Ex-funcionário da Itaurb afirma que Amilson Nunes tinha ciência dos possíveis atos corruptos na empresa
Samuel Ferreira promete apresentar documentos que rebatem a versão dada pelo diretor-presidente da empresa na reunião de ontem
Como detalhado por uma reportagem da DeFato publicada ontem (26), na reunião de comissões desta segunda-feira o diretor-presidente da Empresa de Desenvolvimento de Itabira (Itaurb), Amilson Nunes, precisou se explicar sobre duas acusações contra sua gestão. Uma delas diz respeito à emissão de notas em seu nome quando a Itaurb negociava contratos com a empresa “Chácara Imperial” – responsável por realizar plantio de mudas em pontos como a avenida das Rosas e a avenida Mauro Ribeiro. Já a outra situação se refere à “doação” de um espaço do próprio Amilson para um evento da Itaurb.
Ao se defender, o secretário se disse um iniciante no setor público e transferiu parte da culpa para três funcionários exonerados da empresa. Porém, um deles compareceu à Câmara nesta terça-feira (27) para rebater as alegações de Amilson Nunes.
Ex-gerente de coleta e transportes, Samuel Vitor Ferreira prometeu apresentar, na próxima segunda-feira (3), documentos reveladores sobre o caso. Hoje, em entrevista à imprensa presente na reunião ordinária, ele foi enfático ao confirmar que Amilson tinha ciência do problema das notas fiscais e orçamentos e outras possíveis práticas ilícitas, como o uso de carros particulares, sem contrato, para serviços gerais da empresa. Ele também garantiu não compactuar com os atos.
“O Amilson pode explicar melhor porque as notas vieram no nome dele, o que vamos trazer são os fatos que realmente aconteceram. E a gente deixou claro que não concordávamos com essas situações e por isso vamos esclarecer para a população”, disse.
Segundo Samuel, Amilson alegou “quebra de confiança” ao exonerá-lo do cargo. Questionado sobre qual foi a sua reação no momento do desligamento, o ex-funcionário da Itaurb disse até ter recebido a decisão de “bom grado”.
“Quando aceitei a proposta de trabalhar no Governo, deixei bem claro que trabalharia com transparência e honestidade, e não abriria mão disso. Depois dessas situações de quebra de confiança por causa dos carros sem contrato e das obras, aceitei até de bom grado (o exoneramento) porque não queria participar disso mais”, relembra.
A reportagem também questionou ao ex-gerente de coleta e transporte qual foi a postura imediata de Amilson quando soube das notas emitidas em seu nome. Em relação a isso, Samuel respondeu:
“Ele mesmo disse ontem que essas notas deveriam ser enviadas direto a ele. Isso aí são palavras dele, estou abrindo aspas para o que ele falou. Que quando chega uma nota errada o gerente deveria procurar ele para que ele tomasse a devida providência. Então ele tinha ciência, sim (das notas emitidas em seu nome)”.
Apesar de falar bastante sobre os dois casos citados acima, Samuel acredita ter sido exonerado devido a outra situação: uma obra realizada pela Itaurb na ETA Pureza. Segundo o ex-funcionário, o serviço foi feito sem licitação e pela empresa errada, já que deveria ser de responsabilidade do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae). “Sim, (a obra) seria do Saae, tanto que a gente não entende porque foi a Itaurb que fez”, alega.
Por fim, Samuel definiu sua relação com Amilson como respeitosa. “Sempre respeitosa, próxima também. Até então não tinha nada para reclamar dele, a não ser essa questão dos carros quando voltei de férias”.