“O Princípe em Itabira”: Dirceu Lopes reencontra itabirano com quem jogou junto no Cruzeiro e declara amor ao clube

Durante sua passagem por Itabira, Dirceu Lopes reencontrou um amigo de longa data: Ildeu Ramos de Figueiredo, o “Ildeuzinho”

“O Princípe em Itabira”: Dirceu Lopes reencontra itabirano com quem jogou junto no Cruzeiro e declara amor ao clube
Foto: Guilherme Guerra/DeFato
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Com pouco mais de 1,60m, um sorriso muito simpático e vestindo uma camisa azul celeste com cinco estrelas bordadas no peito, figurava pelo auditório da Funcesi na noite da última sexta-feira (19), um dos maiores ídolos do futebol brasileiro. Dirceu Lopes Mendes esteve em Itabira para o lançamento da “Champions sub-17”, torneio de futebol regional – no qual ele é embaixador – iniciado neste final de semana. 

Durante sua passagem pela cidade, Dirceu Lopes reencontrou um amigo de longa data: Ildeu Ramos de Figueiredo, mais conhecido como “Ildeuzinho”, itabirano com passagens por Valério, Cruzeiro, Villa Nova-GO, São Cristóvão-RJ, Londrina e que esteve na mira de Grêmio e Vasco. A parceria entre os dois surgiu no Cruzeiro, em 1969, quando juntos jogaram o Campeonato Mineiro e a Copa Libertadores daquele ano. 

Pela similaridade física e habilidade, Ildeu era chamado de “Dirceuzinho”, atuando na mesma posição que o ídolo celeste. Apesar das oportunidades em sua carreira, o itabirano optou por “pendurar as chuteiras” aos 25 anos e retornar à cidade natal para se casar. Desde então, a dupla só mantinha contato por telefone: “Nós estávamos fazendo as contas aqui, há mais de 50 anos que o Ildeu esteve lá no Cruzeiro. Reencontrá-lo aqui em Itabira, depois de tanto tempo, é muito gratificante”, disse Dirceu Lopes em entrevista exclusiva à DeFato

“Não tenho nem palavras pra dizer. Você vê o que o esporte proporciona, né?! Há 54 anos que eu não encontrava com o Dirceu, e hoje estamos aqui em Itabira”, comentou Ildeu, que assim como Dirceu, foi homenageado no evento. 

Foto: Prefeitura de Itabira/Reprodução

Amor ao futebol e ao Cruzeiro

Nascido na pequena Pedro Leopoldo, Dirceu Lopes chegou ao Cruzeiro com apenas 16 anos, junto de craques como Natal, Piazza e Tostão. Desde seu início nos gramados, o jovem garoto negro ficou conhecido pela forma como controlava a bola, sua maestria e os dribles rápidos, que ajudaram a formar um dos times mais importantes da história do clube do Barro Preto – e do futebol brasileiro. 

A alcunha de “Príncipe” surgiu por comparação a outro mineiro: o soberano “Rei Pelé”, que era apaixonado pelo futebol do garoto. E foi justamente diante de Pelé que veio a primeira “página heróica e imortal” pelo Cruzeiro: a Taça Brasil de 1966, com direito a um suntuoso 6×2 para cima do Santos do Rei e companhia. Naquela partida, Dirceu teve uma atuação de gala, sofrendo um pênalti, dando uma assistência e marcando três vezes.

Com a camisa celeste, Dirceu conquistou inúmeros prêmios individuais, nove campeonatos estaduais, a Taça Brasil de 66 e a primeira Copa Libertadores da história do Cruzeiro, em 1976. Considerado o maior camisa 10 da história do clube, o “Príncipe” disputou 610 jogos e marcou 223 gols, entre 1964 a 1977, figurando no hall eterno dos ídolos azuis. 

Por todo carinho e respeito recebido pelos amantes de futebol – principalmente daqueles que sequer o viram jogar -, Dirceu agradece: “Foi através do Cruzeiro que eu consegui tudo aquilo que eu almejava na minha vida quando criança. Eu vim de uma família humilde, do qual eu vi o meu pai passando necessidade. Então, eu me apeguei ao futebol para poder dar um conforto à minha família. Eu sou muito grato a Deus por tudo aquilo que Ele me proporcionou”.

“Eu sempre digo que eu tive o privilégio de conhecer o mundo inteiro. Aquela conquista em 1966 perante o maior time do mundo na época, com o maior jogador de futebol, realmente transformou a vida do Cruzeiro, transformou a vida de todos nós jogadores. E ter essa felicidade tantos anos depois, de estar recebendo com todo esse carinho aqui em Itabira, é gratificante para mim”.

Na entrevista com a DeFato, o ex-atleta confessou que muitas vezes alguns fãs aproveitam para lhe dizer: “Você nasceu na época errada do futebol. Se você tivesse nascido agora, você estava rico”. A resposta, segundo Dirceu, é sempre a mesma: “Pra mim, essa etapa de vida é simplesmente perfeita. Através do futebol, eu consegui tudo aquilo que eu almejava para os meus pais e para a minha família. Sempre digo que eu não sou rico, eu sou milionário, porque recebi todo esse carinho, não só do torcedor do Cruzeiro, mas até dos torcedores de times rivais”. 

Foto: Guilherme Guerra/DeFato

Como o senhor enxerga o atual momento do Cruzeiro?

“É com tristeza”. Assim, Dirceu iniciou a sua resposta, relembrando o duro período que o clube viveu nas temporadas de rebaixamento e tormento na série B. “Felizmente, hoje o Cruzeiro está na primeira divisão, ainda faz parte da classe A do futebol brasileiro”, seguiu dizendo, frisando que mantém a esperança em dias melhores e torcendo “para que o Cruzeiro volte novamente a dar aquelas alegrias de sempre”.

De 10 para 10: Dirceu deixa recado para Matheus Pereira após o jogador abrir o jogo sobre seu passado

Em uma carta aberta publicada através do portal “The Players Tribune” um dia antes da vinda de Dirceu Lopes à Itabira, o atual camisa 10 do Cruzeiro, Matheus Pereira, abriu desabafou sobre sua luta contra a depressão, pensamentos suicidas e desafios relacionados ao uso de drogas. Ainda durante o bate-papo com a DeFato, o maior camisa 10 da história do clube celeste, deixou um recado para o atual responsável pela farda.

“Tenho que parabenizar [o Matheus Pereira] pela iniciativa que ele teve. Eu tenho comigo que, um jogador de futebol, um artista… ele tem uma responsabilidade muito grande. Eu tive o privilégio de ter como maior ídolo do futebol, o Rei Pelé. Sempre que me espelhei nele, nos seus bons exemplos, e consegui ser tudo aquilo que eu almejei quando criança. Parabenizo o Matheus pelo relato e que ele realmente faça jus ao carinho que o torcedor do Cruzeiro tem para com ele”, disse o Príncipe.