Megafusão da Anglo American com a BHP Group não preocupa CEO da Vale
CEO disse que não pretende entrar em disputa com a BHP
Na recente conferência de resultados da Vale (VALE), o principal assunto em discussão não foi, como era de se esperar, o balanço do primeiro trimestre de 2024 da mineradora, mas sim a possiblidade da megafusão entre o BHP Group e a Anglo American, o negócio do ano no setor de mineração e siderurgia.
A proposta da megafusão não amedronta o CEO da mineradora Vale, Eduardo Bartolomeo, que tentou apaziguar as preocupações do mercado durante a teleconferência.
“Ainda estamos digerindo o que está acontecendo. A gente não vê nenhum impacto no negócio do Minas-Rio, que está sendo feito pela Anglo e será respeitado por quem vier depois, se vier depois”.
Bartolomeo se referiu à aquisição feita pela Vale, em fevereiro, de 15% da subsidiária da Anglo American no Brasil, que detém o complexo Minas-Rio e os recursos da Vale da Serra da Serpentina.
Bartolomeo não crê em impacto significativos nessa negociação na estratégia e mentalidade da empresa.
“Acreditamos que a Vale tem uma posição singular no setor da indústria. Temos uma plataforma de crescimento de minério de milhões de toneladas de produto de alta qualidade com baixo custo, e nenhum outro ativo pode ser tão atraente quanto a gente nesse sentido”.
A analistas, o CEO disse que não pretende entrar em disputa com a BHP para abocanhar parte dos ativos da Anglo.
Para ele, os ativos da Anglo despertam interesse, mas assegura que tem melhores opções dentro de casa, e mais baratas.
“Claro que buscamos oportunidades, mas isso não muda de forma alguma o nosso foco estratégico de executar a revisão de ativos e a transformação de metais básicos, já que existe muito valor a ser extraído ali”.
Na teleconferência, o questionamento sobre os dividendos extraordinários também foi foco de conversas.
“Apesar da recente melhora das condições de mercado, o pagamento de proventos extras em 2024 dependerá de uma série de fatores e é precoce apontar aumentos de dividendos em potencial neste momento, mas avaliaremos no decorrer do ano”.
Outra questão debatida na reunião dos executivos da Vale foi o desempenho no segmento de metais básicos, em especial o cobre e o níquel.
Mark Cutifani, ex-CEO da Anglo American e atual presidente do conselho de administração do negócio de metais básicos da Vale, “o cobre está performando muito bem e acima das expectativas, enquanto o desempenho do níquel se encontra abaixo do esperado”.
“Temos um mercado muito positivo no minério de ferro e do cobre. O níquel tem seus desafios, mas os projetos estão dentro do prazo e orçamento e a gente vai conseguir entregar. Em junho, teremos mais informações sobre a revisão de ativos”.
Na opinião de analistas do Santander, os resultados mais fracos apresentados pela Vale em março foram pressionados por preços realizados mais baixos e vendas sazonalmente mais baixas.
A queda de 33% no preço do níquel no ano foi um dos destaques negativos da mineradora no trimestre, além de efeitos negativos de redução de estoques e outros custos relacionados à paralização das operações de Onça Puma.
Na avaliação do BTG Pactual, ainda existem dificuldades para a Vale, como a falta de previsão sobre o valor total das provisões, principalmente relacionadas à Samarco; com os custos do minério na China elevados em cerca de US$ 58 por tonelada e fraco desempenho operacional da unidade de metais básicos por conta do níquel.
“Apesar disso, a empresa conseguiu entregar uma geração de fluxo de caixa livre (FCF) bastante decente no trimestre e os volumes de minério de ferro estão na máxima de vários trimestres”.
“Preferimos esperar por mais visibilidade sobre questões principais, como sucessão do CEO e provisões, e ainda acreditamos que dividendos extraordinários são improváveis este ano”.