Aquecimento dos oceanos está em níveis recordes há um ano

O calor oceânico global pode deixar furacões e outros eventos climáticos extremos mais intensos, incluindo ondas de calor escaldante e chuvas intensas

Aquecimento dos oceanos está em níveis recordes há um ano
Foto: Arquivo/Agência Brasil

Dados da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) e do Reanalyzer Climático da Universidade do Maine, indicam que as temperaturas globais da superfície dos oceanos começaram a bater recordes diários desde meados de março do ano passado. Os dados aumentam as preocupações com a vida marinha e o clima extremo em todo o planeta.

Joel Hirschi, Chefe de sistemas marinhos no Centro Nacional de Oceanografia do Reino Unido, disse que “em 2023, a temperatura do mar bateu recordes e o cenário se repete em 2024“. A temperatura média global dos oceanos em 2023 foi de 0,25 graus centígrados mais quente que no ano anterior, disse Gregory C. Johnson, oceanógrafo da NOAA, acrescentando que: “Esse aumento é o mesmo que duuas décadas de aquecimento num mesmo ano. O resultado é significativo e supreendente”.

Os cientistas afirmam que o calor dos oceanos está sendo sobrecarregado pelo aquecimento global e impulsionado pelo El Niño, fenômeno climático marcado por temperaturas acima da média. As consequências negativas estão principalmente na vida marinha e no clima global. O calor oceânico global pode deixar furacões e outros eventos climáticos extremos mais intensos, incluindo ondas de calor escaldante e chuvas intensas.

As altas temperaturas já estão afetando os corais. A Grande Barreira de Corais da Austrália está passando por sétimo evento de branqueamento em massa, segundo autoridades locais. O branqueamento ocorre quando quando os corais afetados pelo calor liberam algas que vivem em seus tecidos e fornecem fontes de alimentos. Se a temperatura dos oceanos permanecer alta por muito tempo, os corais podem morrer de fome. 

Dados da Coral Reef Watch, da NOAA, mostram que o problema vai além da Austrália e que o mundo pode enfrentar um quarto evento global de branqueamento em massa dos corais nos próximos meses. O calor do oceano pode deixar os furacões mais intensos, pois, quanto mais quente o oceano, mais energia para abastecer as tempestades, disse Karina Von Schuckmann, oceanógrafa da Mercator Ocean International, na França.

“As altas temperaturas no Atlântico Norte, área chave para formação dos furacões, têm registros quebrados por margens que são estatísticamente impossíveis”, disse Brian MCNoldy, pesqusador sênior da Universidade de Miami Rosenstiel School. Cerca de 90% do excesso do calor da queima de combustíveis fósseis é armazenado nos oceanos. O oceano é a sentinela do aquecimento global”.

O El Niño está enfraquecendo e deve se dissipar nos próximos meses, o que poderia nivelar as temperaturas recordes do oceano, especialmente se os efeitos de resfriamento do La Niña o substituíssem.