O desrespeito do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal em Itabira

O BB e a CEF não implementaram medidas práticas para manter um atendimento de qualidade para a clientela

O desrespeito do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal em Itabira
Foto: Gustavo Linhares/DeFato
O conteúdo continua após o anúncio


O bicentenário Banco do Brasil (BB) é um ícone da história do País. A instituição foi fundada em 12 de outubro de 1808, uma iniciativa do príncipe regente Dom João VI. Foi uma das primeiras medidas administrativas — tão logo a família real portuguesa desembarcou por essas bandas, em 22 de janeiro daquele ano. O brasileiro deve essa proeza a Napoleão Bonaparte. O imperador francês praticamente expulsou a corte lusitana da Europa. Já a Caixa Econômica Federal (CEF) é um pouco mais nova. A data de sua criação é 12 de janeiro de 1861, no reinado de Dom Pedro II. Essa breve história é apenas um gancho mental para o papo a seguir.

Fortes chuvas desabaram sobre Itabira nos últimos meses. O aguaceiro amplificou um problema causado por uma obra em um terreno ao lado da Caixa Econômica, que no serviço de desterro acabou causando sérios problemas estruturais em alguns imóveis do Centro Histórico. Consequência. Os clientes do Banco do Brasil e da própria Caixa Econômica pagaram o pato pelo mau humor de São Pedro — e também pelo empreendimento mal executado. Os prédios das duas entidades ficaram comprometidos e, por óbvio, foram interditados pela Defesa Civil. Até aí tudo bem. Esse órgão é responsável pela segurança dos cidadãos.

Passo seguinte. O BB e a CEF não implementaram medidas práticas para manter um atendimento de qualidade para a clientela. Pelo contrário. Os usuários das duas casas bancárias receberam o tratamento de uma laranja: suga- se intensamente o caldo e atira-se a mamucha na lata de lixo. A decisão das gerências foi extremamente desrespeitosa. O Banco do Brasil pisou na bola em janeiro. A Caixa repetiu a artimanha em fevereiro. Tudo aparentemente concatenado. Ambos usaram o mesmo modus operandis para se livrar dos “distintos correntistas”: a lei do menor esforço. Os funcionários das estatais fixaram um comunicado lacônico nas portarias das agências. O texto informava grosso modo o seguinte: “Ficaremos fechados por tempo indeterminado. Caso precisem de algum atendimento presencial, dirijam-se às cidades de Santa Maria de Itabira, João Monlevade, São Gonçalo do Rio Abaixo ou Nova Era”. E ponto final. Só faltou acrescentar: “se virem, vocês não são quadrados”. É um escárnio.

O desrespeito do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal em Itabira
Foto: Gustavo Linhares/DeFato

Os dois bancos pertencem ao estado nacional. Então, pelo menos teoricamente, são patrimônios do contribuinte. O fechamento da Caixa provocará uma situação caótica. Os terminais eletrônicos 24 horas de farmácias e supermercados formarão filas imensas, muito além do normal. As casas lotéricas terão superlotação. Os beneficiários dos auxílios sociais do Governo Federal ficarão num mato sem cachorro.

Mas, o que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica deveriam ter feito nessa situação emergencial? Elementar, meu caro Watson. A sugestão chega a ser ingênua. Arrume local adequado e instale um paliativo. A Caixa funcionou durante muito tempo na avenida Mauro Ribeiro. Na ocasião, o complexo da avenida Daniel Jardim de Grisolia passava por uma grande reforma. Na verdade, Itabira necessita de uma filial da CEF. Há demandas para isso. Essa iniciativa diminuiria o fluxo de veículos na região central, por exemplo. O Banco Itaú já se encontra estabelecido em dois pontos distintos: no centro e na área da Esplanada da Estação. Tudo muito simples. Como se vê, criatividade não combina com mediocridade, apesar da rima.

Fernando Silva é jornalista e escreve sobre política em DeFato Online.

O conteúdo expresso é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato.

MAIS NOTÍCIAS