Morre Antônio Bispo dos Santos, líder da causa quilombola; ativista esteve em Itabira recentemente
Nêgo bispo se notabilizou como umas das principais vozes de defesa do movimento quilombola, e tornou-se referência na luta pelos direitos humanos e igualdade racial
Morreu na tarde deste domingo (3), aos 63 anos, o escritor, pensador, líder da causa quilombola e ativista do movimento negro, Antônio Bispo dos Santos. Nêgo Bispo, como era popularmente conhecido, faleceu em razão de uma parada cardiorrespiratória, no hospital da cidade de São João do Piauí, a 460 quilômetros de Teresina. Recentemente, ele esteve em Itabira participando da programação do !PULSA!, festival de arte que aconteceu na cidade durante o mês de setembro.
Piauiense, nasceu em 1959 no Vale do Rio Berlengas, e cresceu no quilombo Saco-Curtume, no município de São João do Piauí. Nêgo bispo se notabilizou como umas das principais vozes de defesa do movimento quilombola, e tornou-se referência na luta pelos direitos humanos e igualdade racial.
Antônio Bispo dos Santos foi autor de livros, artigos e poesias que são considerados fundamentais para a preservação da cultura e identidade quilombola. Foi professor convidado do Encontro de Saberes da Universidade de Brasília (UNB) e da Formação Transversal em Saberes Tradicionais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), além de também se aventurar na política.
O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, ex-governador do Piauí, disse em post no X, antigo Twitter, que o movimento quilombola, o Piauí e o Brasil perdeu “uma voz que ecoou em nossos corações e nos ensinou muito”.
Hoje o movimento Quilombola, o Piauí e o Brasil perdeu uma voz que ecoou em nossos corações e nos ensinou muito. Nêgo Bispo foi e sempre será um mestre que, como ninguém, falou sobre reparação histórica, respeito às lutas e sobre o direito de viver dignamente.
Vá em Paz Nêgo.— Wellington Dias (@wdiaspi) December 3, 2023
O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, também usou as redes sociais para lamentar a morte de Nêgo Bispo, a quem se referiu como um “importante pensador brasileiro e ativista quilombola”, e que deixará “um legado inesquecível para a cultura nacional”.
A ministra Anielle Franco, chefe da pasta da Igualdade Racial, também se manifestou. “Um dos maiores pensadores da nossa época ancestralizou. Nego Bispo fez a passagem e deixou aqui um legado enorme para o pensamento negro brasileiro. Um abraço a toda sua família e amigos”.