Itabira registra 845 casos de violência contra a mulher em 2023; média chega a 2,7 ocorrências por dia

O levantamento da Polícia Civil também aponta que mulheres pardas (433) e negras (165) são as maiores vítimas da violência na cidade

Itabira registra 845 casos de violência contra a mulher em 2023; média chega a 2,7 ocorrências por dia
Foto: Freepik
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A Polícia Civil divulgou nesta terça-feira (12), dados estatísticos referentes à violência doméstica e familiar contra a mulher. O levantamento foi elaborado pelo 12º Departamento de Polícia Civil de Ipatinga, apresentando uma comparação entre os anos de 2020 e 2023. Em Itabira – até o mês de novembro – foram registrados 845 casos, cinco a menos que em 2022, onde foram feitas 850 denúncias. 

Em 2021 haviam sido 952 ocorrências, além de outros 962 casos em 2020. Apesar da ligeira queda no período, os números seguem preocupantes, já que a cidade possui uma média diária de 2,7 denúncias.

Com uma população feminina estimada em 59.470 mulheres, Itabira atingiu uma taxa de 14,20 casos de violência. Na prática, isso significa que a cada mil mulheres, 14 delas sofrem algum tipo de violência doméstica e/ou familiar. No ano passado, esse número era de 14,29. Já em 2021 e 2020, a taxa era de 16,00 e 16,17, respectivamente. 

O levantamento da Polícia Civil também aponta que mulheres pardas (433) e negras (165) são as maiores vítimas da violência na cidade, onde grande maioria das agressões são cometidas por ex-cônjuges ou ex-companheiros. Já os meses de abril e outubro foram os mais violentos na cidade em 2023, com 88 casos registrados. Disparadamente, as principais queixas se dão por ameaças, totalizando 258 ocorrências, seguidos de 189 casos de lesão corporal. 

Confira os dados completos

Dados da Violência contra a Mulher em Itabira - 2023

O levantamento

O levantamento foi elaborado pelo 12º Departamento de Polícia Civil de Ipatinga nas três maiores cidades do Vale do Aço (Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo) e nas sedes das regionais: Itabira, Caratinga, Manhuaçu, Ponte Nova e João Monlevade. Além dos números absolutos, foram apresentadas taxas para cada grupo de mil mulheres e uma média diária. A maior taxa para cada grupo de mil mulheres, entre as cidades maiores, está em Ponte Nova, com 16,66.

Ipatinga

Ipatinga, que tem aproximadamente 119.272 mulheres, apresentou uma taxa de 13,7 em 2023, o que significa que treze mulheres sofreram algum tipo de violência doméstica e familiar a cada grupo de mil mulheres. O aspecto positivo é que a taxa, que era de 14,2 em 2022, reduziu para 13,7 em 2023, indicando uma ligeira queda. 

No entanto, os números ainda são preocupantes, visto que a média diária em 2023 é de 4,9 (cinco mulheres sofrem algum tipo de violência diariamente em Ipatinga). Apenas em Ipatinga, foram registrados 1.644 casos junto à Polícia Civil e Polícia Militar. O mês de outubro foi o mais violento, com 194 casos, enquanto junho foi o menos violento, com 96 casos. 

Os principais agressores continuam sendo o cônjuge ou companheiro, com 566 envolvidos, seguidos pelo ex-cônjuge ou ex-companheiro, com 458 envolvidos. A violência física lidera com 692 casos, enquanto a psicológica está logo atrás, com 600 casos.

Coronel Fabriciano

Na cidade vizinha de Coronel Fabriciano, a taxa para cada grupo de mil mulheres é de 11,7, com uma média diária de 2,3 mulheres agredidas. O mês mais violento foi março, e o menos violento foi novembro. A violência psicológica ultrapassou a física em 2023, com 257 casos em comparação com 246 casos da segunda. O aspecto positivo é que, assim como em Ipatinga, Cel. Fabriciano apresenta queda na taxa para cada grupo de mil mulheres, já que em 2022 a taxa era de 12,8.

Timóteo

No sentido oposto, Timóteo, apesar de ter uma taxa menor, com 10,9 para cada grupo de mil mulheres, foi a cidade que apresentou maior aumento em comparação com o ano de 2022, que era de 9,9. Assim, considerando que o mês de dezembro não está computado, essa taxa poderá aumentar ainda mais até o final do ano. Em Timóteo, assim como em Ipatinga, a violência física lidera a lista das violências, com 193 casos.

Para o chefe do 12º Departamento de Polícia de Ipatinga, Delegado Geral Gilmaro Alves Ferreira, é importante a divulgação dos dados, abrindo sempre a discussão sobre a diversidade e a violência no âmbito social.

‘‘Busca-se constantemente envolver a sociedade no combate a qualquer forma de violência doméstica e familiar contra a mulher, algo que a sociedade não pode tolerar, mesmo que de forma inconsciente. Precisamos apoiar e expandir as políticas públicas, programas e estratégias que promovam a igualdade de gênero nas normas, atitudes e, principalmente, nos comportamentos sociais’’, afirmou.