso separar a questão das tragédias’’ – que foram ‘‘duras lições’’ – do desenvolvimento econômico que a empresa propicia ou pode proporcionar. 

‘‘Os licenciamentos que estão, digamos, atrasados, poderiam receber apoio da comunidade, da sociedade e das lideranças políticas […] No meu ponto de vista, a prioridade de vocês é a duplicação, né?! Porque através dela muita coisa virá automaticamente. Sem ela, não há logística para escoar a produção […]Para nós, o fundamental é o licenciamento’’

Comunicação direta e olhar para fornecedores locais

Antes de abrir para as participações dos demais presentes, os conselheiros lembraram que não podiam firmar compromisso institucional, mas sim, compromisso pessoal com as questões levantadas. Nas demandas apresentadas, o empresário Pedro Fortunato e o provedor do Hospital Nossa Senhora das Dores, Márcio Labruna, sugeriram que fosse criado um canal de comunicação direto junto à Vale, para estreitamento das relações, com pessoas diretamente envolvidas com os temas discutidos, como saúde, educação e demais áreas. ‘‘A gente quer é ser ouvido, a gente quer ter um diálogo, uma ponte de comunicação’’, disse Labruna.

Além do canal de comunicação direto, empresários também abordaram sobre a falta de atenção para fornecedores locais, que não conseguem acessar a multinacional e consequentemente, ficam de fora do raio da empresa em diversos setores comerciais.

‘‘A Vale tem que gerar riqueza, mas tem que gerar conforto para a população local. Tem que gerar conforto pros acionistas, mas tem que ter um olhar para os fornecedores locais’’