Conheça a Frida: robô que atende vítimas de violência doméstica por WhatsApp chega a Itabira

Para acessar, basta mandar uma mensagem para o número (31) 99398-6100 por meio do WhatsApp ou escanear o QR Code disponibilizado

Conheça a Frida: robô que atende vítimas de violência doméstica por WhatsApp chega a Itabira
A violência doméstica pode ser física, simbólica ou patrimonial. Foto: Mariana Ribeiro/DeFato Online
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As mulheres itabiranas podem contar com uma nova ferramenta que as ampara em situações de violência. Desenvolvida pela escrivã da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) Ana Rosa Campos, a Frida é um botão virtual que atende mulheres vítimas de violência doméstica pelo WhatsApp e foi lançada hoje (24) em Itabira. 

A ideia é tornar o atendimento à vítima de violência mais acessível e rápido. Por meio do número (31) 99398-6100 ou de um QR Code, a Frida pode agendar horário na delegacia, programar a realização de corpo de delito e ainda oferecer informações sobre a Lei Maria da Penha e outras medidas necessárias no enfrentamento da violência doméstica. 

A escolha pelo aplicativo de mensagens foi uma tentativa de colocar a delegacia na palma da mão da mulher: “O WhatsApp é um dos aplicativos mais conhecidos do Brasil e do mundo. Hoje, qualquer pessoa sabe usar, seja uma pessoa com baixa escolaridade ou que tem uma formação acadêmica maior”, explica Ana Rosa Campos, criadora do projeto.

A inteligência artificial utiliza uma linguagem simples e pode receber até mesmo áudios. O delegado de Itabira Diogo Nuna Moureira apoia o Chame a Frida desde a sua idealização e explica que o aplicativo direciona a vítima ao atendimento pelo Cream para que sejam garantidos seus direitos socioassistenciais. Com um número de feminicídios que não chega a ser alarmante, Diogo aposta no Chame a Frida como medida preventiva para que a violência doméstica não chegue ao extermínio.

Além disso, pode encaminhar para outras redes, como a de saúde: “Às vezes, a mulher – ou até os filhos – está em uma situação que demanda atendimento psicológico, agendamento médico, isso tudo, hoje é feito na delegacia, e esse acolhimento é potencializado pela Frida”, conta Diogo. 

Maria da Conceição Leite Andrade “Lia” faz compõe o Conselho da Mulher e comenta a importância da ferramenta, principalmente para as mais atingidas – as mulheres da periferia: “É também uma ferramenta que vai nos ajudar na efetivação das políticas voltadas para a mulher”, comemora. 

Mesa de lançamento do atendimento virtual à mulher vítima de violência contou com apenas duas mulheres. Foto: Mariana Ribeiro/DeFato Online

Chame a Frida

A Frida nasceu durante a pandemia, quando Ana Rosa percebeu que as mulheres do seu município Manhuaçu deixaram de procurar a delegacia pelo contexto do isolamento. Então, a escrivã conversou com mulheres de diferentes escolaridades para saber como a robô poderia conversar da melhor forma com elas. A ideia se espalhou e já chegou a 52 municípios. 

A criadora do Chame a Frida, que não estava na mesa, recebeu um buquê de flores como homenagem. Foto: Mariana Ribeiro/ DeFato Online

O nome foi inspirado pelo quadro “Unos cuantos piquetitos”, criado por Frida Kahlo em 1935 para retratar uma situação de violência. No quadro, a pintora utiliza suas cores vibrantes para retratar o assassinato de uma mulher: ““A história que se diz é que a Frida se deparou com uma notícia num jornal de que um homem havia assassinado a esposa e que, ao ser interpelado pela polícia, ele teria respondido ‘foram apenas alguns golpezinhos’”, explica a criadora do Chame a Frida. 

Democratização

Apesar de largamente conhecido, o WhatsApp requer não só um aparelho de celular como o acesso a internet, recursos que muitas mulheres podem não acessar. 

A criadora do robô conta que, no contexto em que foi pensado, as mulheres da zona rural, por exemplo, conseguem ter acesso por meio da internet via rádio. Além disso, Ana Rosa sugere o uso de pacotes que permitem o acesso à internet mesmo sem sinal de dados móveis.

Quando à falta de um celular, a escrivã reconhece que é um problema: “É por isso que, para além da Frida, nós precisamos ter delegacias físicas para que as mulheres que não tenham internet consigam ir de forma presencial”, defende. 

O delegado Diogo sugere a utilização do serviço móvel do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). “A nossa proposta é trazer esse CRAS para junto da gente, para que a gente possa acolher essas denúncias. Porque, hoje, a distância que é potencializada tanto pela ausência de contato direto e imediato com os serviços tecnológicos, como telefone, dificulta sim”, reconhece. 

Estiveram presentes na mesa o delegado de Ipatinga Gilmaro Alves Ferreira, o prefeito Marco Antônio Lage (PSB), o presidente da câmara de vereadores Heraldo Noronha Rodrigues (PTB), o delegado de Itabira Diogo Nuna Moureira, o promotor de Itabira Jorge Vitor Cunha Barretto da Silva, o tenente Fábio Barcelos de Barros, a presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Patrícia de Freitas Vieira, a reitora Flávia Martins Guerra Pantuza, da Fundação Comunitária de Ensino Superior, e o gerente de Segurança da Vale, Alan Diego Cabral da Silva.